65ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 9. Engenharia Mecânica
ESTUDO DA VIABILIDADE DA ENERGIA EÓLICA FRENTE À ENERGIA HIDRELÉTRICA PARA DIVERSIFICAÇÃO DA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA E SEU IMPACTO SOCIOECONÔMICO
Leonardo Martinho Dobrianskyj - UPM - Escola de Engenharia (IC)
Antônio Gonçalves de Mello Junior - Prof. Dr. - UPM - Escola de Engenharia (Orientador)
INTRODUÇÃO:
Na década de 70 os centros-aeroespaciais do Brasil e Alemanha iniciaram pesquisas para a construção da turbina eólica Debra. Em junho de 2001, a população brasileira era informada da necessidade de reduzir o consumo de eletricidade, consequência da falta de investimentos e de chuvas que levaram os volumes dos reservatórios das usinas hidrelétricas a níveis críticos. Estes eventos separados por quase três décadas podem aparentemente não ter relação, porém, analisando as matrizes energéticas dos países, observamos o atraso brasileiro. Em 2001 o Brasil possuía 22 kW de energia eólica instalada, ao passo que a Alemanha já contava com 8.734 kW, vemos, portanto o quanto o país demorou em acreditar nesta fonte de energia. Hoje o Brasil tem mais de 90% de sua geração elétrica realizada pelas hidrelétricas, ainda assim muito se fala na construção de novas hidrelétricas e com elas discussões levantadas com relação aos impactos ambientais e a sustentabilidade que essas usinas causam. Ao mesmo tempo, nos leilões de energia elétrica realizados no país, desde 2009, outra fonte tem obtido grande destaque, a energia eólica, que com uma tecnologia bem desenvolvida e confiável tem a capacidade de oferecer ao país a oportunidade de praticamente triplicar sua geração de eletricidade.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Apresentar a energia eólica como alternativa a fonte hidráulica para geração de eletricidade no Brasil. Demonstrar que a diversificação da à chance do país usufruir de duas formas complementares que garantem segurança energética e crescimento econômico. Ratificar que esta fonte traz benefícios como criação de empregos e desenvolvimento sem prejuízo ao ser humano ou danos à fauna e flora.
MÉTODOS:
Visando atingir os objetivos propostos, foi empregada neste trabalho a metodologia de pesquisa bibliográfica. Este método foi o escolhido, pois auxilia a responder as questões levantadas durante o estudo, encontrar dados dispersos e completar raciocínios. Através de livros, artigos científicos e dados oficiais do governo brasileiro, foi possível obter informações da evolução da matriz elétrica de 2001 até 2011, do consumo elétrico no mesmo período e principalmente do nível percentual dos reservatórios das principais hidrelétricas. Publicações internacionais foram utilizadas para comparar a situação brasileira com outras semelhantes ao redor do mundo. Dados de pesquisas nacionais e internacionais foram utilizados para estimar a capacidade de produção de energia elétrica através das turbinas eólicas onshore e offshore. Por fim, foi possível obter informações sobre a influência das turbinas eólicas com a sociedade e o seu impacto no meio ambiente através das pesquisas realizadas por órgãos fora do Brasil.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A população exige dos governantes e empresas responsabilidade socioambiental, além disso, é consenso que a energia sustentável traz benefícios. A afirmação de que hidrelétricas são limpas contrasta com os níveis de gás metano dissolvidos na água dos reservatórios comparáveis a termelétricas. O racionamento atrasou o país, afetou o PIB e todos os setores levaram anos para retomar o crescimento. Hoje as hidrelétricas são construídas com reservatório fio d’água, medida para mitigar o impacto ambiental, ocorre que tanto essas usinas como de acumulação sofrem com a sazonalidade, aonde na seca os níveis chegam abaixo de 50% e coincide com o período de maior consumo de eletricidade. A favor da energia eólica está a complementariedade com a energia hidráulica, mesmo apenas com dados de velocidade de vento a 10 metros do solo métodos computacionais indicam uma capacidade de triplicar a geração elétrica, estima-se que para cada MW instalado 14 postos de trabalho são criados, as fazendas eólicas podem ser otimizadas com atividades agropecuárias e piscicultura. Sobre os impactos dessa fonte com relação ao ser humano, fauna e flora não há indícios de que ela cause problemas à saúde ou que o número de mortes das aves seja significante se comparadas a atropelamentos ou ataque de predadores.
CONCLUSÕES:
Comprovou-se que há complementariedade do regime eólico e pluvial, e uma capacidade de triplicar a geração elétrica sem evidências de danos à saúde humana, fauna e flora causada pelas turbinas. Confirmou-se que o país tem a possibilidade da diversificação e de grande crescimento através de uma fonte diferente da atualmente incentivada sendo importante para evitar racionamentos. Mais do que isso, a pesquisa mostrou que na atual situação o uso de termelétricas tem causado grandes problemas ao preço pago às hidrelétricas e ao bolso da população devido aos altos valores pagos às termelétricas que apenas entram em funcionamento para economizar água dos reservatórios das hidrelétricas. Este cenário proporciona uma evolução ideal para a energia eólica já que com a atual tecnologia viabiliza um custo por MWh abaixo do pago, hoje, à termelétrica e não tão alto quando comparado à hidrelétrica, derrubando mitos de que a energia eólica é cara ou uma fantasia insuficiente para iluminar as casas brasileiras como disse a presidente Dilma Rousseff. Ao contrário do que grande parte da população pensa, essa fonte traria uma maior segurança energética ao poupar o uso da água nas hidrelétricas, diminuiria o valor das tarifas, geraria empregos e traria desenvolvimento de nova tecnologia para o país.
Palavras-chave: diversificação da matriz elétrica, energia eólica, impacto ambiental e socioeconômico.