65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 7. Meteorologia
UMA ANÁLISE DE TEMPERATURAS MÍNIMAS NO PARANÁ
Bruno Vidaletti Brum - UFSM
Adriano Battisti - UFSM
Letícia de Oliveira dos Santos - UFSM
Otávio Costa Acevedo - Prof. Dr./Orientador - UFSM
INTRODUÇÃO:
A temperatura mínima é uma das variáveis de maior interesse por parte da população em geral. Buscando contribuir no conhecimento para melhorar a previsão desta variável, Battisti et al. (2010) estudaram a influência do relevo nas temperaturas mínimas do Rio Grande do Sul, ao evidenciar a forte influência que o vento exerce nas mesmas, em diferentes perfis topográficos. Em regiões de baixadas, nas noites de pouco vento, as temperaturas tendem a ficar mais baixas, devido ao desacoplamento com os níveis mais altos. Já as regiões de topo têm dificuldade em desacoplar, fazendo com que as temperaturas mínimas fiquem mais altas do que em uma baixada na mesma altitude. Fazendo um estudo semelhante, mas para o estado de Santa Catarina, Santos et al. (2012) encontraram resultados parecidos. No mesmo sentido Brum et al. (2010) mostraram o aumento da dificuldade da previsão de temperatura mínima que um modelo de mesoescala apresenta nas noites de vento mais fraco.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Com o objetivo de estender a análise e aumentar a confirmação dos resultados, estudou-se a influência do relevo nas temperaturas mínimas do estado do Paraná. Com isso, pretende-se descobrir se os resultados encontrados pelos autores citados acima serão semelhantes aos encontrados neste trabalho.
MÉTODOS:
Utilizou-se dois anos (02/2008 a 01/2010) de dados para 20 estações automáticas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), localizadas no estado do Paraná. Destes, extraiu-se a temperatura mínima de cada dia, o vento médio de 24 horas e noturno e a velocidade do vento na hora da temperatura mínima.
A análise dos dados fez-se através do programa estatístico R, plotando-se as temperaturas mínimas em função do vento, agrupando as estações conforme o relevo. O que gerou quatro classes topográficas: planície: altitude da estação até 200 metros (Ilha do Mel e Morretes); serra: altitude acima de 300 metros e com acidente para baixo de pelo menos 300 metros nos arredores, atingindo uma área de no máximo 10 quilômetros da estação (Curitiba, Ivaí, Joaquim Távora, Nova Fátima); planalto baixo: altitudes de 200 a 500 metros e sem característica de serra (Cidade Gaúcha, Diamante do Norte, Foz do Iguaçu, Goioerê, Icaraima, Marechal Cândido Rondon, Planalto); planalto: acima de 500 metros e sem característica de serra (Castro, Clevelândia, Dois Vizinhos, General Carneiro, Ibaiti, Inácio Martins, Maringá). As altitudes são em relação ao nível médio do mar. Usou-se, ainda, o método média de blocos. Por fim, os dados foram suavizados e ajustados para evitar a forçante climática anual.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Analisando-se as estações de planície, percebe-se que a temperatura mínima de Ilha do Mel apresenta maior dependência do vento, tornando-se mais baixa quando o vento fica mais fraco, da mesma forma que os autores citados encontraram para grande parte das estações já estudadas. Contudo, na estação de Morretes, esta relação não é tão clara, pois o vento não exerce influência. Para as estações classificadas como planalto baixo, não observou-se a relação encontrada para Ilha do Mel, com exceção da estação de Planalto. Ao contrário, em algumas estações as temperaturas ficaram mais baixas com o aumento do vento. Para as estações classificadas em relevo tipo planalto, a temperatura mínima, em geral, apresenta uma dependência direta com o vento, apesar de mais fraca do que na estação de Ilha do Mel. Apenas as estações de Clevelândia, Dois Vizinhos e Maringá não apresentaram esta dependência. Na classe topográfica serra, claramente a temperatura mínima fica mais baixa à medida que o vento médio fica menor, para todas as estações.
Interessantemente, o resultado encontrado para a serra, classe de relevo acidentado, difere do encontrado pelos autores. Estes mostraram que havia uma relação não tão clara entre as duas variáveis relacionadas nas estações de topografia mais complexa.
CONCLUSÕES:
Com exceção de algumas estações, em geral, percebeu-se que a temperatura mínima tem uma relação direta com o vento, tornando-se potencialmente mais baixa nas noites mais calmas. Esta verificação foi mais uniforme para as estações de planalto e interessantemente de serra. Esta questão da serra pode estar associada à diferença entre a classificação topográfica adotada neste trabalho.
Apesar de não ocorrer de forma universal, os resultados aqui fortalecem as conclusões encontradas por Battisti et al. (2010), Brum et al. (2010) e Santos et al. (2012) de que em noites de pouco vento as temperaturas tendem a ficar mais baixas. Um estudo mais detalhado do relevo em volta de cada estação pode responder o porquê das disparidades existentes em algumas estações.
Palavras-chave: temperatura mínima, relevo, vento.