65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social
O COMPROMISSO E A VULNERABILIDADE SOCIAL DO ADOLESCENTE DO MEIO RURAL DE DIVINO-MG
Sirlon Martins da Silva - Graduando de Psicologia – FAMINAS de Muriaé – MG
Neander de Almeida Barbosa - Graduando de Psicologia – FAMINAS de Muriaé – MG
Mateus Souza da Silva - Graduando de Psicologia – FAMINAS de Muriaé – MG
Ívila Rúbia Campos Braga - Graduando de Psicologia – FAMINAS de Muriaé – MG
Débora Badaró Nogueira - Graduando de Psicologia – FAMINAS de Muriaé – MG
Vitória Schettini Fernanda Andrade - Profa. Dra./Orientatora – Curso de Psicologia - FAMINAS de Muriaé – MG
INTRODUÇÃO:
A adolescência é um período do desenvolvimento humano de desconstrução e reconstrução da própria identidade, da forma de ver o mundo. Sendo uma fase muito conflituosa, é temática de várias pesquisas no campo da Psicologia, voltadas para investigação de aspectos como o uso de drogas, a criminalidade, a sexualidade e a gravidez. A literatura produzida sobre o assunto retrata predominantemente situações urbanistas, dando um caráter universal a este momento tão singular, visto então como uma fórmula aplicável em qualquer pessoa que esteja passando por esse período. Por meio de pesquisa de campo, entrevistamos adolescentes da zona rural de Divino-MG. Os entrevistados encontram-se na faixa etária de 14 a 17 anos e são de ambos os sexos. São protagonistas de ações sociais, mas também vulneráveis socialmente. Por questões éticas e de proteção à liberdade de expressão dos entrevistados, preservaremos a identidade dos mesmos, com nomes fictícios.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Conhecer especificidades comportamentais dos adolescentes do meio rural do município de Divino-MG. Entender a atuação protagonista deste adolescente em seu meio social e sua vulnerabilidade social.
MÉTODOS:
Em um primeiro momento, foi estabelecido um contato, através de formulário com questões objetivas e subjetivas, com 190 adolescentes estudantes do Ensino Médio. São estudantes de escola pública, residentes em zona rural, que se deslocam diariamente para estudar na zona urbana do município de Divino. Após uma cuidadosa análise dos formulários, 20 manifestaram o desejo de serem ouvidos de forma mais intensa. As audições foram realizadas individualmente, no ambiente escolar destes adolescentes, mas em espaço privado, com gravação apenas de áudio. Para a audição utilizamos entrevista semi-estruturada, dando aos questionamentos um enfoque relacionado ao convívio social e a entretenimento vivenciados por estes adolescentes no meio rural. As gravações foram transcritas, recebendo o caráter de discurso. Por meio da análise deste discurso foi possível alcançar os objetivos deste trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
No meio rural o adolescente assume com intensidade o papel social, protagonizando ações religiosas e até mesmo políticas: “Participo do grupo de jovens da igreja, de encontros de fé e política. A gente vê os problemas sociais, vê como está nossa fé e nosso comportamento em relação a isso”(Ana,16). “Sempre participo de reuniões políticas da comunidade.” (Pedro, 16). A sensação de onipotência típica da adolescência e a carência de entretenimento deixam o adolescente rural socialmente vulnerável: “Meu pai tem uma moto, eu já ando. À noite vou para um bar perto da minha casa. A gente fica jogando sinuca, bebe um pouco. No sábado vou pra cidade com meu primo de moto, ele tem 16 anos”(João,14). “Meu pai tem um Fiat que eu dirijo.”(Pedro, 16). “Nunca tive contato com drogas mas se fosse o caso de eu querer, sei conseguir maconha, em qualquer quantidade. Tenho amigo que usa, eles traficam, roubam, mas nunca mexeram comigo, me tratam bem, vou na casa deles, em churrasco, não tenho nada contra eles não”(João,14). “conheço várias pessoas que usam e conheço várias drogas também. Com certeza eu conseguiria.”(Camila, 14). Há violação do Estatuto da Criança e do Adolescente em vários pontos e a formação de identidade fica vulnerável, sobretudo aos riscos de drogas.
CONCLUSÕES:
O adolescente do meio rural é um cidadão em formação, que busca conhecer e participar da sua comunidade ativamente. Ele se posiciona, questiona sua ação e a dos outros, busca a conquista de um espaço, protagonizando esta busca. No entanto, embora seja um espaço propício para formação de bons cidadãos, o campo também expõe os adolescentes aos riscos de drogas ilícitas, além de deixá-los vulneráveis, tanto moral como fisicamente. É necessária intervenção sistemática na questão. Preocupa-nos a exposição deste adolescente ao mundo das drogas e o seu posicionamento diante a legislação do país: eles assumem a direção de veículos automotores sem idade, sem habilitação e com o aval dos pais; além de estarem expostos a jogos de azar e consumo de bebidas alcoólicas. Torna-se necessário uma intervenção neste quadro, para não gerarmos, em nossas sociedades, adultos inconsequentes e irresponsáveis.
Palavras-chave: Protagonismo, Drogas, Comportamento.