65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 2. Currículo
A CONSTRUÇÃO DOS CONHECIMENTOS HISTÓRICOS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: REFLEXÕES SOBRE O CURRÍCULO
Wanessa Maria da Silva - Graduanda de Pedagogia - UFPE
Maria de Fátima da Silva - Graduanda de Pedagogia - UFPE
Eleta de Carvalho Freire - Prof. Dra./Orientadora– Depto. de Métodos e Técnicas de Ensino – CE – UFPE
INTRODUÇÃO:
A presente pesquisa resulta das inquietações sobre o ensino de história no qual ainda estão presentes métodos que trabalham apenas a memorização de datas e fatos históricos, sem que haja reflexão sobre os saberes ensinados. Deste modo, observamos que a memória, a tradição e as experiências vividas pelos sujeitos na construção de suas identidades, como também de suas narrativas ainda não estariam integrando estes saberes ao currículo escolar vivenciado nos anos iniciais do ensino fundamental. Assim, o conhecimento histórico com o devido reconhecimento e relevância que lhe é dado entre os componentes do currículo escolar, não estaria ocupando o lugar de um elemento significativo na construção/formação das subjetividades, das identidades e das representações dos sujeitos. Para compreender melhor sobre o ensino de história e a formação dos conhecimentos históricos recorremos aos estudos de Fonseca (2003) quando diz que “as disciplinas escolares surgiram do interesse de grupos e de instituições, como os agrupamentos profissionais, científicos e religiosos” (p. 15), os quais definiam os conhecimentos deveriam ser trabalhados na escola.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Identificar e analisar o currículo escolar da Rede Municipal de Ensino do Recife com vistas a compreender qual o lugar do conhecimento histórico nas práticas pedagógicas desenvolvidas nos anos iniciais do ensino fundamental.
MÉTODOS:
Partimos do pressuposto que o ensino de história e dos conhecimentos históricos por não serem tomados oficialmente como parâmetros para avaliar a qualidade do ensino ou das escolas estariam sendo considerados menos relevantes para a formação dos sujeitos, em especial nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Consequentemente isso reflete no currículo, já que o currículo apresenta uma relação direta, porém algumas vezes pouco perceptível com as relações de poder presentes no cotidiano escolar. Em nossa análise metodológica utilizamos uma abordagem qualitativa na qual levamos em consideração desde o espaço da sala de aula até a forma como os conteúdos são trabalhados e como os estudantes compreendem estas temáticas. A investigação teve como campo empírico uma escola da Rede Municipal de Ensino do Recife da qual participaram seis professoras que foram sensibilizadas a nos aceitar em suas salas de aula para realização de observações e concessão de entrevistas. A seleção da escola se deu em função da abertura à pesquisa demonstrada por sua equipe gestora, enquanto a escolha das professoras teve como critério o interesse destas em participar da investigação e sua consequente adesão ao projeto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A análise que fazemos da relação entre ensino e aprendizagem e entre professor e estudante revela que existe uma grande dificuldade por parte da professora e dos estudantes no que se refere à construção dos conhecimentos históricos na sala de aula. O ensino de história nessa turma se mostra pouco atrativo, pois apresenta frágeis vínculos com a vida cotidiana dos estudantes e com a forma como estes representam o mundo. No que se refere ao currículo escolar, percebemos que a compreensão entre os docentes é que o currículo é apenas o conteúdo a ser ministrado em sala de aula, já do ponto de vista conceitual, observou-se, por exemplo, que o conceito de tempo aparece sempre com referência a um passado distante e sem muito sentido para as crianças. No entanto, de acordo com a literatura consultada (ABUD, 2004, 2005; SIMAN, 2005), no momento em que a criança consegue construir uma narrativa partindo de suas vivências, sobre algo que lhe foi indagado, ela já demonstra a construção de conhecimentos históricos. Ou seja, de acordo Schmidt (2006), essa construção já evidenciaria uma consciência histórica formada ou em formação, através da qual o mesmo se reconhece como sujeito.
CONCLUSÕES:
Os dados analisados revelam que embora esteja havendo uma busca por melhoria no ensino de história, ainda identificamos resquícios de práticas escolares pautadas no ensino dos conhecimentos históricos na perspectiva da transmissão e memorização de fatos, datas e nomes de heróis. Em relação ao currículo, constatou-se que as docentes acham que são livres para trabalhar os conteúdos a seu modo e definir a carga horária de ensino entre os componentes curriculares. Dessa maneira, a este não são atribuídas as relações de poder existentes na sua formulação e na valorização das disciplinas escolares, ou seja, o currículo parece ser considerado como um elemento neutro dentro da escola, desprovido de intencionalidades, subjetividades, regras e relações de poder. Entendemos que o conhecimento histórico constitui o entendimento de mundo, do tempo e do espaço como lugar de existência, percebemos que as crianças têm este conhecimento, pois este não é restrito ao saber escolar. Assim, quando expressam suas narrativas demonstram entendimento sobre o tempo e suas relações de ontem, hoje, amanhã, ou seja, passado, presente e futuro, bem como sobre o lugar (grupo a que pertence) e o mundo (espaço social).
Palavras-chave: Ensino de História, Currículo, Conhecimento Histórico.