65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 7. Economia Regional e Urbana
INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO: UMA COMPARAÇÃO ENTRE MIGRANTES E NÃO MIGRANTES EM GOIÁS
João Pedro Tavares Damasceno - Universidade Federal de Goiás - UFG
Priscila Casari - Universidade Federal de Goiás - UFG
Lilian Lopes Ribeiro - Universidade Federal do Ceará - UFC
INTRODUÇÃO:
Segundo o IBGE (2010), a região Centro-Oeste e, especificamente, o estado de Goiás, tem recebido um número expressivo de migrantes. Essa atração de migrantes, que buscam se inserir no mercado de trabalho goiano, está associada ao crescimento econômico do Estado. Conforme dados do IPEA (2010), entre os anos de 2003 e 2009, Goiás acumulou um crescimento de 30,6%, percentual superior ao da média brasileira que foi de 25,6% para o mesmo período. Na literatura recente sobre migração para o Estado de Goiás (ver Cunha (2000), Bezerra e Cleps Júnior (2004), Pádua (2008) e Amaral (2002, 2007 e 2009)), percebe-se que há um consenso entre os autores que as principais mudanças econômico-populacionais no estado começaram a acontecer com o projeto de “Conquista do Oeste”, no entanto, ainda são poucas as pesquisas que investigam as características dos migrantes que vem para o Estado de Goiás e as diferenças socioeconômicas da população migrante e não migrante. Pesquisas sobre as características dos migrantes e sua inserção no mercado de trabalho são importantes para a elaboração de políticas voltadas ao desenvolvimento regional.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo geral deste trabalho é comparar a inserção no mercado de trabalho de migrantes e não migrantes no Estado de Goiás, analisando suas diferenças socioeconômicas a partir dos dados do Censo Demográfico de 2010.
MÉTODOS:
Para atingir o objetivo, são utilizados dados do Censo Demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Essa base de dados foi escolhida, pois representa a totalidade da população e traz informações detalhadas sobre migração. São descritas algumas características socioeconômicas relacionadas ao mercado de trabalho para migrantes e não migrantes, quais sejam: (a) População Economicamente Ativa (PEA): percentual de pessoas que participam da PEA, sendo que a PEA é formada pelos indivíduos com dez anos ou mais que estejam trabalhando ou procurando emprego; (b) taxa de desemprego: percentual de pessoas desempregados (número de desempregados / pessoas que fazem parte da PEA); (c) tipo de emprego: percentual de pessoas em cada tipo de emprego, sendo: emprego formal, emprego informal, conta própria ou empregador (apenas para indivíduos empregados); e (d) rendimento total: rendimento mensal que inclui todas as fontes de renda, em R$. Assim, procura-se comparar a inserção de migrantes e não migrantes no mercado de trabalho goiano.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
No ano de 2010, segundo dados do Censo, 30,37% da população do Estado de Goiás era formada por migrantes. Comparando-se migrantes e não migrantes, verifica-se que há um percentual de maior de migrantes que participam da População Economicamente Ativa, 64,13%, enquanto, entre não migrantes, essa participação é de 60,97%. Isso mostra que, provavelmente, a migração para Goiás está associada ao objetivo de trabalhar no Estado. Em relação às taxas de desemprego, observam-se valores muito semelhantes para ambos os grupos: 6,39% para migrantes e 6,25% para não migrantes, indicando que não há discriminação contra migrantes na contratação. O tipo de emprego também foi analisado e pôde-se verificar que os migrantes se distribuem da seguinte forma: 22,49% em empregos informais; 53,44% em empregos formais; 21,78% são trabalhadores por conta própria; e 2,29% são empregadores. Já a distribuição dos não migrantes observada foi: 25,66% em empregos informais; 49,63% em empregos formais; 22,64% são trabalhadores por conta própria; e 2,07% são empregadores. Por último, o rendimento total mensal médio calculado foi de R$ 1.069,98 para migrantes e R$ 850,68 para não migrantes, mostrando que, em Goiás, os migrantes recebem, em média, remuneração 25,78% superior aos não migrantes.
CONCLUSÕES:
Os migrantes, portanto, encontram-se inseridos no mercado de trabalho goiano, exercendo trabalho formal, informal, por conta própria ou são empregadores. Essa mão de obra está sendo mais bem remunerada que a população não migrante e não apresenta alto desemprego, o que desmistifica a ideia onde o migrante é aquele individuo sem capital humano. Tais resultados demonstram que a migração para o Estado e Goiás é feita por indivíduos que almejam melhores condições de trabalho e admite-se que diferentes condições de mercado de trabalho ou econômicas e de bem-estar social nas unidades da federação de origem podem influenciar a decisão de migração e a escolha da região de destino para além das características pessoais dos indivíduos. Dessa forma, sugere-se a análise da origem dos migrantes, bem como seu nível educacional e formação profissional em futuras pesquisas.
Palavras-chave: Migração, Emprego, Rendimento.