65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
REESTRUTURAÇÃO DO ESPAÇO AGRÁRIO DO VALE DO SÃO FRANCISCO: A RELAÇÃO CAMPO-CIDADE NA AGROVILA DO NÚCLEO 07 DO PERÍMETRO IRRIGADO SENADOR NILO COELHO
Renata Sibéria de Oliveira - Depto. de Geografia, UFS
Herica Vanessa Fonseca Silva - Depto. de Geografia, UPE
Cícero Robson da Silva - Depto. de Geografia, UPE
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho analisa a espacialização da agrovila do núcleo 07 do perímetro irrigado senador Nilo Coelho como uma forma de compreender os problemas estruturais que envolvem as agrovilas nos perímetros irrigados do município de Petrolina – PE, bem como as interações que se estabelecem entre os espaços rurais e urbanos no contexto da reestruturação da produção após a década de 1990 no vale do São Francisco. Questiona-se a abrangência da responsabilidade do município de Petrolina na formulação de políticas públicas num território que pertence à esfera federal e o descaso com relação às necessidades básicas destas comunidades, que refletem na produção das desigualdades sócioespaciais.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar as causas e as implicações do crescimento da agrovila do núcleo 07 do perímetro irrigado Senador Nilo Coelho, suas transformações e especificidades no contexto das alterações nas relações campo-cidade a partir da consolidação das agrovilas no vale do São Francisco.
MÉTODOS:
Para a viabilização das análises, com o intuito de elaboração de alicerce teórico-conceitual que permita uma visão mais ampla sobre o tema em questão, utilizou-se como metodologia pesquisa bibliográfica e de campo, estruturados a partir de entrevistas, levantamento documental e fotográfico em órgãos responsáveis pela gestão da área. Neste ínterim, a escolha do método dialético como instrumento de análise possibilitará a apreensão da totalidade das relações, constituindo em uma importante ferramenta na compreensão das complexas relações que se estabelecem no movimento de produção do espaço geográfico. Na interpretação de MORAES (Ibid) as formulações a respeito de uma dialética do espaço permite chegar a algumas concepções interessantes, como, por exemplo, a de ver as formas espaciais enquanto processos sociais no sentido de que os processos sociais são espaciais, assim, a relação teoria e prática permite organizar o pensamento para ação como práticas propositivas na sociedade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Desde meados da década de 1990, verifica-se no vale do São Francisco uma nova reestruturação produtiva voltada para conquista de mercados internacionais. Diante desse novo processo, cada vez mais, a produção para o autoconsumo e a produção simples de mercadorias são substituídas pela economia de mercado. Para ELIAS (2006) essa dinâmica é responsável pela territorialização do capital e a oligopolização do espaço agrícola e tem promovido profundos impactos socioespaciais no campo e na cidade. SANTOS E SILVEIRA (2006) denotam que em seu conjunto, os respectivos processos trazem consequências para o funcionamento do espaço e sua estruturação, assim como para retroação do próprio espaço sobre a sociedade e a economia. As informações quanto as questões sociais e número exato de habitantes do núcleo 07 foram inviabilizadas pelo fato de não existir nenhum levantamento preciso neste sentido estima-se que o núcleo 07 possua cerca de 8.000 habitantes. O crescimento da Agrovila se deu de maneira muito acelerada, e hoje ela apresenta problemas pertinentes aos espaços urbanos que se apresentam como resultado de uma refuncionalização desta área que antes servia para abrigar e congregar os produtores rurais e hoje se tornou um espaço de atração de mão de obra.
CONCLUSÕES:
Com a reestruturação produtiva os pequenos produtores rurais que não conseguiram se reproduzir no espaço moderno foram vendendo seus lotes e passaram a ser mão de obra e continuaram habitando o espaço, a instalação de empresas de médio e grande porte tornou as agrovilas um espaço atrativo de mão de obra, foi criada uma nova vila para abrigar as pessoas que passaram a se deslocar tanto da zona urbana quanto de outras áreas rurais em busca de emprego. Este novo espaço ficou conhecido como Vila Nova e tornou-se uma espécie de periferia da Agrovila, lá as situações de moradia são muito precárias e as construções não são regularizadas e sim fruto de uma invasão. Esse processo explica em parte o crescimento populacional e a refuncionalização das agrovilas a partir da reestruturação produtiva, espaços que antes se constituíam como extensão dos lotes agora passam a ser residência dos trabalhadores agrícolas, pequenos comerciantes, pequenos e médios produtores e ex-colonos. Nessa perspectiva, esses espaços vêm se caracterizando como áreas nas quais o crescimento está diretamente articulado a expansão das empresas no campo que buscam mão de obra barata e desqualificada.
Palavras-chave: reestruturação produtiva, desigualdades sócioespaciais, espaço agrário.