65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
REMOÇÃO DE RODAMINA B POR BIOSORÇÃO UTILIZANDO BRÁCTEAS DE Araucária angustifólia
Caroline Aparecida Matias - UFSC – Campus Curitibanos
Leonardo Jonathan G. Gomes de Oliveira - UFSC – Campus Curitibanos
Reginaldo Geremias - UFSC – Campus Araranguá
Joni Stolberg - UFSC – Campus Curitibanos
INTRODUÇÃO:
Nas indústrias da produção de papel e celulose, têxtil e de alimentos são utilizados grandes volumes de água de boa qualidade que ao final do processo serão devolvidos ao ambiente. Na produção existem etapas que envolvem o uso de corantes, reações de cloração ou acréscimos de aditivos, o que torna os efluentes repletos de substâncias potencialmente tóxicas. Assim, é necessário um correto tratamento antes do seu descarte final. A rodamina B é um corante orgânico utilizado na indústria têxtil e também na produção de laminados. A remoção deste e de outras substâncias pode ser realizada por biosorção. Na biosorção utilizam-se materiais de origem biológica como cascas, folhas, caules de plantas e outros subprodutos agroflorestais de pequeno custo. A Floresta de Araucária existente na Mesorregião Serrana do Estado de Santa Catarina contém brácteas no estróbilo feminino da Araucária angustifólia que são estéreis, ou seja, não contem o pinhão. Esta parte da pinha constitui um material lignocelulósico com grupos químicos apolares e polares em sua estrutura o que a torna um possível biosorvente. A efetividade dos sistemas de tratamento envolvendo remoção de efluentes tóxicos pode ser avaliada com o uso de bioensaios que envolvem testes de fitotoxicidade e toxicidade aguda.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Estudar as brácteas estéreis como biosorvente do corante rodamina B e avaliar a toxicidade de soluções deste corante antes e após o tratamento com o biosorvente utilizando Lactuca sativa L. (alface), Allium cepa L. (cebola) e o microcrustáceo Artemia sp.
MÉTODOS:
As brácteas estéreis foram coletadas na região de Curitibanos-SC em locais de comercialização de pinhão. O material foi pulverizado em moinho de facas e separado em duas granulometrias diferentes: maior que 60 mesh (B1) e menor do que 100 mesh (B2). Uma parte das brácteas pulverizadas foi tratada por fervura em água destilada por 2h, secas a temperatura ambiente e armazenadas em dessecador até o uso (BF1 e BF2). Utilizou-se brácteas pulverizadas tratadas e não tratadas para exposição em batelada (0,5g de material para 50mL de solução) a soluções aquosas de rodamina B (ʎmáx 553 nm) na temperatura ambiente. Os dados experimentais para o tempo de contato foram testados em modelos cinéticos de primeira e segunda ordem com aplicação de regressão linear. Soluções de corante na concentração utilizada pela indústria de laminados foi preparada e usada para avaliação da toxicidade antes e após a exposição as brácteas. A toxicidade foi avaliada através de teste de inibição de germinação de sementes e de biomassa de Lactuca sativa L., inibição do crescimento de raízes em Allium cepa L. e toxicidade aguda (CL50) em microcrustáceos Artemia sp.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados mostraram que o material BF1 apresentou remoção do corante superior a 99% quando comparada a B1 (74%) após 60 min de contato. Isso indica que o tratamento aumenta a capacidade de sorção ao liberar sítios que interagem com o corante. Os estudos comparativos de sorção entre os materiais BF1 e BF2 revelaram pequena diferença entre eles, com uma biosorção de 0,42 e 0,45 mg/g da rodamina B, respectivamente. Os dados cinéticos para os experimentos de sorção do sistema se adequaram satisfatoriamente ao modelo de segunda ordem o que indica que a etapa determinante da velocidade de sorção esta relacionada a formação de interações iônicas ou hidrofóbicas entre o corante e sítios do biosorvente. Os resultados de toxicidade permitiram demonstrar que a biomassa de Lactuca sativa L. e as raízes de Allium cepa L. estavam significativamente diminuídas no grupo exposto ao corante não tratado. Estes resultados sugerem que o corante não tratado foi capaz de provocar fitotoxicidade nos organismos bioindicadores utilizados e que o tratamento com as brácteas foi efetivo em termos de redução dos parâmetros de toxicidade avaliados. Não foram observadas diferenças na germinação de sementes de Lactuca sativa L. e toxicidade aguda para a Artemia sp. entre todos os grupos expostos.
CONCLUSÕES:
As brácteas estéreis da pinha de Araucária possuem afinidade pelo corante rodamina B e aumentam sua capacidade de remoção do corante quando tratadas. A diminuição do tamanho da partícula para as brácteas pulverizadas não amplia sua capacidade de remoção do corante. Para o sistema estudado, a velocidade da reação de sorção segue uma cinética de segunda ordem. O corante não tratado foi capaz de promover fitotoxicidade em Lactuca sativa L., e Allium cepa L., sendo que o tratamento com as brácteas promoveu a redução da toxicidade do corante.
Palavras-chave: Tratamento de efluentes, Biosorvente, Toxicidade.