65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 3. Toxicologia
CITOTOXICIDADE E ATIVIDADE HEMOLÍTICA DO EXTRATO AQUOSO DA ENTRECASCA DE Chrysobalanus icaco L.
Larissa Cardoso Corrêa de Araújo - Depto.de Antibióticos – UFPE
Sandrine Maria de Arruda Lima - Depto. de Antibióticos – UFPE
Tatiane Bezerra de Oliveira - Depto. de Antibióticos – UFPE
Teresinha Gonçalves da Silva - Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Antibióticos – UFPE
INTRODUÇÃO:
As plantas fazem parte da vida do homem desde os primórdios, sendo o seu uso no tratamento de diversos transtornos da saúde umas das formas terapêuticas mais antigas. No Brasil, o uso de plantas é um hábito bem difundido devido ao contexto histórico-cultural do país. A medicina popular do país é reflexo das uniões étnicas entre os diferentes imigrantes e os inúmeros povos que difundiram o conhecimento das ervas locais e de seus usos. Embora a utilização dessas plantas tenha tradição sustentada pela crença de uma terapia eficaz e livre de efeitos tóxicos, a validação científica dos fitoterápicos é uma etapa inicial obrigatória para a utilização correta das plantas medicinais e seus compostos ativos. Chrysobalanus icaco L. (Chrysobalanaceae) é uma planta nativa das áreas costeiras do continente americano, sua casca e entrecasca são utilizadas na medicina popular para o controle de diversas patologias, tais como hiperglicemia, inflamações e diarreia crônica. Neste contexto, este trabalho visa à investigação científica da citotoxicidade do extrato aquoso da entrecasca de Chrysobalanus icaco L., tendo como base o seu emprego na medicina tradicional.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente estudo teve por objetivo avaliar a atividade hemolítica e a citotoxicidade do extrato aquoso da entrecasca do caule de Chrysobalanus icaco (EACI).
MÉTODOS:
O material botânico foi coletado no município de Japaratinga/AL e a entrecasca seca e triturada. O extrato foi obtido por decocção (10g de pó para 50 mL de água) aquecida a 100 °C por 30 minutos. O decocto foi filtrado, rotaevaporado e liofilizado. Para avaliar a atividade hemolítica coletou-se sangue de camundongos swiss (Mus musculus) por punção cardíaca (n=3). Em microplaca de 96 poços, o extrato foi plaqueado em concentrações seriadas (500 - 31,25 µg/mL). Após adicionar a suspensão de eritrócitos, seguiu-se incubação por 1 h sob agitação constante a 28 °C, e repouso por mais1 h. O sobrenadante foi analisado em espectrofotômetro (450 nm). Para avaliar a citotoxicidade do extrato sobre células cancerígenas humanas, as linhagens NCI-H292 (Carcinoma de pulmão), HT-29 (Carcinoma de colón) HEp-2 (Carcinoma de laringe) e K562 (Leucemia mielóide crônica), na concentração de 105 células/mL foram tratadas com o extrato (50 µg/mL). Após 72 h, foi adicionado Brometo-3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2-5-difeniltetrazólio (MTT). Após incubação por 2 horas em estufa (37 °C), adicionou-se dimetilsulfóxido. A leitura óptica a 450 nm foi feita em leitor automático de placas. A inibição do crescimento celular foi calculada em relação ao controle não tratado, considerado como 100% de células viáveis.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A atividade hemolítica foi empregada para avaliar o potencial do extrato em causar lesões na membrana plasmática das células, pela formação de poros ou pela ruptura total, através da leitura óptica da hemoglobina liberada. Neste ensaio, o extrato não promoveu danos à membrana plasmática dos eritrócitos, ao contrário do controle positivo (Triton X- 100 a 1%). O ensaio do MTT, empregado para avaliar a citotoxicidade do extrato contra células cancerígenas, baseia-se na capacidade de células viáveis de reduzir o sal MTT a formazan. A citotoxicidade de EACI (50 µg/mL) inibiu o crescimento celular das quatro linhagens tumorais: NCI-H292, HT-29, HEp-2 e K562 em 21,7%, 2,2%, 12,2% e 34,9%, respectivamente. O EACI não mostrou atividade citotóxica significante para todas as linhagens testadas. A entrecasca de C. icaco, apesar de seu uso frente a várias doenças ainda não possui estudos na literatura que comprovem sua eficácia e uso seguro. Estes resultados sugerem que o uso desta planta não possui efeitos citotóxicos, no entanto, outros estudos toxicológicos são necessários para confirmar o uso seguro desta planta medicinal.
CONCLUSÕES:
O extrato aquoso da entrecasca de C. icaco não causa danos à membrana de eritrócitos murinos além de não apresentar citotoxicidade contra as linhagens cancerígenas humanas NCI-H292, HT-29, HEp-2 e K562. No entanto, estudos adicionais devem ser realizados a fim de possibilitar maior esclarecimento acerca da utilização segura da planta.
Palavras-chave: Plantas medicinais, Toxicidade, C. icaco.