65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 5. Protozoologia de Parasitos
HEPATOZOONOSE CANINA: RELATO DO PRIMEIRO DIAGNÓSTICO MOLECULAR EM CÃO NA CIDADE DE NATAL, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
Romeika Hermínia de Macedo Assunção Pereira - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Herbert Sousa Soares - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), USP
Marcelo Bahia Labruna - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), USP
Rosueti Diógenes de Oliveira Filho - Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA)
Nilza Dutra Alves - Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA)
Ana Carla Diógenes Suassuna Bezerra - Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA)
INTRODUÇÃO:
Hepatozoonose canina é uma doença transmitida por carrapatos e causada pelo protozoário Hepatozoon sp. No Brasil, existem poucos relatos da infecção e dados insuficientes sobre epidemiologia, patogenicidade, vetores, caracterização genética (Baneth et al., 2003) e principalmente diagnóstico (Otranto et al., 2011). H. canis e H. americanum são as espécies relatadas infectando canídeos, e sua diferenciação é baseada nos sinais clínicos, tropismo tecidual, achados patológicos e morfológicos (Baneth et al., 2000). Os sinais clínicos são inespecíficos (anorexia, mucosas pálidas, diarréia, vômito, febre, poliúria e polidpsia), podendo ser confundido com outras patologias levando a frequentes erros de diagnóstico (Paludo et al., 2003). Assume-se que Rhipicephalus sanguineus e algumas espécies do gênero Amblyomma sejam os principais vetores da doença em cães na América do Sul (O´dwyer, 2001). O diagnóstico baseia-se na visualização de células leucocitárias parasitadas em esfregaços sanguíneos, contudo tem-se preconizado o uso de técnicas imunológicas e biópsia (O´dwyer, 2001), além de diagnóstico molecular (Otranto et al., 2011, Kelly et al., 2013), auxiliando na precisão e agilidade no tratamento.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O trabalho teve por objetivo relatar o primeiro caso de diagnóstico molecular de Hepatozoon canis em um cão da cidade de Natal, estado do Rio Grande do Norte
MÉTODOS:
Relato do Caso: Foi atendido, em uma Clínica Veterinária particular, localizada na cidade de Natal, um canino, fêmea, sem padrão racial definido, com seis meses de idade, com queixa de falta de apetite e dificuldade de locomoção. Após anamnese, verificou-se que havia ausência controle parasitológico efetivo, principalmente contra ectoparasitas. O sangue foi colhido por venopunção cefálica para realização de hemograma e esfregaço sanguíneo. No esfregaço foram observados gametócitos de hemoparasitas do gênero Hepatozoon intraleucocitários (neutrófilos). Para confirmação do diagnóstico parasitológico, uma alíquota do sangue total foi encaminhada para Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), para realização extração de DNA e diagnóstico molecular através da técnica de Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR), utilizando um par de primers que amplifica um fragmento de 574pb do gene 18S rRNA do gênero Hepatozoon. O produto amplificado sequenciamento e submetido à análise BLAST, para verificar homologia com sequências correspondentes disponíveis no GenBank.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Ao exame clínico foi observado: apatia, mucosas hipocoradas e temperatura retal de 39,7°C. Hepatozoonose pode ser caracterizada por desenvolver quadro de infecção crônica com fases de expressão e remissão clínica em associação com parasitemia intermitente podendo induzir uma doença subclínica ou leve (Chiarelli, 2009). O diagnóstico parasitológico foi confirmado através da PCR e sequenciamento de DNA, presentando 100% de similaridade com H. canis. Segundo Pereira (2007), a técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) tem sido utilizada e se mostrado bastante eficaz para o diagnóstico. Com diagnóstico confirmado, foi instituído o tratamento do paciente em questão com Dipropionato de imidocarb, na dose de 5 mg/kg, via subcutânea, em duas aplicações com intervalo de 14 dias, Doxiciclina 10 mg/kg/BID por via oral e um suplemento vitamínico. Além disso, foi instituído um controle parasitário no animal a base de Fipronil e descritas recomendações de manejo. Duas semanas depois do início do tratamento o proprietário informou que o animal alimentava-se bem, estava mais ativo, mas não conseguia se locomover e que iria optar pela eutanásia do animal.
CONCLUSÕES:
Este é o primeiro relato de hepatozoonose canina por H. canis no município de Natal, confirmado através de diagnóstico molecular
Palavras-chave: PCR, carrapato, sinais clínicos.