65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
Desenvolvimento da cavidade bucofaringiana das larvas de Prochilodus lineatus
Arthur Sampaio Cardoso Lima - Laboratório de Biologia – UESB
Alaor Maciel Júnior - Prof. Dr./Orientador - Departamento de Tecnologia Rural e Animal - UESB
Cláudia Maria Reis Raposo Maciel - Profa. Dra/Orientadora - Departamento de Estudos Básicos e Ambientais – UESB
Reginaldo Serra dos Santos - Laboratório de Biologia – UESB
Rita de Cassia Alves Bello Lima Pinto - Laboratório de Biologia – UESB
Poleane do Nascimento Santos - Laboratório de Biologia - UESB
INTRODUÇÃO:
O desenvolvimento da cavidade bucofaringiana de peixes tem despertado o interesse de vários pesquisadores (Maciel, 2006). A presença e as funções das suas estruturas variam segundo a espécie e seu hábito alimentar, e está relacionada com a seleção, captura orientação e preparação pré-digestiva do alimento.
A cavidade bucofaringiana dos Teleostei é revestida por epitélio pavimentoso, provido com células mucosas e corpúsculos gustativos, que estão envolvidos na seleção do alimento e, consequentemente, no de sua captura (Maciel et al., 2010).
Prochilodus lineatus, conhecido como curimba ou grumecha, é uma espécie de interesse comercial, não pela qualidade de sua carne, mas pela abundância em certos ambientes naturais, são encontrados em lagos, margens de rios, em todas as regiões norte, centro-oeste e nordeste, além dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Formam grandes cardumes e são a base da pesca comercial em muitos rios da América do Sul. Durante a sua migração, emitem sons de função ainda desconhecida, os quais são especialmente intensos ao cair da tarde. Apresentam hábito alimentar iliófago, ou seja, alimentam-se de lodo e detritos do fundo de lagos e rios, são peixes de médio porte que podem chegar a 4 kg.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo do trabalho é estudar a histogênese da cavidade bucofaringiana de curimba, Prochilodus lineatus, de zero a 148 horas após a eclosão (HAE), e sua relação com a alimentação.
MÉTODOS:
As larvas de curimba, Prochilodus lineatus, utilizadas foram coletadas nas dependências da Estação de Pesquisa e Desenvolvimento Ambiental de Volta Grande, CEMIG, em Conceição das Alagoas, MG.
Foram coletados 30 exemplares a cada meia hora e após sedação por hipotermia (conforme Resolução no 714, de 20/07/2002, do Conselho Federal de Medicina Veterinária), foram fixados em solução de Bouin por 6 horas. Após este período, os exemplares foram transferidos para solução de álcool 70%. As lâminas histológicas foram preparadas segundo Bancroft e Stevens (1996).
As análises histológicas foram realizadas no laboratório de Biologia, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, em Itapetinga, BA, com auxílio de um microscópio óptico de luz, acoplado a um computador contendo um software de análise de imagens.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Nas larvas recém eclodidas (0:00) de curimba, a cavidade bucal e a faringe ainda encontram-se fechadas, porém delimitadas por um delgado epitélio simples pavimentoso, 30 minutos após ocorreu o aparecimento da incisura oral, local onde será formada a boca. Com o passar das horas, a cavidade bucofaringiana foi se alongando, porém até as 10 horas após a eclosão, a boca continuava fechada e foram observados primórdios de arcos branquiais. Entre 14 e 15 horas após a eclosão, a boca foi encontrada aberta e as brânquias ficavam cada vez mais visíveis. 19 horas após eclosão, o opérculo ficou evidente, a cavidade bucofaringiana encontrava-se bem longa, os lábios superior e inferior ficaram distintos, sendo observado germes dentários ás 21 horas após a eclosão. Com 28 horas após a eclosão, os cinco pares de arcos branquiais foram visualizados e apareceram corpúsculos gustativos em seu epitélio, o que mostrou que as brânquias possuem papéis fundamentais na digestão. Com 39 horas após a eclosão, células mucosas foram encontradas e verificou-se o aparecimento de primórdios dentais orais. Entre 42 e 45 horas após eclosão, o opérculo cobriu totalmente as brânquias. Ás 50 horas após eclosão, a quantidade de vitelo era reduzida, mostrando que o peixe estava, cada vez mais, se alimentando de maneira exógena, as 60 horas após eclosão não foi observado vitelo. Entre 96 e 124 horas após eclosão, os filamentos e as lamelas branquiais estavam sendo formadas.
CONCLUSÕES:
Pode-se concluir que, em razão da presença e da distribuição dos corpúsculos gustativos no epitélio da cavidade bucofaringiana de Prochilodus lineatus, estes podem selecionar o alimento exógeno, preferencialmente na cavidade bucal, e que as células mucosas surgem em tempo de proteger a mucosa de abrasões físicas e auxiliar na deglutição do alimento.
Palavras-chave: Cavidade bucofarigiana, Histogênese, Branquias.