65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
A influência do território nos cuidados com a saúde das pessoas com deficiência identificadas pela atenção básica no Cabo de Santo Agostinho.
Shorea Salmanzadeh Ardestani - Terapeuta Ocupacional Núcleo de Apoio à Saúde da Família - NASF
Maria da Soledade Rolim do Nascimento - Fonoaudióloga Nasf. Doutoranda do programa Posneuro - UFPE
INTRODUÇÃO:
A deficiência é conceituada como uma perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, de condição temporária ou permanente. De acordo com a PNAB (Política Nacional de Atenção Básica), a atenção básica deve se constituir como porta de entrada preferencial do sistema único de saúde (SUS), apoiando a estruturação dos sistemas locais de saúde. Sendo a integralidade um princípio do SUS, o conhecimento do território no qual o usuário deste sistema está inserido é importante para o planejamento e execução de ações de prevenção, promoção e acompanhamento à saúde.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho objetiva analisar a influência do território na acessibilidade geográfica e na adoção e manutenção de cuidados com a saúde em pessoas com deficiências, identificadas pela atenção básica no município do Cabo de Santo Agostinho – Pernambuco
MÉTODOS:
Foram analisados 281 protocolos de identificação de deficiências, protocolos estes elaborados, catalogados e disponibilizados pela Regional I da secretaria municipal de saúde do município do Cabo de Santo Agostinho. A coleta dos dados já havia ocorrido previamente no período de Janeiro a Março de 2012, cabendo aos autores desta pesquisa a análise dos dados secundários. Trata-se de um estudo observacional, descritivo e transversal. Foram averiguadas as seguintes variáveis: sexo, idade, tipos de deficiência e local de residência dos usuários. A regional I de saúde do município abrange dez bairros cobertos pela atenção básica, portanto, o local de residência dos usuários foi analisado dentro deste contexto. Para a análise do local residência do usuário foi utilizada a ferramenta Google Maps®, observando-se a configuração geográfica do território através das fotografias por satélite disponibilizadas no aplicativo. Os dados foram demonstrados através de medidas da estatística descritiva, tais como distribuição de frequência.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Da amostra de 281 protocolos, 54.44% identificaram deficiência física (DF), 12.45% deficiência visual (DV), 8.18% deficiência auditiva (DA) e 24.91% duas ou mais deficiências associadas. Quanto ao sexo, 54.1% eram mulheres e 45.9%, homens. O Acidente Vascular Encefálico (AVE) foi apontado como a causa principal de DF em 51.62% das pessoas. O glaucoma e o diabetes mellitus ocasionaram mais da metade dos casos de deficiência visual. A meningite foi a principal etiologia em 52% dos sujeitos com DA. Através do aplicativo Google Maps®, constatou-se que dos dez bairros, dois são de topografia plana e os oito restantes localizam-se em altos, com acessos através de ladeiras e escadarias. Os dois bairros de topografia plana são os que possuem proximidade com os três principais equipamentos de saúde de média e alta complexidade do município (Hospitais Infantil e Municipal, Centro de saúde – policlínica). Castro et al (2008) realizaram um levantamento da prevalência das deficiências física, visual e auditiva em São Paulo, neste trabalho a deficiência visual foi a mais frequente, ocorrendo principalmente em mulheres. Em nosso estudo, a deficiência física foi a mais prevalente, no entanto nosso contingente de mulheres identificado com algum tipo de deficiência foi superior aos homens.
CONCLUSÕES:
A universalidade do cuidado com a saúde do usuário deve estar associada à acessibilidade geográfica à rede de serviços, ou seja, distância, tempo de locomoção e meios de transporte devem ser fatores considerados na implantação e localização dos estabelecimentos de saúde. Os três tipos de deficiências identificadas através dos protocolos (física, auditiva e visual) impactam negativamente na mobilidade dos indivíduos nestas condições. A pessoa com deficiência possui múltiplas demandas, que requerem, muitas vezes, a integração dos três níveis de atenção: atenção básica, média complexidade e alta complexidade. Desta forma, os dados deste estudo indicam que a população do município do Cabo de Santo Agostinho, identificada com algum tipo de deficiência, apresenta dificuldades de acesso geográfico aos principais equipamentos de saúde na média e alta complexidade.
Palavras-chave: Pessoa com deficiência, Acesso geográfico, Rede de saúde.