65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE CRIANÇA NA CONTEMPORANEIDADE
Viviane de Bona - Pós-Graduação em Educação - UFPE
Lícia de Souza Leão Maia - Profa. Dra./Orientadora – Depto.de Psicologia e Orientação Educacional - UFPE
INTRODUÇÃO:
Partimos da suposição de que a cultura contemporânea, denominada de cibercultura, onde ocorre a constante propagação das tecnologias, em especial as digitais, tem influenciado na maneira como a sociedade define a criança. Aprofundamos alguns aspectos relacionados à evolução histórica do conceito de criança e à inserção das tecnologias na sociedade, em especial na escola. Segundo Ariès (2006), a infância é uma construção da Modernidade, a qual possui consequências constitutivas sobre estes sujeitos em formação. A criança, até então figura secundária saiu da obscuridade e tem adquirido, notadamente na contemporaneidade, cada vez mais visibilidade social. Tomamos como referências teórico-metodológicas a teoria das representações sociais proposta por Serge Moscovici (1961), esta teoria busca entender as estruturas de conhecimento cognitivas e afetivas, oriundas da relação de reciprocidade entre o indivíduo e a sociedade, que facilitam e orientam o processo da informação social. Nosso intuito foi privilegiar uma perspectiva infantil, no qual a criança seja protagonista na produção de cultura e de conhecimento, apresentando-se por elas mesmas, bem como proporcionar que profissionais que estão em contato direto com crianças também apresentem suas representações sobre esses sujeitos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho é identificar as representações sociais de criança segundo professores e alunos da escola pública e analisar as suas relações com a presença das tecnologias digitais da informação na sociedade atual e na escola, em particular.
MÉTODOS:
A pesquisa permitiu a identificação e análise das representações sociais de 252 participantes, divididos em dois grupos: 200 professores, e 52 alunos com idade entre 7 e 13 anos, de escolas públicas estaduais e municipais da cidade do Recife – PE. Seguindo as orientações da teoria das representações sociais, utilizamos no levantamento dos dados questionário de caracterização dos sujeitos, teste de associação livre de palavras com as expressões indutoras: criança; tecnologia e criança (realizado com professores e alunos) e entrevistas semiestruturadas (realizadas com os alunos), onde foram questionados como é ser criança hoje e de que forma utilizam as tecnologias. Para a análise, buscamos auxílio do software estatístico Trideux e da análise de conteúdo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados apontam aspectos que parecem se perpetuar em relação à definição de criança: o brincar, ir para a escola, e bons sentimentos. Nos dois grupos aparecem elementos relacionados às dimensões: afetiva, identitária e sóciocognitiva que demonstram uma visão positiva, suave e romântica de criança que vão ao encontro do que Ariès (2006) chama de sentimentos modernos de infância. Na oposição de sentidos das representações sociais, notamos que o grupo de professores evidencia o homem provedor, responsável pela vida e o futuro das crianças. Enquanto que as professoras demonstram aspectos relacionados a um perfil de mãe ou de "tia" (professora) associados diretamente à constituição da família e a felicidade atribuída à infância. O grupo de alunos se refere a aspectos de diversão, sócio educativos e afetivos. Em relação à tecnologia é evidenciada a sua dimensão lúdica e formativa. Surge então, por parte dos professores elementos que apresentam a criança como conhecedora das tecnologias, com uma sabedoria natural no seu envolvimento com as mesmas, entretanto anunciam a necessidade de atenção aos perigos que estão expostos. Já os alunos demonstram se apropriar das tecnologias em suas brincadeiras, aparecendo como mais uma forma de lazer e nova maneira de comunicação entre colegas.
CONCLUSÕES:
Consideramos que existe uma influência recíproca dos dois grupos estudados, professores e alunos, nas formações de suas representações sociais sobre a criança na sociedade contemporânea. As convergências definem as crianças como uma categoria particular, com características e limitações peculiares. Essas definições são codificadas em normas e valores, se materializando em formas particulares de práticas sociais e institucionais, que por sua vez ajudam a produzir formas de comportamento, vistas como tipicamente infantis. Segundo os alunos as tecnologias fazem parte de sua vida, de sua casa, da escola e de seu mundo. Estão sendo integradas na vida cotidiana das crianças e a elas são atribuídas possibilidades de utilização no ensino. E um aspecto relevante encontrado na pesquisa, foi a dimensão formativa atribuída às tecnologias pelos alunos que a utilizam na escola com finalidade do desenvolvimento de sua aprendizagem. Alertamos para a importância dos trabalhos que integram as tecnologias e a sua utilização no espaço escolar. Outro aspecto que destacamos é o uso das tecnologias e presença destas nas instituições públicas de ensino. No levantamento do perfil dos participantes tanto alunos, quanto professores revelam a utilização dos aparatos tecnológicos.
Palavras-chave: Infância, Tecnologias, Ensino.