65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
PERFIL DE PORTADORES DE HIPERTENSÃO ARTERIAL RESIDENTES NO MUNICÍPIO DE CUITÉ, PARAÍBA, BRASIL
Leyla Helenna Gouveia Ribeiro - Graduanda em Nutrição da Universidade Federal de Campina Grande
Cristiane Cosmo da Silva - Graduanda em Nutrição da Universidade Federal de Campina Grande
Talyta Fernandes de Azevêdo - Graduanda em Nutrição da Universidade Federal de Campina Grande
Cândida Isabel de Figueiredo - Graduanda em Nutrição da Universidade Federal de Campina Grande
Poliana de Araújo Palmeira - Mestre em Alimentos, Nutrição e Saúde. Universidade Federal de Campina Grande
Vanille Valério Barbosa Pessoa - Mestre em Ciência da Nutrição. Universidade Federal de Campina Grande
INTRODUÇÃO:
A Hipertensão Arterial (HA) é uma doença crônica não transmissível (DCNT) considerada um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo¹’². A alta taxa de prevalência desta doença, assim como o aumento progressivo observado nas últimas décadas, caracteriza um processo de transição epidemiológica no Brasil representado pelo aumento da morbidade por DCNT e redução por doenças infecciosas3. Dentre muitos fatores este novo perfil é decorrente do envelhecimento populacional e por mudanças no estilo de vida e alimentação. Atualmente a HA é uma das principais causas de óbitos em adultos no Brasil4, assim como, fator de risco para doenças cardiovasculares. Neste sentido, o Sistema Único de Saúde recomenda estratégias de tratamento para auxiliar no controle e na prevenção de complicações. O tratamento não farmacológico consiste no controle de peso, adoção de hábitos alimentares saudáveis, redução do consumo de bebidas alcoólicas, abandono do tabagismo e prática de atividade física ¹,²,5. Diante da importância da HA para a saúde pública, torna-se importante conhecer o perfil do paciente hipertenso visando contribuir para um melhor planejamento das ações, e consequentemente com maior potencial de êxito e adesão pelo paciente.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho é caracterizar o perfil socioeconômico e os fatores de risco para complicações de portadores de hipertensão arterial atendidos em Unidades de Saúde da Família da zona urbana do município de Cuité-PB.
MÉTODOS:
Trata-se de um estudo transversal realizado com portadores de hipertensão arterial da zona urbana do município de Cuité-PB. Para definição da amostra foi utilizada a amostragem aleatória estratificada segundo os territórios das 5 Unidades de Saúde da Família (USF) na zona urbana do município. Adotou-se um erro igual a 0,05 sob nível de confiança de 95%, o que totalizou uma amostra de 236 hipertensos. Para a coleta de dados a quantidade de hipertensos por USF foi subdividida entre as microáreas dos agentes comunitários de saúde. A pesquisa de campo ocorreu entre os meses de setembro e outubro de 2011, e contou com a participação de 20 entrevistadores previamente treinados. Foi utilizado um questionário semiestruturado composto, dentre outras questões, por informações socioeconômicas, relacionadas à morbidade e aos fatores de risco para complicações. Ao final do trabalho de campo foram pesquisados 226 hipertensos. A análise estatística de dados foi realizada com o auxílio do pacote estatístico SPSS for Windows versão 13.0, e realizou-se análises descritivas de prevalência. O Índice de massa corporal foi categorizado segundo as normas da OMS e foram considerados sedentários, os indivíduos que praticavam menos que três sessões semanais de atividade física com trinta minutos de duração.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Com a análise de dados verifica-se que a maioria da população estudada é do sexo feminino (87,7%), possui baixa ou não tem escolaridade e com relação à ocupação são aposentados ou pensionistas. Dos entrevistados, 71,2% são idosos, o que segundo o estudo de Pierin et al (2011)6 pode prejudicar o controle da hipertensão, sendo a idade um importante fator de risco. Outra informação a se destacar é que 22,9% dos hipertensos estão abaixo da linha de pobreza, o que significa um dado importante para as políticas públicas atuantes no Brasil. Dos hipertensos entrevistadas 79,1% relataram ter antecedente familiar de hipertensão, comprovando a hereditariedade como um importante fator para o desenvolvimento da doença7. A prevalência dos entrevistados que referiram internação hospitalar por causa da HA foi de 14,9% e 27,2% relataram ter tido algum tipo de complicação relacionada com a doença. Algumas co-morbidades relatadas foram o Diabetes Mellitus e as dislipidemias. Importantes fatores de risco para complicações foram encontrados na maioria dos indivíduos, como o sedentarismo (61,1%) e o excesso de peso/obesidade (56,3%). Esses fatores aumentam as chances de mortalidade7 e tanto a pratica de exercício como o peso saudável representam importante benefício para a saúde do hipertenso8.
CONCLUSÕES:
Pôde-se concluir que o perfil dos hipertensos do município de Cuité é de risco para as complicações da morbidade, pois possuem vários fatores que contribuem para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares, como o sedentarismo, o excesso de peso, a presença de co-morbidades associadas, e as condições socioeconômicas desfavoráveis. Alguns desses fatores refletem a transição epidemiológica ocasionada pela mudança no estilo de vida e de alimentação. Diante disso o tratamento não farmacológico é de extrema importância a esses indivíduos, visto que este tipo de tratamento envolve estes hábitos de vida. A metodologia utilizada demonstrou potencial para caracterizar o perfil dos hipertensos de Cuité e os resultados são de fundamental importância para um melhor planejamento de ações locais. Por fim, estudos desta natureza podem contribuir para orientar a construção de políticas públicas de intervenção voltadas ao controle da hipertensão, considerando o contexto de populações residentes em regiões de vulnerabilidade.
Palavras-chave: Caracterização, Fatores de risco para complicações, Idosos.