65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
BIODIVERSIDADE E SUA INTERPRETAÇÃO EM ÁREAS PROTEGIDAS: UM ESTUDO NO PARQUE ESTADUAL SUMAÚMA, MANAUS-AM
Lana Cynthia Silva Magalhães - Universidade do Estado do Amazonas
Maria Clara Silva-Forsberg - Profa. Dra./Orientadora - Universidade do Estado do Amazonas
INTRODUÇÃO:
O estabelecimento de áreas protegidas apresenta-se como uma estratégia adotada mundialmente para minimizar a perda da biodiversidade (PRIMACK & RODRIGUES; 2001; CUTOLO e tal. 2010). No Brasil, essas áreas conhecidas por unidades de conservação, foram legalmente instituídas pela Lei Federal n° 9.985, de 18 de julho de 2000 e possuem objetivos variados. Como exemplo, podemos citar os parques que objetivam além, da conservação da biodiversidade, a realização de pesquisas científicas, ecoturismo, atividades educativas, de recreação e interpretação ambiental (BRASIL, 2000). Segundo Pivelli (2006) os parques podem promover o ensino de diversos temas ambientais, entre os quais a biodiversidade, considerado um conceito chave devido sua abrangência e podendo também promover a aproximação do homem com o ambiente e a sensibilização às causas ambientais. Desse modo, são necessários estudos que investiguem o papel dos parques como espaços educativos e de interpretação do meio ambiente.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este estudo objetivou investigar como são desenvolvidas as atividades de educação e divulgação dos conhecimentos relacionados à biodiversidade aos estudantes das escolas localizadas no entorno do Parque Estadual Sumaúma (PAREST Sumaúma) na cidade de Manaus-AM.
MÉTODOS:
O PAREST Sumaúma localiza-se na zona norte de Manaus, com aproximadamente 52 hectares. Criado através do Decreto Estadual nº 23.721 de 05 de setembro de 2003, é a única unidade de conservação estadual localizada em área urbana. Para coleta de dados utilizou-se de pesquisa documental, desenvolvimento de entrevistas com funcionários, acompanhamento das atividades de visitação e aplicação de questionários com um grupo de 15 alunos do ensino fundamental. Para avaliar as visitas guiadas, procurou-se identificar: a presença e caracterização de materiais de apoio, como placas, textos, entre outros; o espaço expositivo em termos de área e suas características gerais; a diversidade de espécies existentes e a presença e caracterização da equipe de monitoria. Nas entrevistas com funcionários buscou-se conhecer: a função exercida, o planejamento das atividades de visitação e a inserção do tema biodiversidade nestas. As perguntas aos alunos discorreram sobre opiniões quanto ao Parque e conhecimentos sobre biodiversidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
No ano de 2009, de 1.830 visitantes, aproximadamente 73% eram alunos de escolas do entorno. Apesar do potencial para atividades educativas, o Parque não conta com um programa de visitação estruturado, as atividades são planejadas quando necessário, visando apresentar a área e os animais existentes; proporcionar um espaço em contato com a natureza; e despertar o interesse e sensibilização dos alunos pelo meio ambiente. As visitas consistiram em caminhadas guiadas nas trilhas e breves comentários eram apresentados sobre determinadas espécies. Houve um destaque para a espécie sauím-de-coleira Saguinus bicolor, endêmica da região de Manaus, assim, como para a preguiça Bradypus tridacctylus e a árvore sumaúma Ceiba pentandra. Não existiam placas informativas ou qualquer material para consulta durante a visita, o que acabou dificultando o entendimento sobre biodiversidade. Segundo Pivelli (2006) são necessários outros recursos, além das plantas, que auxiliem o visitante na interpretação da biodiversidade. Dos 15 estudantes entrevistados, 11, desconheciam a existência do Parque. Quando questionados sobre o conceito de biodiversidade, 72% não soube responder, enquanto os outros fizeram relações com a variedade de plantas e animais, a Amazônia e a variedade de vida.
CONCLUSÕES:
A biodiversidade é considerada em três níveis: espécies, genético e ecossistêmico. No Parque esse tema ainda é abordado superficialmente, sendo considerada apenas a variedade de espécies, muitas vezes com enfoque voltado ao conhecimento popular, promovendo uma redução e fragmentação do conhecimento, fato que se deve pela falta de um programa de visitação estruturado, com objetivos definidos e estabelecidos. A maioria da comunidade escolar do entorno parece não conhecer o Parque, apesar do grande número de estudantes recebidos. Não existiam parcerias com escolas ou projetos educacionais em execução e atividades como estas devem ser vistas como aliadas à conservação do Parque, que se encontra em uma área urbana com diversos conflitos e desafios para a sua efetiva preservação.
Palavras-chave: Unidades de Conservação, Amazônia, Educação ecológica.