65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 6. Geoquímica
DEPOSIÇÃO GEOQUÍMICA EM AMBIENTES EVAPORÍTICOS – ESTUDO DE CASO EM SALINAS SOLARES
Tarcísio Garcia dos Santos Júnior - Graduando do Curso de Geografia / Depto. de Geografia- UFRN- Campus Caicó
Alyson Batista de Araújo - Graduando do Curso de Geografia / Depto. de Geografia- UFRN- Campus Caicó
David Hélio Miranda de Medeiros - Graduado do Curso de Geografia / Depto. de Geografia- UFRN- Campus Caicó
Silvana Barbosa de Azevedo - Profa. M.Sc. / Depto. De Geografia- UFRN- Campus de Caicó
Diógenes Félix da Silva Costa - Prof. Dr. / Orientador - Depto. de Geografia- UFRN- Campus de Caicó
Renato de Medeiros Rocha - Prof. Dr. / Orientador - Depto. de Geografia- UFRN- Campus de Caicó
INTRODUÇÃO:
As salinas têm sido utilizadas pelo homem há milênios, constituindo ecossistemas artificiais de supramaré explorados para a extração de sal marinho, sendo compostos por uma série de tanques rasos e interconectados, nos quais a água do mar/estuário é captada e transferida de um tanque para outro por gravidade ou por bombeamento. A produção do sal nestes ambientes se dá a partir da saturação progressiva dos sais por evaporação. Estes ecossistemas oferecem uma gama de ambientes com diferentes níveis de salinidade, a partir da água do mar (35 gL-1) até a saturação de cloreto de sódio (250 gL-1). Com evaporação e o consequente aumento de salinidade, parte da salmoura é bombeada ou transferida por gravidade para o tanque (evaporador) seguinte, de modo que a salinidade em cada evaporador é mantida dentro de limites estreitos, essencialmente constante. As maiores salinas brasileiros estão localizadas no costa semiárida do país, mais precisamente no litoral setentrional do estado do Rio Grande do Norte, nas áreas de antigas planícies hipersalinas. As salinas situadas neste trecho da costa brasileira produzem 97% de sal marinho produzido no país e exportado, influenciando diretamente as economias locais e regionais através da criação de empregos e pagamentos de impostos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Esta pesquisa teve como objetivo realizar a identificação e descrição do processo de deposição e formação de sais em ambientes evaporíticos artificiais (salinas solares) no Estado do Rio Grande do Norte (maior produtor nacional).
MÉTODOS:
A primeira etapa da pesquisa consistiu na realização de um levantamento bibliográfico, seguida de levantamentos de campo nas salinas. Foram realizadas visitas técnicas in loco em 10 salinas mecanizadas do Rio Grande do Norte, com o intuito de identificar: 1) minerais precipitados e 2) tipo de extração, beneficiamento, estocagem e transporte, nas quais foi imprescindível o uso de uma máquina fotográfica digital. O georreferenciameto dos pontos foi realizado com o auxílio de um aparelho receptor de sinais GPS (Global Positioning System) em código C.A., marca Garmin, tipo Etrex Legend, de 12 canais. Por sua vez, a identificação externa dos evaporítos seu deu com base na análise no Laboratório de Ecologia do Semiárido (UFRN – Campus de Caicó), com o auxílio de um esteoreomicroscópio e consulta a bibliografia especializada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Verificou-se que a precipitação de sais nas salinas incluiu os compostos menos solúveis na base para o mais solúvel na parte superior da sequência, na seguinte ordem: carbonatos (CaCO3), gipsita (CaSO4), halita (NaCl), sais de potássio - silvinita (sistema NaCl-KCl), e magnésio - biscofita (MgCl2.6H2O), também sendo considerada a presença de outros compostos, de acordo com variações físicas e químicas da solução salina durante as várias fases de evaporação. Embora tanto o pH e os teores de Ca+ apresentam grandes variações, verificou-se que os valores do primeiro parâmetro estão correlacionados com os teores de cálcio no ambiente. No caso específico do cálcio, este elemento primeiramente se associa aos carbonatos (CaCO3), precipitando-se já em salinidades em torno de 50 a 80 g.L-1. Em seguida, este elemento passa a associar aos sulfatos (CaSO4), vindo a precipitar-se gradativamente ao longo dos evaporadores da salina, até atingir seu máximo de precipitação entre 150 e 160 g.L-1. As maiores quantidades de cristais de NaCl (halita) são formadas quando a concentração total da salinidade atingiu um valor acima de 240 gL-1. Depois que a maior parte do NaCl é precipitada (83%) para o fundo das salinas, a salmoura concentrada remanescente ("água mãe") contém principalmente Mg2+, K+, Cl- e SO42-.
CONCLUSÕES:
A variação e sequência de deposição evaporítica nas salinas é claramente explicada quanto analisada à luz conceito de precipação fracionada dos sais da água do mar. Nesta análise, verifica-se a relação direta entre a elevação da saturação de sais na salmoura, onde os diferentes sais formados apresentam limites diferentes de dissolução no ambiente, vindo a precipitar-se quando atingem saturações máximas. Verificou-se que as oscilações nos valores do pH refletiram as precipitações relacionadas com os íons de cálcio associados aos carbonatos e aos sulfatos. É necessário frisar que a maior parte das salinas foram implantadas efetivamente nas áreas onde ocorria naturalmente o processo de formação natural de deposição e cristalização de sais de origem marinha (majoritariamente o cloreto de sódio - NaCl), caracterizando essas planícies hipersalinas como ambientes evaporíticos naturais. A análise desse processo de deposição nas salinas vem a colaborar com o momento em que a indústria salineira do Rio Grande do Norte vem passando por um processo gradativo de modernização, que exige um produto cada vez mais competitivo no mercado nacional e internacional, principalmente voltado para a obtenção de um maior grau de pureza e qualidade do sal marinho produzido.
Palavras-chave: produção de sal, zonas úmidas, geoquímica.