65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 5. Farmacognosia
Avaliação da atividade antimicrobiana de Myrtus communis L. (Myrtaceae)
Cássia Guerra Pussente - Curso Bacharelado em Farmácia - FAMINAS
Juliana Crespo - Profa. Mestre/Orientadora- Curso Bacharelado em Farmácia - FAMINAS
Laís Rodrigues - Curso Bacharelado em Farmácia - FAMINAS
Letícia Magalhães - Curso Bacharelado em Farmácia - FAMINAS
INTRODUÇÃO:
A biodiversidade é essencial para a humanidade, principalmente quando se trata de extração e produção de alimentos, cosméticos, novos materiais e processos. O uso de produtos naturais com propriedades terapêuticas é tão antigo quanto a civilização humana e, por um longo tempo, produtos minerais, animais e vegetais foram a principal fonte de fármacos
Há vegetais que produzem metabólitos secundários, que agem contra predadores como microrganismos patogênicos, insetos e animais herbívoros. Estes compostos são valorizados por suas atividades biológicas e fisiológicas. Os terpenoides, alcaloides e cumarinas são alguns metabólitos secundários que despertam interesse por apresentarem possível atividade antimicrobiana.
Myrtus communis L. (MC), pertencente à família Myrtaceae, é um arbusto conhecido como “mirta”. Tradicionalmente usado no sul do Brasil e no Uruguai. A planta é nativa da Mata Atlântica brasileira. Cresce na Itália, ao longo da costa e ilhas. Estudos revelam que sua triagem fotoquímica apresentou acilfloroglucinol e tanino com propriedades antibacterianas. Outros estudos apresentaram resultados positivos do MC contra o Helicobacter pylori, causadora de úlcera péptica e gastrites. A planta também apresenta efeitos antihiperglicêmicos e antimutagênicos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente estudo tem como objetivo avaliar a atividade antibacteriana do extrato glicólico do Myrtus communis L. contra estirpes bacterianas Gram negativa Escherichia coli e Gram positiva Staphylococcus aureus, bem como caracterizar os constituintes fitoquímicos bioativos da planta através da análise farmacognóstica do extrato.
MÉTODOS:
Para obtenção do extrato glicólico, utilizou-se o “Processo B”, para a obtenção de extratos fluidos, da Farmacopéia Brasileira 5ª Ed. Investigaram-se os constituintes químicos, por classes de metabólitos secundários: saponinas, ácidos orgânicos, açúcares redutores, alcaloides, proteínas e aminoácidos, fenois e taninos, polissacarídeos, glicosídios cardíacos e derivados da cumarina.
Aplicou-se o método da inibição da multiplicação microbiana por difusão em Agar de acordo com a metodologia descrita pelo Clinical and Laboratory Standard Institute (CLSI, 2003), com modificações. O extrato foi testado contra as bactérias S. aureus ATCC 6538 e E. coli ATCC 11229.
Os microrganismos foram padronizados pela turvação equivalente ao tubo 0,5 da escala de McFarland em solução fisiológica, a uma concentração de 108UFC/mL
Inoculou-se a placa contendo o ágar Müeller-Hinton onde foram perfurados poços e adicionados 30 µL do extrato em cada poço.
As placas foram incubadas a 37 °C, por 24 h, os halos de inibição formados foram medidos em centímetros. O experimento foi realizado com três repetições, em duplicata. Foi usado como controle positivo uma solução de triclosan a 1% em propilenoglicol.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A triagem fitoquímica da planta evidenciou a presença de fenol, tanino e açúcares redutores em abundância. De acordo com estudos realizados, as substâncias fenólicas e taninos estão relacionadas às propriedades secante, anti-inflamatória e cicatrizante. Pesquisadores observaram taninos e acilfloroglucinol na triagem fitoquímica da MC.
As médias dos halos obtidos de S. aureus foram 0,77 cm, 1,62 cm e 1,21 cm nas três repetições respectivamente. Para E. coli as médias encontradas foram 0 cm, 0,8 cm e 0 cm nas três repetições respectivamente. Os halos são diretamente proporcionais à ação do antimicrobiano.
Os resultados mostram a evidente atividade antibacteriana de MC contra S. aureus e atividade reduzida contra E. coli, o que confere com os resultados encontrados em outros estudos. Em estudos realizados, o extrato das folhas de MC foi avaliado in vitro quanto às atividades antibacteriana e citotóxica, apresentando resultados positivos. Também foi encontrada atividade antibacteriana do MC, baseado na presença de glicosídeos. Em 1974, avaliaram a atividade antibacteriana de extratos das folhas de MC, que mostraram alta atividade contra bactérias Gram positivas e ausência de atividade contra as Gram negativas.
CONCLUSÕES:
Atualmente, observa-se uma forte tendência pelo uso de plantas medicinais para vários propósitos, principalmente seu uso contra agentes microbianos, uma vez que a resistência bacteriana vem sendo considerada um crescente problema de saúde pública mundial e o maior obstáculo para o sucesso de um tratamento. Além disso, a descoberta de novos antibióticos tem atingido sucesso limitado.
Várias medidas tecnológicas são sugeridas para resolver o problema das bactérias multirresistentes, entre elas, a busca por novos medicamentos ou protótipos oriundos de espécies vegetais como o M. communis, que tem se mostrado eficiente em diversos estudos no que tange a atividade antibacteriana, antinflamatória e citostática.
Os resultados encontrados no presente estudo sugerem um futuro uso potencial do M. communis como um novo agente terapêutico antibacteriano no desenvolvimento de novos fitoterápicos e fitocosméticos.
Palavras-chave: Myrtus communis, Antimicrobianos, Bactérias.