65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
TRABALHANDO O ENSINO-APRENDIZAGEM COM CONCEPÇÕES ALTERNATIVAS EM CIÊNCIAS NATURAIS DE UMA ESCOLA PÚBLICA
Odilon Campelo de Alencar Filho - Licenciando em Ciências da Natureza – UFPI
Márcio Mendes da Cunha - Licenciando em Ciências da Natureza – UFPI
Gilvan Rodrigues Pimentel - Licenciando em Ciências da Natureza – UFPI
Maria de Nazaré Bandeira dos Santos - Profa. Orientadora – Coordenadora da área de Ciências Naturais do PIBID/CCN/UFPI
INTRODUÇÃO:
Quando se fala em ensino-aprendizagem, muitos aspectos são colocados e formam-se questionamentos sobre como o professor deve se portar diante dessa ação. Um componente importante para essa discussão é a concepção adquirida pelos alunos sobre um dado conteúdo, antes mesmo do contato com o ambiente escolar, construída de acordo com suas percepções no cotidiano. Como trabalhar com isso na construção do conhecimento científico. AUSUBEL (1978) resume, “se eu tivesse que reduzir toda a psicologia educativa a um só princípio, enunciaria este: averigue-se o que o aluno já sabe e ensine-se consequentemente”.
É nessa perspectiva que se encaixa o ensino construtivista, onde o saber é construído de acordo com as relações sociais e tido como um processo contínuo, sempre valorizando o meio em que o indivíduo está inserido e sua participação de forma crítica diante dos fatos. VYGOTSKY (2001, p. 428) diz que “A educação nunca começa no vazio, não se forjam reações inteiramente novas nem se concretiza o primeiro impulso [...]”.
Diante dessa perspectiva de se trabalhar com concepções alternativas aliadas ao cotidiano em que o individuo está inserido, essa proposta pedagógica se torna um importante mecanismo de ensino-aprendizagem, eficiente e contextualizado.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Desenvolver estratégias de ensino aprendizagem utilizando conceitos científicos com base nos conhecimentos prévios adquiridos pela percepção assistemática dos alunos em seu cotidiano e de conhecimentos vivenciados em séries anteriores.
MÉTODOS:
Por meio do PIBID de Ciências, desenvolvemos durante os meses de fevereiro e março do ano de 2013, com uma turma de 8º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública de Teresina-Piauí, uma atividade que visava rever termos científicos trabalhados em séries anteriores, bem como as concepções que os alunos já tinham posse, em virtude de suas diversas interações com o cotidiano. Os conceitos trabalhados nessa ocasião envolveram: conhecimentos sobre o corpo humano, visão geral de célula e sistemas vitais. A atividade enfatiza o conhecimento que os alunos podiam expressar com sua bagagem teórica e perceptiva, confirmando que “nós não podemos separar a estrutura do conteúdo da experiência” MARTON (1981, p.179).
A atividade consistia em apresentar aos alunos, uma palavra chave que remetia ao assunto a ser trabalhado, em seguida eram solicitados que refletissem e tentassem formular um conceito com base no que já conheciam. Exemplos de palavras usadas: homeotermo, célula, função dos rins etc. Sempre era esclarecido que não existem verdades absolutas e que todo conhecimento é inacabado e em desenvolvimento.
Na atividade os alunos eram instigados a darem respostas da forma que sabiam explicar o conhecimento científico, utilizando questionamentos que ajudassem a resgatar tais concepções.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Durante os questionamentos que fizemos, direcionando os alunos ao olhar científico e aprimorando sua percepção frente ao seu meio, podemos dizer que obtivemos resultados satisfatórios, pois houve evolução em seus raciocínios. Algumas frases e palavras foram destacadas para entender essa evolução, como por exemplo, no conceito de homeotermo, obtivemos expressões tais como: “promove o desenvolvimento do cérebro”; “seres que mudam a temperatura de acordo com o ambiente;” “manter a temperatura;” “bater os dentes”. A discussão de termos científicos aliada aos conhecimentos prévios e de convívio social dos alunos, mostrou que a aprendizagem ocorreu de uma forma mais dinâmica do que técnica.
Percebemos que o conhecimento adquirido em séries anteriores, não foi trabalhado de forma construtivista, pois a percepção do que foi questionado era tido como memorizações e sem relações com o meio em que o aluno está inserido. Assim os termos científicos se tornaram tão distantes de seu cotidiano, dificultando a assimilação. Como BROUSSEAU (1996, p.49) afirma que “o trabalho do professor consiste, então, em propor ao aluno uma situação de aprendizagem para que elabore seus conhecimentos como resposta pessoal a uma pergunta, e os faça funcionar ou os modifique como resposta às exigências do meio”.
CONCLUSÕES:
Trabalhar com o uso de concepções alternativas, enfocando o ensino construtivista para uma melhor apropriação do conhecimento científico, aproveitando o saber já adquirido pelos alunos, só reforça a importância de sempre olharmos para o mesmo, como um pesquisador diário em formação, questionando tudo que percebe em seu campo de visão e aproveitando suas ideias para a construção do conhecimento. Utilizando essa estratégia de ensino aprendizagem, por mais que as respostas dos alunos não tenham cunho científico, se tornam uma grande ferramenta para a construção do saber científico de maneira satisfatória. É como BECKER (1994, p. 89) enfatiza que a educação deve ser vista como “[...] um processo de construção de conhecimento ao qual ocorrem, em condição de complementaridade, por um lado, os alunos e professores e, por outro, os problemas sociais atuais e o conhecimento já construído [...]”.
Enquanto os professores utilizarem do método de ensino unilateral, onde o detentor do saber é o professor, e trabalhar apenas com a explicação de conceitos e teorias tidos como acabados, o conhecimento científico continuará sendo visto como algo de difícil compreensão por parte dos alunos.
Palavras-chave: Construtivismo, Proposta Metodológica, Ciências.