65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 3. Química Analítica
DETERMINAÇÃO DE ESTANHO EM EXTRATO DE TOMATE POR ICP OES
Isa dos Santos Barbosa - Departamento de Química Analítica, Universidade Federal da Bahia, Salvador/Ba
Elisângela Costa Santos - Departamento de Química Analítica, Universidade Federal da Bahia, Salvador/Ba
Elane Santos da Boa Morte - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, Campus Catu, Catu/Ba
Maria das Graças Andrade Korn - Departamento de Química Analítica, Universidade Federal da Bahia, Salvador/Ba
Joaquim Araújo Nóbrega - Departamento de Química, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos/SP
INTRODUÇÃO:
Os alimentos industrializados podem sofrer contaminação em qualquer estágio de sua fabricação. No caso de alimentos enlatados, esta contaminação pode ocorrer no seu preparo, estocagem ou durante o consumo pela população. Os efeitos destes contaminantes podem ser crônicos, no caso de ingestão por longos períodos ou agudos, quando ingeridos por pouco tempo. Nos últimos anos, tanto a composição mineral dos alimentos quanto os perigos que algumas substâncias químicas podem provocar quando incorretamente manipuladas, despertaram a atenção de órgãos especializados e do consumidor no sentido de minimizar os danos ao usuário. O estanho (Sn) é um metal tóxico, que em elevadas concentrações podem trazer graves interferências para o metabolismo do zinco no organismo humano. Organoestanhos, tais como tributil-estanho,dibutil-estanho e de butil-estanho, são mais tóxicos do que o estanho inorgânico. A toxicidade e atividade biológica de estanho estão também relacionados com o estado de oxidação das suas formas inorgânicas. Concentrações elevadas de estanho podem ocorrer em alimentos processados e enlatados.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho foi avaliar a concentração de estanho em extrato de tomate em diferentes tipos de embalagens e com o tempo de estocagem, após digestão ácida, empregando a espectrometria de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado (ICP OES).
MÉTODOS:
Foram adquiridas amostras de extrato de tomate, acondicionadas nas embalagens lata, vidro e caixa. As amostras foram digeridas em forno de micro-ondas com cavidade utilizando 2,0 g da amostra, 7,0 mL de ácido nítrico concentrado e 1,0 mL de peróxido de hidrogênio 30% empregando o programa de aquecimento com quatro etapas sucessivas. Na primeira etapa, a temperatura foi linearmente aumentada até 90 º C em 4 minutos; na segunda etapa, a temperatura foi mantida a 90 º C durante 2 min; na terceira etapa, a temperatura foi aumentada linearmente até 180 º C, em 6 min e, na quarta etapa, a temperatura foi mantida a 180ºC durante 15 min com potência máxima de 750 W. Após resfriamento os digeridos foram transferidos para frascos de plástico e levados a um volume final de 15,0 mL com água ultrapura. As amostras foram preparadas em quintuplicata e as soluções dos brancos foram preparados de forma análoga. O Sn foi quantificado por ICP OES simultâneo com visão axial, os parâmetros estudados foram: linhas de emissão, correção de interferências com padrão interno e supressor de ionização. Para validação foram determinados os limites de detecção (LOD) e de quantificação (LOQ), sendo que a exatidão foi avaliada utilizando um material de referência padrão produzido pelo Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia do típico dieta (NIST, SRM 1548a, EUA).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Comparando os resultados para o sistema de introdução 1 (câmara de nebulização Sturman-Masters e nebulizador V-Groove) e o sistema 2 (câmara de nebulização ciclônica e nebulizador concêntrico do tipo SeaSpray) verifica-se que o segundo apresentou maior sensibilidade, mostrando assim a melhor aplicabilidade para determinação de estanho em baixas concentrações. Os resultados obtidos para a concentração de estanho nas amostras de extrato de tomate investigadas durante 5 meses de estocagem não apresentaram diferenças significativas para as quatro linhas de emissão estudadas (189,927, 224,606, 242,170 e 283,998 nm). A linha de emissão 283,998 nm foi a selecionada para a determinação de Sn pois apresentou maior sensibilidade e se mostrou livre de interferentes. A intensidade de emissão não foi afetada com a adição de Cs ou La como supressor de ionização nem com o uso de Y, Ga, In e Sc como padrões internos. As faixas de concentração obtidas para o período de 30 dias, para as diferentes embalagens foram, em mg Kg-1: 2,67-17,7 (lata), 0,482-18,5 (caixa) e 2,30-11,9 (vidro). Apesar do teor de estanho ter aumentado quase 100% para uma das amostras num período de 5 meses, as concentrações ainda estão bem abaixo do valor máximo regulamentado pela ANVISA, que é de 250 mg Kg-1.
CONCLUSÕES:
A utilização de embalagens de folha de flandres pode resultar em contaminação uma vez que o estanho que compõe a embalagem poderia se dissolver no alimento. A monitorização deste processo é, portanto, importante para garantir o controle de qualidade padrão e industrial. O método desenvolvido, empregando a digestão ácida em forno de microondas e detecção por ICP OES, foi validado para amostras de extrato de tomate enlatados. Cinco linhas de emissão de estanho foram testados, e apenas a linha de emissão 283,998 nm era robusta o suficiente com relação a interferências, especialmente em baixas concentrações de estanho. O método é muito sensível, apresenta baixo limite de detecção e pode ser aplicado para o controle de estanho em vários alimentos enlatados e bebidas. Os valores de estanho nas amostras analisados neste estudo não ultrapassou o nível máximo admissível para Sn em alimentos como previstos pelos regulamentos de alimentos no Brasil (Decreto n º 55.871-SVS do Departamento de Saúde).
Palavras-chave: estanho, extrato de tomate, ICP OES.