65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 1. História da Cultura
DIÁLOGOS QUE CONSTROEM OUTRAS HISTÓRIAS NA AMAZÔNIA: DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS AO ASSENTAMENTO AGRÍCOLA VILA AMAZÔNIA, PARINTINS-AM.
PATRÍCIA REGINA DE LIMA SILVA - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
FELIPE MARINHO FERREIRA - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
ADRIANO COSTA DE SOUZA - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
ANA REGINA PANTOJA GUERREIRO - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
JOÃO MARINHO DA ROCHA - Profº. MSc. /Coordenador. Depto. História. Universidade do Estado do Amazonas.
INTRODUÇÃO:
A história da Amazônia foi pautada em processos de diálogos muitas vezes violentos, caracterizada por políticas implementadas sem muita relação com as populações locais (FREITAS, 2009; LOUREIRO, 2010). Isto acabou gerando muitos processos de Etnocídios que se materializaram em memórias amplamente conhecidas na região que remetem as populações rurais aos campos do determinismo ecológico, messianismo, enfim, que acabaram apagando muitos dos sujeitos locais das Historiografia amazônica. Nas últimas duas décadas, no entanto assistimos a um movimento em que sujeitos tradicionais dos vários cenários amazônicos (várzea, terra firme, meio rural, urbano), também são chamados pelos estudos a comporem outras explicações para suas próprias vidas. Isto abriu espaços de diálogos entre saberes tradicionais das comunidades e saberes das universidades que se instalaram no interior da Amazônia como é o caso da Universidade do Estado do Amazonas-UEA que está presente nos sessenta e dois municípios do estado do Amazonas, a exemplo do Centro de Estudos Superiores de Parintins-CESP. O curso de História deste centro vem experienciando esse diálogo entre os saberes acadêmicos sobre o ensino e a escrita da História Local e os professores de história de comunidades rurais do Assentamento de Vila Amazônia.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Geral: Analisar uso de fontes orais para auxiliar processos de escrita e ensino de História em comunidades do Assentamento Agrícola de Vila Amazônia. Específicos: a) Realizar estudo teórico-metodológico sobre temáticas como: História Local, Memória Oral, Identidade, Escrita e Ensino da História. b) Produzir textos sobre História Local, Memória Oral, Identidade, Escrita e Ensino da História.
MÉTODOS:
O projeto foi desenvolvido amparado numa perspectiva da pesquisa qualitativa, onde os processos devem ser tratados num contexto e as falas dos sujeitos só fazem sentido em relação com outros elementos (SANDÍN ESTEBAN, 2010). Desenvolvido em diálogo entre professores e acadêmicos de História da Universidade do estado do Amazonas, Campus Parintins e professores de História de duas comunidades rurais do assentamento agrícola de Vila Amazônia, a 6 km por via fluvial da sede do município. Teve etapas: Inicialmente ocorreram visitas às comunidades rurais para conhecer as realidades locais do ensino de História. Tais idas serviram para apresentar a proposta do projeto aos professores de História e Coordenadores pedagógicos, assim como articular as viabilidades de aplicação do trabalho em cada comunidade. Na sequência realizamos estudo teórico metodológico para entender as articulações entre Memória, História, Identidade e utilização de fontes orais ao ensino e escrita da História Local (DELGADO, 2010). Após esse momento ocorreu à produção de três textos e um guia prático de História Oral, que organizados em um bloco foi socializado com professores de história das comunidades para apoiá-los no processo de ensino com pesquisa a partir de suas realidades.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O projeto possibilitou uma janela de diálogo com professores de História das comunidades rurais. As idas até essas realidades nos ajuda enquanto instituição que se faz para o interior a repensar o quanto nossa função é importantíssima no processo bonito e doloroso que hora passa a região amazônica que é escrever e ensinar outras Histórias. Desta vez por nós mesmo, não por religiosos, viajantes ou naturalistas que por aqui passaram. Estar nas comunidades é sentir-se útil à educação no Baixo Amazonas. Percebemos que a educação básica e a ciência tida como superior carecem cada vez mais dar-se as mãos nestas partes do Brasil. Entendemos que a Universidade do Estado do Amazonas, Centro de Estudos Superiores de Parintins UEA/ CESP, está nessa direção, quando insere centenas de profissionais da História nos variados espaços amazônicos como as cidades do baixo amazonas, mas destacamos aqui o meio rural, onde as possibilidades para o ensino da História são menores em relação à cidade, e por isso carece de sujeitos que sabem, agora, escrever e ensinar uma História que dialoga com as culturas, os saberes e as memórias locais para realizar uma educação que promova transformações sociais significativas nas vidas dos brasileiros que ali se encontram.
CONCLUSÕES:
O projeto possibilitou compreensão de alguns processos teóricos metodológicos da escrita e ensino da História e de como articular a pesquisa histórica, a partir da sala de aula, seja no meio urbano ou rural, onde fomos exercer nosso magistério. Outra questão iluminada aqui é a necessidade que a Amazônia tem do diálogo entre saberes para a construção de novos cenários, onde os sujeitos que fazem a história também possam ter suas experiências analisadas para compor uma Ciência que se deixa “contaminar” pelas múltiplas realidades Amazônicas. Se realizados nessa direção os diálogos que hora realizamos na região devem superar equívocos historicamente instituídos e validados pelo senso comum de outras regiões deste país, que também carece de conhecer-se para então pensar em políticas que possibilitem de fato desenvolvimentos adequados a cada região. No caso da Amazônia, deve contribuir para torná-la mais conhecida que falada, mais vivida do que discutida e principalmente mais realidade do que mito.
Palavras-chave: Diálogo entre saberes, Comunidades rurais amazônicas