65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 3. Genética Humana e Médica
ESTUDO FAMILIAL EM UMA AMOSTRA DE ALCOOLISTAS DA CIDADE DE MANAUS-AMAZONAS
Andreza Rodrigues de Araújo - Acadêmica de Medicina. Bolsista PAIC/FAPEAM. Universidade do Estado do Amazonas.
Lucivana Prata de Souza - Orientadora. Laboratório de Genética Humana. Universidade do Estado do Amazonas.
Victor Barbosa Hortêncio - Acadêmico de Medicina. Universidade do Estado do Amazonas.
Max Lucas Martins Rodrigues - Acadêmico de Medicina. Universidade do Estado do Amazonas.
INTRODUÇÃO:
O alcoolismo é um sério problema de saúde pública que atinge todas as classes indistintamente e tem como fatores essenciais a hereditariedade e os meios familiar e social (JORGE et al, 2007). Vários estudos em famílias vêm provando a associação familiar do alcoolismo, encontrando aumento de três a quatro vezes na sua prevalência em parentes de primeiro grau de alcoolista, indicando, portanto uma predisposição genética (MERIKANGAS et al, 1990). Os estudos relacionados a pessoas adotadas, também demonstrou essa herdabilidade (BAU, 2002). O alcoolismo é uma doença multifatorial, pois o efeito genético é proveniente de vários genes atuando em conjunto para a produção de uma situação de predisposição que, em conjunto com a ação ambiental, produzem um fenótipo final (MESSAS, 1999). Em vista disso o presente estudo justifica-se pela necessidade de uma abordagem científica para conhecer as relações genéticas/familiares quanto ao consumo abusivo do álcool em uma amostra de alcoolistas na cidade de Manaus. É indispensável o desenvolvimento de estudos relacionados aos fatores de agregação familiar do alcoolismo, para a obtenção de dados que possam contribuir com o conhecimento e melhorar a busca de assistência, tratamento e medidas de prevenção aos problemas relacionados ao seu consumo.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar a história familial de uma amostra de alcoolistas participantes de Grupos Alcoólicos Anônimos (AA) na cidade de Manaus, verificando-se a agregação familiar para o referido problema de saúde.
MÉTODOS:
A presente pesquisa trata-se de um estudo qualitativo envolvendo dados obtidos através de entrevista com participantes dos Alcoólicos Anônimos (AA) na cidade de Manaus no ano de 2012. Foram selecionados os indivíduos que apresentaram pelo menos um dos critérios utilizados por Nunes et al. (1999), os quais são divididos em nove itens onde abordam os hábitos de bebidas para poder uma pessoa ser considerada alcoolista. Todos os participantes da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para a pesquisa, foi aplicado aos participantes um questionário para o conhecimento da agregação familiar para o alcoolismo. Foram feitas três tipos de análises: 1) histórico familiar positivo para o alcoolismo, onde foi analisado se os parentes (primeiro e/ou segundo grau) dos entrevistados apresentam histórico para o alcoolismo; 2) linearidade da dependência do álcool, onde analisou-se a dependência do álcool nos pais do entrevistado; 3) classificação multigeracional do histórico do alcoolismo, onde os participantes foram classificados de acordo com Köche et al (2006). Os dados obtidos foram analisados estatisticamente através de uma frequência simples.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram entrevistadas 85 pessoas em 23 grupos de AA. Na análise do histórico familiar positivo para alcoolismo observou-se porcentagem de 94,11%. Na lineralidade da dependência do álcool obteve-se uma porcentagem de 87,06%. Na classificação multigeracional, 6% estão na classe 1 (somente o entrevistado tem problema com álcool), 29% na classe 2 (o entrevistado e pelo menos um parente de primeiro grau tem problema com álcool), 60% na classe 3 (o entrevistado e pelo menos um parente de primeiro grau alcoolista e também pelo menos um parente de segundo alcoolista) e 5% na classe 4 (o entrevistado e também um parente de segundo grau tem o alcoolismo). Os dados obtidos no presente estudo comprovam a agregação familiar do alcoolismo, determinada por uma forte influência hereditária. Estudos envolvendo pais alcoolistas mostraram que seus filhos tem uma maior predisposição em desenvolver a doença do que a população em geral (MERIKANGAS, 1990). JERONYMO & CARVALHO (2005) descrevem que essa predisposição aumenta quando se tem pais alcoolistas, reforçando os 87,06% observados na análise da lineralidade. BAU (2002) afirma que filhos de pais alcoolistas adotados por pessoas sem problema com álcool, apresentaram um índice maior de desenvolver alcoolismo, reforçando a agregação familiar.
CONCLUSÕES:
Os resultados obtidos indicam que há uma agregação familiar do alcoolismo, pois foi identificado nas gerações familiares parentes dos entrevistados com o histórico do alcoolismo, encontrando tanto parentes de primeiro grau quanto parentes de segundo grau com dependência com o álcool, reforçando, assim, a hereditariedade do alcoolismo, a qual influencia a predisposição se houver algum familiar com essa doença. Devem-se fazer ações voltadas para essas pessoas que possuem fator genético para o alcoolismo, visando a uma diminuição desse problema que atinge a população em geral. A partir dos dados obtidos verifica-se a necessidade da análise dos genes envolvidos no alcoolismo, para melhor elucidação genética do problema.
Palavras-chave: Alcoolismo, Genética do alcoolismo, Agregação familiar do alcoolismo.