65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 5. Sociologia Rural
PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO NAS COMUNIDADES DO GÓIS APODI – RN
Francisco Araújo da Silva Júnior - Universidade Federal Rural do Semi Árido - UFERSA
Maria Clara Correia Dias - Universidade Federal Rural do Semi Árido - UFERSA
Igor Mendonça Viana - Universidade Federal Rural do Semi Árido - UFERSA
Thiago Ferreira Dias - Universidade Federal Rural do Semi Árido - UFERSA
Luiz Leonardo Ferreira - Universidade Federal Rural do Semi Árido - UFERSA
Vania Christina Nascimento Porto - Universidade Federal Rural do Semi Árido - UFERSA
INTRODUÇÃO:
Os problemas ambientais e sociais provocados pela “Revolução Verde” tornaram-se mais evidentes nos anos 70 e 80, fortalecendo as discussões sobre a necessidade de sistemas de produção agropecuários que levassem em consideração as questões ambientais e sociais (FERREIRA et al., 2008). A agricultura orgânica nos assentamentos pode ser vista como uma ferramenta para os agricultores superarem as dificuldades encontradas na estruturação da produção, por ser pouco exigente em investimentos e priorizar insumos menos danosos ao meio ambiente (SILVA et al., 2008).
Um novo modelo de desenvolvimento rural pode ser alcançado por meio do incentivo a experiências de diversificação que fortaleçam economias locais a partir da ação de agricultores familiares, atividades que fortalecem (vincular a associações e cooperativas) a comercialização (LIMA et al., 2011).
Há no território Sertão do Apodi municípios que dispõem de experiências localizadas de trabalho coletivo envolvendo jovens, mulheres e homens de diferentes faixas etárias na produção e a comercialização, com o intuito de gerar renda, desenvolver e fortalecer a agricultura familiar como uma maneira de reduzir as desigualdades existentes neste país (LIMA et al., 2011).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Diante do exposto, objetivou-se apresentar o perfil das famílias da região do Góis Apodi/RN, que retratasse a realidade da agricultura camponesa, apresentando as potencialidades trabalhadas pelos agricultores e agriculturas que precisam ser valorizadas e aprimoradas, englobando fatores sociais, econômicos e produtivos positivos e limitantes.
MÉTODOS:
A pesquisa foi desenvolvida no Distrito do Sítio do Góis nos assentamentos, Paulo Canapum, Sítio do Góis, Tabuleiro Grande e Caiçara no período de setembro a novembro de 2012. Estes estão localizados no municício de Apodi  no estado do Rio Grande do Norte (IBGE, 2011).
O público alvo deste trabalho foram agricultores familiares produtores. Foram então entrevistados 54 representantes familiares, com idade variando na faixa etária de 21 a 60 anos. As entrevistas foram realizadas de forma individual com questionário estruturado.
Na área social foram avaliados os seguintes parâmetros: grau de instrução; participação nos movimentos sociais; formas de comunicação sobre a atividade agrícola; número de filhos que residem com a família, quais trabalham e desses, os que estão envolvidos nas atividades agropecuárias; a área do estabelecimento familiar; acesso aos programas sociais governamentais.
Para as questões produtivas, foram coletados dados das atividades agropecuárias relacionados a/à gestão, beneficiamento, redução de perdas e produtividade.
Na parte econômica foram avaliados os recursos físicos disponíveis na propriedade; os produtos comercializados; o destino dos produtos comercializados e insumos. Os dados foram avaliados mediante a análise estatística descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A metade dos entrevistados foi classificada como alfabetizados. 35,19% participam do Sindicato de Trabalhadores Rurais e associações. Principais formas de comunicação: cursos (83,33%) e sindicatos e associações (35,19%). O número médio de filhos por família é de 3,96, 3,76 ainda residem com a família, 2,41% trabalham e desses 2,18% trabalham em atividades agropecuárias. A área média do imóvel rural foi de 73,38 há. 31,48% das famílias tem acesso ao programa bolsa família e 42,59% possuem aposentadoria.
Principais explorações zootécnicas: aves (79,62%), abelhas apis melífera (40,74%), ovinos (59%), bovinos de leite (55,55%) e equinos (40,74%). Grãos: 81,48% das famílias plantaram milho em 2012 e 43,30% plantaram feijão. Frutas: 51,85% plantaram goiabeira, 40,74% aceroleira, 33,33% mangueira, 27,78% coqueiro e 24,07% bananeira. Insumos externos: 79,63% adquirem milho, 72,22% torta de algodão, 50% usam macambira. Mercado: para 94,44% das famílias o mercado consumidor determina o preço das vendas. 92,59% das famílias comercializam no próprio município. A metade dos entrevistados não faz nenhuma prática de agregação de valor.
CONCLUSÕES:
Ao analisar os perfis das famílias da região do Góis Apodi/RN, foi possível reconhecer que o nível de escolaridade é muito baixo para atender as necessidades da população. As famílias procuram participar de movimentos sociais para obter melhorias na produção e comercialização, além de serem uma grande oportunidade para inserção social, política e econômica.
As famílias desenvolvem uma diversidade de atividades agrícolas e pecuárias, que vão se complementando com o intuito de garantir a segurança e a soberania alimentar. Os produtos são comercializados no próprio município, em municípios do Rio Grande do Norte e no estado do Ceará. A agregação de valor a estes produtos ainda é feita de forma muito tímida e por poucas famílias. São várias as dificuldades que os agricultores e agricultoras vêm enfrentando, como: equipamentos obsoletos e falta de crédito bancário.
Portanto há necessidade a de incentivo a ações de programas que priorizem a produção e a comercialização de maneira coletiva da agricultura familiar, para que sejam superados as dificuldades vivenciadas e contribuir com uma maior expressividade política, social e econômica dos camponeses não só da região Góis em Apodi, mas de todo o território.
Palavras-chave: Meio rural, Diagnostico, Interdisciplinaridade.