65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 4. Educação Artística
DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA NOVA ESTÉTICA DIGITAL: O PORTAL www.proejatransiarte.ifg.edu.br COMO RECURSO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL (PROEJA)
Dorisdei Valente Rodrigues - Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília
INTRODUÇÃO:
O portal Transiarte é dos resultados do grupo de pesquisa Transiarte, Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional que desde 2007 está sob a responsabilidade da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília. Esse projeto que fez parte de uma rede de pesquisa da Região Centro Oeste coordenado pela Universidade Federal de Goiás, denominado: PROEJA, indicando a reconfiguração do campo da Educação de Jovens e Adultos com qualificação profissional – desafios e possibilidades. Uma vez definidos os parâmetros da Transiarte no trabalho com educandos trabalhadores do PROEJA, viu-se a necessidade de ter um portal onde todas as produções da Transiarte, dado seu caráter digital, pudesse ser postado, compartilhado e modificado por todos. Este compartilhamento não se restringe apenas à transmissão de dados, mas à participação ativa e crítica de situações-problema-desafios que se confrontam no presencial e que, ao se tornarem virtuais, promovem a interação de um grupo e da voz aos educandos na cibercultura. Um movimento de comunicação estética por meio da arte digital de forma a explorar a interatividade com as produções artísticas coletivas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O portal transiarte é um espaço de navegação e interação virtual. A construção da Transiarte tem momentos presenciais de encontro em oficinas, de manipulação, criação e produção da arte digital. O portal nasce da vontade de levar o fazer da arte digital para educação de jovens e adultos trabalhadores, o site está voltado para a produção e a realização estética.
MÉTODOS:
A pesquisa-ação,orientou o percurso investigativo, realizado a partir das várias estratégias metodológicas (Barbier, 2007): i) avaliação, planejamento, escuta sensível; mobilização e articulação política, pedagogia de educação profissional e EJA, implicação dos sujeitos na pesquisa; ii) sensibilização de educadores e educandos da EJA; situações e problemas desafiadores, realização de seminários interinstitucionais, debates com a comunidade escolar e formação de grupos (Reis, 2000); iii) mediação (Kenski, 2007). No tocante à dinâmica do processo, este tem revelado: i) a gestão do espaço educativo pode reproduzir desigualdades e fortalecer várias práticas de exclusão; ii) a escola é também um espaço em que a mudança pode ser gestada e operacionalizada na perspectiva da emancipação; iii) sentido e significado atribuídos ao currículo para a educação na modalidade EJA terceiro segmento; iv) escrita de proposta curricular e manutenção de sítio/site ; v) articulação das linguagens na produção dos saberes junto ao currículo prescrito e vivido.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os educadores exploraram o portal, assistem com seus educandos vídeos, animações, postam mensagens, se cadastraram, escrevem comentários. Como as produções são de temas variados é possível fazer a relação com qualquer disciplina do currículo da educação básica. Outro fator importante é o reconhecimento do sujeito nos espaços urbanos onde se habita. A relação entre arte e cidade leva a uma série de interpretações construídas no virtual, pelas tecnologias interativas, sendo a interatividade o ponto chave na era do conhecimento. Portanto, na vivência de uma dinâmica de desconstrução e construção coletiva, as interações, os significados sociais e os sentidos de cada indivíduo afloram em uma nova construção. Isto proporciona a compreensão mais ampla dos conteúdos que circulam no contexto contemporâneo, além de outro modo de se ver e se expressar no mundo. Já passaram pelo Projeto PROEJA-Transiarte cerca de 200 alunos em oficinas no Centro de Ensino Médio 03 de Ceilândia e/ou nos cursos do Centro de Educação Profissional de Ceilândia (CEP-Ceilândia), onde foi ofertado o curso Ciberarte I, Ciberarte II, Introdução à Arte Digital, Fotografia Digital e Arte Digital: básico, com certificação pelo CEP-Ceilândia. As produções artísticas que fazem parte da galeria virtual foram criadas nas oficinas e nos cursos básicos.
CONCLUSÕES:
Todas essas mudanças trazidas pela tecnologia digital, e agora também com equipamentos cada vez mais móveis, promoveram uma nova relação entre os indivíduos e as produções estéticas. Estas produções podem ser realizadas com celulares, ou máquinas fotográficas, e expostas com um custo baixo e sem autorização de empresas que dominavam o circuito artístico. A internet abriu novas possibilidades de transmissão de dados, pois qualquer pessoa pode postar na rede uma imagem, uma música, um vídeo, com finalidades artísticas, políticas, e comunicativas, além das informacionais. Nesse sentido, a escola não pode mais se fechar a essa nova cultura,conceituada por Pierre Lévy como cibercultura que possui um potencial de desenvolvimento da inteligência coletiva. Essa nova constituição de pensar a cultura digital é pensar no movimento de construção coletiva e como levar a cultura digital para dentro da escola. Nesse sentido o portal nos mostra possibilidades de incorporação da cultura digital nas escolas com educandos considerados não nativos digitais, desenvolvendo uma experiência de realização artística coletiva e promovendo também a inclusão digital.
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Palavras-chave: Arte Digital, Tecnologia, PROEJA.