65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
USO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS INTEGRADOS NO CONTEXTO DA ECONOMIA DE BAIXA EMISSÃO DE CARBONO NO PARÁ
Gabriel Máximo da Silva - Graduando em Engenharia Florestal – UFRA / Bolsista Embrapa Amazônia Oriental
Lucieta Guerreiro Martorano - Pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental e Professora do PPGCA/UEPA
Paulo Campos Christo Fernandes - Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental
Vitor Hugo da Silva Batista - Graduando em Engenharia Florestal – UFRA / Bolsista PIBIC EMBRAPA
Pedro Guerreiro Martorano - Engenheiro Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
Ronaldo Carlos Lucas - Bolsista de Pós-Doutorado da CAPES/EMBRAPA - Projeto PECUS
INTRODUÇÃO:
Os sistemas tradicionais de uso e ocupação das terras na Amazônia acumularam um passivo ambiental que deve ser recuperado com bases na legislação vigente, fundamentos científicos e suporte tecnológico. O Pará apresenta áreas com mais de 300 anos de antropização, localizadas no Nordeste Paraense. A expansão agropecuária está fortemente atrelada às políticas de ocupação territorial, exploração mineral e vegetal, construção de estradas e disponibilidade de áreas no meio rural. O modelo de sistema de produção, primordialmente seguia uma ordem cronológica, as pastagens eram implantadas após a exploração das florestas nativas. A mudança de concepção dos produtores ocorreu diante da conscientização quanto à necessidade de recuperar áreas de pastagens degradadas, viabilizar economicamente a atividade rural e atender às normativas legais. A adoção de um conjunto de práticas associadas a esta tecnologia é capaz de viabilizar a produção pecuária na Amazônia com sustentabilidade social econômica e ambiental. Estudos apontam que a agropecuária tem contribuído no processo de emissões de gases de efeito estufa, principalmente em pastagens com altos níveis de degradação. Sistemas agroflorestais integrados apontam indicadores de economia de baixa emissão de carbono no país.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Estimar quantitativos de produção em sistemas agroflorestais integrados tendo com base demandas anuais por matéria prima em Marabá e Paragominas, no contexto de economia de baixa emissão de carbono no Pará.
MÉTODOS:
As estimativas foram realizadas considerando valores contemplados na matriz de planejamento do Plano ABC, do Estado do Pará (SAGRI, 2012). Assim, para atingir metas previstas em sistema iLPF, utilizou-se os 30.000 ha previstos para 2012/2015 e os 100.000 ha para 2016/2020. Para áreas implantadas com florestas nos respectivos períodos, os totais considerados foram de 50.000 e 200.000 ha, respectivamente. Utilizou-se os percentuais de recomposição da cobertura natural, contemplados no Novo Código Florestal (Lei 12.651/2012), bem como os pressupostos da Política Nacional de integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF), Lei 708/07 aprovada em 2 de abril de 2013. Avaliou-se a expansão de novas tecnologias e mudança de paradigma de sistemas de produção agropecuária na Amazônia. Fez-se uma análise em termos de demanda do polo guseiro de Marabá, da ordem de 1,8 milhões de hectares de florestas plantadas para produção de carvão, além de demandas em Paragominas do Pólo moveleiro em MDF. Ao considerar que o Pará possui 11 milhões de hectares de pastagens (IBGE, 2006), sendo grande parte em processo de degradação, as estimativas para esses dois municípios servem como indicativos de atendimento de demandas dos Pólos Minero-metalúrgico e Moveleiro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Em Paragominas as mudanças de práticas tradicionais para sistemas agropecuários integrados em 2008 incorporou seis mil ha em sistema iLPF, ao final de 2012 (Fernandes et al., 2012) e três mil ha no Sul do Pará com esse sistema de produção. Tendo o ano referência 2012, em Paragominas existiam 304 mil ha de pastagens, em conversão de 1% ao ano das áreas de pastagens nesse município e, com adoção de tecnologias recomendadas pelo Programa ABC, as estimativas apontam que 60% da meta estadual até 2015 serão atingidas no município. Seguindo as metas até 2020, Paragominas contribuirá no Programa com 30% das metas. Essas projeções garantem a manutenção do rebanho bovino de 314 mil cabeças, adicionam áreas reflorestadas em 70 mil ha. O uso de sistemas agroflorestais integrados eleva a produtividade, adiciona áreas degradadas ao setor produtivo e supre demandas de animais confinados, garantindo os atuais 66% de área com floresta natural preservada, potencializando a expansão dos 151 mil ha de plantios de eucalipto (ABRAF, 2012) e agregando novos plantios de espécies nativas aos 118 mil ha de paricá no Estado (IMAZON, 2009). Essas estratégias apontam para oferta de matéria prima capaz de atender demandas do Pólo Moveleiro em Paragominas e do Minero-metalúrgico, em Marabá.
CONCLUSÕES:
Conclui-se que existe potencial do atendimento de demandas em economia de baixo carbono no Pará, expressas pelas estimativas de expansão de florestas plantadas em áreas de pastagens degradadas. O setor moveleiro em Paragominas e o polo guseiro de Marabá serão supridos até 2020 condicionados ao uso de sistemas agroflorestais integrados no contexto de economia de baixa emissão de carbono no Pará.
Palavras-chave: Agropecuária Sustentável na Amazônia, Código Florestal, iLPF.