65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Gestão e Administração - 9. Gestão e Administração
SUPERMERCADO DE VIZINHANÇA EM ALAGOAS E AS ESTRATÉGIAS DE COMPETIÇÃO FRENTE AO OLIGOPÓLIO DAS REDES VAREJISTAS.
José Jenivaldo de Melo Irmão - Instituto Federal de Alagoas - IFAL/MD
Andrea Gomes Santana de Melo - Universidade Federal do Piauí – UFPI/Picos
Hélio Lazarini - Universidade Tiradentes – UNIT
INTRODUÇÃO:
A conjuntura econômica nas últimas décadas no país propiciou uma alavancagem no setor de varejo, com a entrada de grupos empresariais multinacionais, seja como acionista de empreendimentos brasileiros, seja como principais controladores, como nos casos do Walmart, Pão de Açúcar e Carrefour. Fatores internos como a estabilidade macroeconômica e seus desdobramentos nos juros, inflação, financiamento, crédito e renda dos consumidores impulsionaram um elevado número de investimentos em segmentos de hiper e supermercados, em todas as regiões do país. O processo representa um aumento na oligopolização do setor, pressão dos operadores internacionais sobre grupos empresariais regionais e acirrada captação de clientes, impondo valores que não necessariamente atendem as necessidades locais. Neste contexto, abre-se espaço a consolidação dos empreendimentos de médio e pequeno porte, os chamados supermercados de vizinhança, com características de lojas próximas ao perfil de conveniência, onde o cliente tem uma série de diferenciais ao seu dispor, ao qual o autoatendimento dos grandes negócios não propicia. Entretanto, o peso da concorrência impele estes negócios a permanentemente se reinventarem em termos de gestão para assegurem sua participação no mercado.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo geral do trabalho é analisar em que medida as estratégias de gestão adotadas em um supermercado de vizinhança em âmbito local, possibilitam a competição e a sobrevivência no mercado frente às redes oligopolizadas de varejo nacional e internacional.
MÉTODOS:
A pesquisa tem como objeto um supermercado localizado na cidade de Maceió-AL, na área nobre da cidade, classificado como de vizinhança, de médio porte, tendo como público alvo primordialmente as classes A e B e em menor percentual a C, sem associação a nenhuma rede de varejo, seja nacional ou internacional, com boa participação no mercado local ao longo da ultima década, sendo considerado por instituições publicas e privadas como referencia no varejo nordestino, seja em qualidade dos produtos, atendimento e estrutura. A natureza da pesquisa é qualitativa, através de um estudo de caso descritivo, cuja relevância se dá no âmbito das estratégias de gestão da empresa que propiciam a competição com grupos internacionais e nacionais de varejo instalados na cidade. Para tanto, se procedeu a um levantamento bibliográfico, referente à evolução e estruturação do varejo no Brasil e informações sobre o mercado alagoano, além de documentos digitais de acesso público sobre o supermercado pesquisado; seguindo-se da coleta de dados primários no ano de 2012, através da aplicação de questionário semiestruturado a ex-colaboradores ocupantes de cargo de gestão, versando sobre as estratégias de competição e diferenciação adotadas no empreendimento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A inauguração foi no final da década de 1990, onde o setor de supermercado passava por diversas transformações, impelindo aos empreendedores regionais adotarem estratégias de gestão arrojadas para sobreviverem no mercado. Segundo os entrevistados, uma primeira iniciativa foi à profissionalização da gestão, com a contratação de especialistas em diversos setores, além da prática da educação continuada para todos os associados, tendo em vista que o contato com o consumidor é constante, acompanhado da implantação da automação e uso de tecnologia da informação, proporcionando uma maior eficiência administrativa e operacional. Em relação ao cliente, estruturaram um programa de fidelização com premiações e uso intenso do marketing de relacionamento, inclusive com contatos pós venda. Outros aspectos estratégicos foram: restaurante com chef; cozinha experimental para cursos e degustações enogastronômicas; loja de utensílios e presentes, programações de cursos de vinho e frios; produtos fabricados de marca própria; serviço montagem de decorações; importação de produtos sob encomenda dos clientes. Desta forma, tenta consolidar a “imagem” de um centro de compra ajustado à necessidade de cada consumidor, personalizado, não apenas focado na rentabilidade, mas em satisfazer o cliente.
CONCLUSÕES:
No atual dinamismo do ramo varejista, uma opção para os médios e pequenos supermercados se manterem competitivos e solventes é constituir estratégias de diferenciação, atuando em brechas deixadas pelos grupos oligopolistas no que tangem a atendimento e produtos personalizados como é o caso do supermercado alagoano, com características de vizinhança, semelhante ao perfil de uma conveniência, mas com um mix de mercadorias diversificadas e serviços diversos, complementando as necessidades dos clientes, como cozinhas experimentais para gourmet; decoração de eventos; produção de marcas próprias; canais de relacionamento e programas de fidelização; participação em programas de responsabilidade social; entre outros aspectos. Estes elementos não significam que o supermercado estudado terá sustentáculo no longo prazo sem ter que se associar a alguma rede de varejistas ou mesmo abrir seu capital a entrada de novos sócios, contudo utilizando-se de suas ações de gestão, esta conseguindo ampliar seu negócio e manter a rentabilidade, quem sabe será o embrião de uma nova rede, mantenedora da concentração do mercado.
Palavras-chave: Supermercado, Gestão, Estratégia.