65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 3. Fisiologia de Orgãos e Sistemas
RESPOSTAS MANUAIS PARA FACES ALEGRES E COM MEDO: EVIDÊNCIAS DE DIFERENÇAS INTER-HEMISFÉRICAS
Marcelo Rodrigues Coppo - Departamento de Neurobiologia - PPG em Neurociências - UFF
Sarah Carvalho-Oliveira - Departamento de Neurobiologia - PPG em Neurociências - UFF
Larissa Verônica Kamarowski - Departamento de Neurobiologia - PPG em Neurociências - UFF
Luiz G Gawryszewski - Departamento de Neurobiologia - PPG em Neurociências - UFF
INTRODUÇÃO:
O hemisfério direito tem sido considerado como o hemisfério dominante para o processamento das emoções. Todavia, existem vários trabalhos mostrando que, tanto em pessoas normais como em pacientes com lesões cerebrais, existe uma especialização hemisférica, tal que o hemisfério esquerdo é especializado em processar as emoções positivas e o hemisfério direito, as emoções negativas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho analisar a evolução temporal das respostas manuais a estímulos com valências positiva (Face Alegre) e negativa (Face com Medo).
MÉTODOS:
Fotografias de faces expressando Alegria ou Medo foram apresentadas no centro da tela de um computador. Em um bloco de 160 testes, os voluntários deviam responder pressionando a tecla direita quando aparecesse uma face alegre e a tecla esquerda quando a face expressasse medo. No outro bloco, deviam responder de maneira inversa: responder apertando a tecla esquerda quando aparecesse uma face alegre e a tecla direita, quando aparecesse uma face com Medo. A ordem dos blocos variava entre os voluntários Os voluntários foram divididos em dois grupos: o grupo canônico, no qual a resposta usando a mão direita era mais rápida para a face alegre do que para a face com Medo e um grupo não canônico com um padrão inverso de resposta. Os Tempos de Reação Manual (TRM) corretos de cada grupo foram medidos em cada condição experimental: Face Alegre-Tecla direita; Face com Medo-Tecla Direita; Face Alegre-Tecla Esquerda e Face com Medo-Tecla Esquerda. Os TRMs em cada condição foram ordenados em ordem crescente, divididos em cinco intervalos (quintis) e a média dos TRMs para cada intervalo foi calculada. Estas médias foram submetidas a uma ANOVA com os fatores Grupo, Emoção, Tecla e Intervalo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os principais resultados foram: o TRM médio observado no Grupo canônico (455 ms) é menor (p<0,01) do
que no Grupo não-canônico (504 ms) e existe uma interação tripla Grupo, Emoção e Tecla (p < 0,02) tal que no Grupo canônico, os TRMs médios para as condições Alegria-Tecla direita, Alegria-Tecla Esquerda,
Medo-Tecla Direita e Medo-Tecla Esquerda são respectivamente: 444, 455, 471 e 449 ms e no Grupo,
os TRMs médios para as mesmas condições são: 515, 500, 494 e 505 ms, respectivamente.
CONCLUSÕES:
Estes resultados sugerem a existência de 2 grupos quando se considera a diferença das respostas executadas com a mão direita (comandada pelo hemisfério esquerdo) para uma Face Alegre e para uma face com Medo. O grupo que responde mais rapidamente para uma Face Alegre com a mão direita do que com a mão esquerda tem globalmente TRMs menores. Além disso, observa-se, nos dois grupos, que as respostas não diferem quando se considera a mão esquerda, sugerindo que, no Grupo canônico, existe uma facilitação e uma inibição das respostas para as respostas executadas com a mão direita para a face Alegre e a face com Medo, respectivamente. Um padrão inverso é observado no Grupo não-canônico, ou seja, uma facilitação e uma inibição das respostas para as respostas executadas com a mão direita para a face com Medo e a face Alegre, respectivamente. Estes resultados sugerem que várias variáveis podem estar envolvidas na especialização hemisférica para estímulos positivos e negativos.
Palavras-chave: Emoção, Especialização hemisférica, Tempo de reação manual.