65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 2. Helmintologia de Parasitos
AVALIAÇÃO DA SUSCEPTIBILIDADE in vitro DO Schistosoma mansoni FRENTE A BETA LAPACHONA
Joicy Kelly Alves da Silva - Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA) - UFPE
André de Lima Aires - Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA) - UFPE
Eulália Camelo Pessoa Azevedo Ximenes - Departamento de Antibióticos - UFPE
Alexandre José da Silva Góes - Departamento de Antibióticos - UFPE
Valdênia Maria Oliveira Souza - Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA) - UFPE
Mônica Camelo Pessôa de Azevedo Albuquerque - Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA) - UFPE
INTRODUÇÃO:
A esquistossomose é uma doença parasitária causada por helmintos do gênero Schistosoma. Acomete cerca de 207 milhões de pessoas no mundo (Chitsulo et al. 2000), sendo endêmica em 76 países e territórios, principalmente na África, Oriente Médio, América do Sul e América Central (GRYSEELS et al., 2006). Destes 207 milhões, estima-se que 85% vivem na África (WHO, 2010). Nesta estatística, destacam-se 120 milhões de indivíduos sintomáticos e 20 milhões de portadores da forma mais severa da doença. Estima-se ainda, que a esquistossomose exponha cerca de 779 milhões de indivíduos ao risco potencial de infecção no mundo (Steinmann et al. 2006).
A esquistossomose se apresenta como uma doença crônica infecciosa que afeta milhões de pessoas em todo mundo, sendo classificada como uma Doença Tropical Negligenciada “NTDs” (Hotez et al. 2006). A estratégia atual para o controle desta doença é a redução da morbimortalidade, tanto a nível individual como comunitário de áreas endêmicas, através da utilização de Praziquantel, uma pirazinoisoquinolina ativa sobre todas as espécies de Schistosoma (WHO, 2002). É uma droga bem tolerada, de uso oral, mas não protege o indivíduo de reinfecções e não apresenta atividade sobre vermes jovens. Soma-se a estes inconvenientes a possibilidade de desenvolvimento de cepas resistentes, motivo que vem preocupando as autoridades em saúde pública (Pica-Mattoccia and Cioli, 2003).
O uso cada vez mais frequente do praziquantel e a indisponibilidade de outra droga eficaz conduzem a uma situação de perigo eminente justificando a necessidade de se descobrir novos compostos esquistossomicidas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a atividade esquistossomicida in vitro da β lapachona frente a vermes adultos de Schistosoma mansoni.
MÉTODOS:
Sob condições assépticas, vermes adultos de S. mansoni foram recuperados por perfusão dos sistemas porta-hepático e mesentérico de camundongos infectados há oito semanas e, imediatamente, colocados em meio RPMI 1640 (Sigma) suplementado com HEPES (20mM), penicilina (100UI/mL), e estreptomicina (100µg/mL). Os vermes foram distribuídos em placa de cultura. Um par de vermes por poço foi colocado em 2 mL do mesmo meio acrescido de 10% de soro bovino fetal e incubados a 37ºC em uma atmosfera a 5% de CO2. Após 2 horas de adaptação dos vermes ao meio de cultura β lapachona foi adicionada à cultura atingindo concentrações finais variando de 6,12 a 200 µM. Vermes controles foram avaliados em meio RPMI 1640 com 1,5% de DMSO como grupo controle negativo e em 10µM de praziquantel como grupo controle positivo. Os vermes foram expostos a β lapachona por 120 h e monitorados a cada 24 h usando microscópio invertido. O efeito da β lapachona foi avaliado com ênfase na mudança da atividade motora, mudanças do tegumento e morte dos vermes. A morte foi definida quando nenhum movimento foi observado por no mínimo 2 minutos de observação. Todos os experimentos foram realizados em sextuplicatas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
β lapachona apresentou redução da atividade motora dos vermes de forma concentração e tempo dependentes. Nas concentrações de 100 e 50 microM todos os vermes apresentaram redução significante na atividade motora após 24 h. Os vermes tornaram-se gradativamente inflexíveis, com movimento em balanço e sem contração das ventosas exibindo fraca atividade motora até observar a perda completa dos movimentos. β lapachona também apresentou efeito sobre o tegumento dos parasitos. Após 24 h nas concentrações de 100 e 50 microM, o tegumento dos vermes apresentou extensas lesões. Bolhas em vários tamanhos emergiram ao longo do tegumento tornando-se numerosas com o passar do tempo de incubação. Algumas delas mostraram-se rompidas dando um aspecto áspero à superfície do tegumento. Áreas de extensas descamações foram observadas principalmente em vermes fêmeas.
A superfície do Schistosoma é reconhecida por suas funções secretoras, assimilação de nutrientes, proteção do parasito contra a resposta imune do hospedeiro (Capron et al. 1987 Pappas & Read 1975; Pearce & Sher, 1987). Todas essas características fazem do tegumento uma estrutura primordial a manutenção da viabilidade do verme. Assim, podemos inferir que as alterações tegumentares promovidas pela β lapachona são capazes de inviabilizar o verme e promover a sua morte.
CONCLUSÕES:
Apresentação das conclusões relacionando-as aos objetivos do trabalho.
Em síntese, nossos resultados indicam que β lapachona possui atividade esquistossomicida in vitro contra vermes adultos de S. mansoni podendo ser considerado um composto líder para o desenvolvimento de novos agentes esquistossomicidas.
Palavras-chave: Esquistossomose, Beta lapachona, Schistosoma mansoni.