65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 10. Comunicação - 6. Relações Públicas e Propaganda
TERCEIRO SETOR EM CRISE: UMA ANÁLISE DA SITUAÇÃO FINANCEIRA DAS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS NO CENÁRIO PERNAMBUCANO.
Tereza Raquel Barbosa Maia - Pós-graduanda em Planejamento e Gerenciamento de Eventos - SENAC
Lílian Vasconcelos Costa - Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas - ESURP
Tamiris Ferreira de Lima - Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas - ESURP
INTRODUÇÃO:
O terceiro setor se caracteriza pelo produto das transformações da sociedade como um todo, à medida que surgem problemas, a sociedade se organiza a fim de defender seus interesses, ou seja, terceiro setor é a sociedade civil organizada formalmente. Lee et alii (1997), define o terceiro setor como o conjunto de atividades das organizações da sociedade, que não pertencem ao Estado nem ao setor privado e que têm como objetivo a prestação de serviços públicos que o Estado não possui competência para suprir, como: saúde, educação, cultura, etc, englobando as Organizações Não Governamentais e os movimentos sociais que objetivam assistir a população no suprimento de necessidades básicas.
Portanto, para se manterem, essas instituições dependem da captação de recursos públicos e privados. Logo, a eficácia deste processo se fundamenta nas estratégias, serviços e projetos adotados pela instituição. Entretanto, é importante ressaltar que as crises financeiras mundiais afetaram financiamentos destinados às ONG’s brasileiras e que as organizações do norte/nordeste são ainda mais afetadas, como afirma França (2009). Logo, se faz necessário conhecer os recursos disponíveis, adequando-se estrategicamente a sua captação, para que essas organizações possam continuar atuando em prol da coletividade.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Identificar o cenário econômico atual das Organizações Não Governamentais pernambucanas.
MÉTODOS:
No trabalho apresentado foi utilizada como metodologia da pesquisa a entrevista em profundidade, sendo identificada como a que mais se adéqua ao caso, pois, para Jorge Duarte é a: “[...] técnica qualitativa que explora um assunto a partir da busca de informações, percepções e experiências de informantes para analisá-las e apresentá-las de forma estruturada.”(DUARTE, 2006, p. 62). Nesta pesquisa a amostra foi não probabilística, composta por quatro especialistas ligados a Organizações Não Governamentais no estado de Pernambuco, sendo profissionais, mestres e doutores de duas universidades, uma faculdade e uma ONG.
Como instrumento de coleta de dados foi utilizada uma vídeo câmera, visando uma melhor captação da comunicação visual dos entrevistados. As questões foram semiestruturadas, em uma entrevista do tipo semiaberta. O roteiro utilizado trouxe questões de núcleo comum e duas questões referentes à situação econômica das Organizações Não Governamentais no Brasil e à credibilidade dessas instituições. A pesquisa foi realizada entre os dias 26 e 28 de março de 2012, em locais estipulados pelos entrevistados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Baseado na pesquisa realizada, foi possível identificar que o cenário econômico das ONG’s em Pernambuco, a partir da década de 1990, vive uma situação de crise, que gradativamente se intensifica. Diversas causas foram apontadas, uma delas é o dano à credibilidade que essas instituições sofreram com o surgimento acelerado de ONG’s no país, nas quais muitas foram criadas com interesses privados de enriquecimento próprio, com o objetivo de desvio e lavagem de dinheiro público. Desta forma, os investidores internacionais se tornaram mais criteriosos, exigindo melhores projetos e concretização de resultados, pois não desejavam ter seu nome vinculado à instituições criminosas.
Atrelado a este fato, agências internacionais que eram grandes financiadoras, retiraram gradativamente seus apoios, pois, consideram que a problemática do Brasil, não é mais econômica nem de escassez de recursos, mas sim, uma questão política, de distribuição de renda e ajuste governamental. Além disso, outros países passaram a ser prioridade para esses doadores, devido a tragédias naturais e crises humanitárias, agravando ainda mais esta situação, assim como, aponta França (2009), vem a crise financeira mundial e a partir de 2008 a crise europeia, que afetou países que ainda apoiavam tais organizações.
CONCLUSÕES:
Através dos dados obtidos pela pesquisa, conclui-se que atualmente, no Brasil, as Organizações Não Governamentais estão vivenciando um momento de crise financeira e as instituições pernambucanas são mais afetadas, devido a grande parte delas não possuir estrutura adequada e profissionais especializados para a captação de recursos.
Ressalta-se também, que atualmente há uma concentração de grandes empresas, localizadas no sul e sudeste, as quais optam por investir em instituições próximas a elas. Contudo, o aumento do número de ONG’s resulta em maior concorrência entre elas, dificultando sua ascensão.
Logo, para permanecerem ativas, é necessário se reposicionar através de estratégias diferenciadas de captação de recursos e contratação de profissionais com conhecimento especializado na elaboração de projetos. Contudo, é essencial que as organizações sociais conduzam suas ações de maneira ética e transparente, divulgando relatórios, prestando contas e mantendo uma política de portas abertas, desmistificando a imagem negativa acerca das fraudes e escândalos, e, portanto enaltecendo uma trajetória histórica de seriedade e comprometimento para com a sociedade.
Palavras-chave: Organizações Sociais, Captação de Recursos, ONG.