65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 1. Físico-Química
ESTUDO DA ESTABILIDADE DE EXTRATOS DE PLECTRANTHUS BARBATUS EM DIFERENTES SOLVENTES ORGÂNICOS
Vania Regina Gabbi Polli - Profª. Dra./Orientadora - Dpto. Física - CCNE - UFSM
Zilda Baratto Vendrame - Profª. Dra. - Departamento Didático - UNIPAMPA - Caçapava do Sul
Marcos Antonio Villetti - Prof. Dr. - Dpto. Física - CCNE - UFSM
Marianna Padoin de Santana - Curso de Engenharia Química -CT- UFSM
Ana Zanatta - Curso de Química Bacharelado- CCNE - UFSM
INTRODUÇÃO:
O gênero Plectranthus (Coleus) pertence à família Labiatae, envolve cerca de 300 espécies, com ocorrência natural na África, Ásia e Austrália. Plectranthus barbatus (boldo) é uma erva ou subarbusto com folhas pecioladas, elípticas e aveludadas, popularmente conhecida como malva santa, boldo nacional ou falso boldo. É amplamente cultivado no Brasil e utilizado tanto na medicina popular como na forma de medicamentos fitoterápicos, pelas propriedades analgésicas e anti-dispépticas a ele atribuídas. Muitas plantas medicinais são usadas na forma de chá (infusão) que é a bebida mais consumida em todo o mundo. Por outro lado, há constatação de efeitos tóxicos sobre o fígado e rins de animais tratados pelo extrato metanólico das raízes e aquoso das folhas do boldo, deixando clara a necessidade do uso racional da espécie. A radiação solar UV tem sido apontada como causadora de câncer, devido aos danos que causa em proteínas e DNA como alvo primário. Com o objetivo de reduzir o efeito da radiação UV, diversas moléculas naturais e sintéticas têm sido utilizadas como filtro contra esta radiação. O interesse pelo estudo da espécie Plectranthus barbatus se deve ao seu potencial para atuar como filtro solar em formulações farmacêuticas para uso tópico, visando reduzir os efeitos deletérios da radiação ultravioleta.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo do presente estudo foi obter extratos a partir do Plectranthus barbatusem diferentes solventes orgânicos e estudar a estabilidade fotoquímica destes extratos frente a radiação UV-C, através do cálculo da constante cinética de degradação e do tempo de meia vida.
MÉTODOS:
Todos os solventes (acetato de etila, acetona, clorofórmio, etanol e n-hexano) usados foram de grau analítico. Preparação do extrato bruto: as folhas de boldo, foram sempre obtidas da mesma origem (Dona Francisca- RS) após lavadas e secas em estufa a 50 °C até peso constante, foram trituradas e armazenadas em ambiente seco, ao abrigo de luz. O extrato foi obtido em um extrator sohxlet a partir de 5,0 g de folha seca com 130 mL do solvente orgânico, deixado em refluxo por aproximadamente 8 horas. Os extratos foram armazenados em vidro âmbar e em geladeira. Degradação fotolítitca: o extrato bruto foi diluído na proporção de 1:10 v/v no solvente orgânico usado como extrator. Foi feita a fotólise do extrato diluído na ausência e na presença de H2O2 (30 mmol/L). As amostras foram submetidas a radiação UV-C (lâmpada Philiphs com 15 W e 200 – 290 nm). A seguir foram feitas medidas da intensidade de emissão, com excitação em 382 nm das amostras irradiadas em diferentes tempos, em intervalo de tempos pré determinados em um espectrofotômetro de fluorescência Cary Eclips da Varian. Todas as medidas foram feitas em triplicata (n=3) na temperatura de 20 °C. A análise estatística foi feita empregando o método ANOVA One-Way com p ≤ 0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os dados da fotodecomposiçao do extrato obedecem a cinética de primeira ordem. Foram feitos cálculos cinéticos usando os dados dos espectros de emissão no comprimento de onda de 673 nm, obtendo-se então as constantes cinéticas de degradação fotolítica (k) do extrato de boldo nos diferentes solventes para os dois casos (extrato diluído e na presença peróxido). Observa-se que os extratos obtidos por diferentes solventes se comportam de maneira diferente frente a radiação UV-C, sendo que se destaca como extrato com maior estabilidade o obtido usando n-hexano como extrator e o clorofórmio como sendo o menos estável, com k de 0,0075 e 0,26 1/min, respectivamente, com os tempos de meia vida de 93,07 e 2,68 min. Os valores obtidos para as constantes cinéticas (k), com a adição de um redutor (H2O2) aumentam até 3 vezes se comparadas com a fotólise do extrato puro, além disso, o uso dos solventes clorofórmio e acetato de etila, aceleram o processo de degradação fotolítica. Os compostos fenólicos, constituintes do extrato de boldo, que absorvem na região UV, são capazes de agir como filtro, protegendo assim os tecidos subjacentes dos danos fotossintéticos. A atividade antioxidante do extrato de boldo foi comprovada pela adição de H2O2
CONCLUSÕES:
Considerando que substâncias naturais podem ser responsáveis pelo efeito de proteção contra o risco de muitos processos patológicos, os resultados descritos neste trabalho mostram que os extratos de boldo em solventes orgânicos possuem estabilidade diferente em função do solvente usado e que a decomposição fotolítica dos extratos, separadamente, pode ser acelerada pela presença de um agente redutor no meio.
Palavras-chave: Plectranthus barbatus, Extração, Constantes cinéticas.