65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina
CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA, RADIOLÓGICA E GENÉTICA DE PACIENTES BRASILEIROS COM CALCIFICAÇÕES IDIOPÁTICAS EM GÂNGLIOS DA BASE DO CÉREBRO (DOENÇA DE FAHR).
Karinna Teixeira de Souza - Aluna PIBIC - Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami- UFPE
Roberta Rodrigues Lemos - Pós –doutoranda – Universidade de São Tiago de Compostela - Espanha
Matheus Fernandes de Oliveira - Residência em Neurocirurgia do Hospital dos Servidores do Estado de SP
Ricardo Queiroz Kuhni Fernandes - Programa de Residência em Psiquiatria da UNIFESP
Samy Scherb Steinberg - Programa de Pós-graduação em Biologia aplicada à saúde-LIKA – UFPE
João Ricardo Mendes de Oliveira - Prof. Dr./Orientador - Depto. de Neuropsiquiatria e LIKA– UFPE
INTRODUÇÃO:
As calcificações idiopáticas em núcleos da base do cérebro são visualizadas cada vez mais frequentemente, com o aumento da disponibilidade de exames de neuroimagem, como a tomografia computadorizada. A forma autossômica dominante idiopática (sem alterações bioquímicas ou outras que justifiquem as calcificações) é de manifestação clínica heterogênea, podendo se apresentar com sintomas psicóticos, parkinsonismo, cefaléia ou mesmo assintomática nos casos de pacientes mais jovens e com calcificações menores.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Descrição dos sintomas mais típicos encontrados em um grupo de pacientes brasileiros com Doença de Fahr, assim como a estrutura e localização das calcificações. Também foi realizada análise do DNA na confirmação da mutação responsável pelas calcificações cerebrais no gene SLC20A2 que codifica para o PIT2, transportador do tipo III que funciona pela troca do sódio pelo fosfato inorgânico (Na/Pi).
MÉTODOS:
Um grupo de pacientes com suspeita de doença de Fahr e alguns de seus familiares foram avaliados pela anamnese, análise sanguínea (para descartar calcificações de origem não idiopáticas), exame de imagem e por fim extração do DNA e sequenciamento do gene SLC20a2, o primeiro até agora ligado à DF. Uma análise comparativa e semi-quantitativa foi realizada na busca de eventuais relações entre genótipo, fenótipo de padrões de segregação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Duas mutações foram identificadas em duas famílias, enquanto que as demais continuam sob análise de seqüenciamento. Uma dessas mutações no DNA é a c1409delC levando a uma modificação na proteína mutada na região p.Pro470Leufs*37. A outra é uma missense no exon 8, posição c. 1483G>A (A495T). Entre os sintomas mais comuns encontrados, cefaléia, parkinsonismo e déficits cognitivos estavam presentes. Entretanto foi observada também a presença de calcificações em pacientes assintomáticos. A tomografia computadorizada foi compatível com a distribuição das calcificações da doença de Fahr, sendo os gânglios da base, tálamo e cerebelo os principais locais. Pela análise de sangue foi descartada alterações que pudessem indicar origem não idiopática, como alterações hormonais.
CONCLUSÕES:
A doença de Fahr é extremamente heterogênea do ponto de vista clínico quando se compara diferentes famílias afetadas e também quando se compara parentes. Isto reforça a possibilidade de que mais de um gene e/ou mais de um fator ambiental possa modular a expressividade fenotípica.
Palavras-chave: Calcificações cerebrais, Doença de Fahr, SLC20A2.