65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
PERCEPÇÕES DOS ESTUDANTES DO CURSO DE LETRAS / PORTUGUÊS SOBRE A INCLUSÃO DE UMA ALUNA COM DEFICIÊNCIA VISUAL EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO ESTADO DE ALAGOAS
Elizete Santos Balbino - Depto. de Pedagogia - UNEAL
Ana Paula Monteiro Rêgo - Depto. de Letras e Ciências Contábeis - UNEAL
INTRODUÇÃO:
A história da educação das pessoas com deficiência, que culminou com a inclusão delas nos espaços escolares, se deu de forma lenta e envolvendo o movimento de vários segmentos da sociedade civil organizada. Assim, a inclusão dessas pessoas no ensino superior ainda está acontecendo de forma gradativa, mas perene e, constituindo-se ainda, um desafio presente neste nível de ensino. Este desafio consiste em conseguir que todos os alunos tenham acesso à educação superior de qualidade, por meio da inclusão escolar, respeitando as diferenças de toda ordem. A educação é um processo inerente a todos os seres humanos, que coincide com a etapa histórica em que as relações sociais passaram a prevalecer sobre as naturais (SAVIANI, 2003). Dessa forma podemos dizer então, que o homem é um ser social e é também produto e produtor das várias ralações vividas com os outros e, consequentemente, com o meio. Imbuídos neste pensamento, o presente estudo torna-se importante ao considerar a reflexão sobre a inclusão de uma aluna com deficiência visual no ensino superior, na perspectiva dos colegas de sala de aula, pois revela a necessidade de olhar a realidade acadêmica, de modo que enxerguemos, por dentro, a trama que envolve as relações estabelecidas entre os sujeitos e a questão da inclusão.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar a percepção que os estudantes do curso de Letras/Português têm acerca do processo de inclusão de uma aluna com deficiência visual em uma instituição de ensino su’perior do estado de Alagoas e, ainda, investigar como ocorrem as relações interpessoais estabelecidas entre a aluna com deficiência visual e seus colegas de sala de aula.
MÉTODOS:
A abordagem da investigação foi feita a partir de um enfoque qualitativo, pois na pesquisa qualitativa os dados são trabalhados de forma minuciosa, resultante do contato do pesquisador com os participantes do estudo e considerando a importância de se compreender não só as pessoas envolvidas da mesma forma que o ambiente em que elas estão inseridas. O estudo foi realizado no curso de Letras/Português de uma instituição de ensino superior do estado de Alagoas, cujos participantes foram doze colegas de uma aluna com deficiência visual, a idade média dos estudantes é de vinte e cinco anos, sendo a maioria do sexo feminino. Para a coleta de dados foi utilizado o questionário, por ser um instrumento de pesquisa constituído por uma série de questões sobre um determinado tema. Os participantes da pesquisa – chamados respondentes – devolvem o questionário preenchido ao entrevistador. A análise dos dados se efetivou a partir dos pressupostos da pesquisa qualitativa e da análise de conteúdos presente nas questões abertas, que é uma dentre as diferentes formas de interpretar o conteúdo de um texto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados mostraram que a maioria dos participantes percebia a colega com deficiência visual inserida no ensino superior com naturalidade, outros percebiam com curiosidade, admiração e solidariedade. Não foram registradas dificuldades nas relações estabelecidas entre a aluna com deficiência visual e seus colegas. Isso é importante, pois as relações de amizade não devem ser impostas, devem ser construídas, a partir de afinidades e identificações. É um processo que pode ser considerado seletivo e quando, superadas as primeiras dificuldades ocasionadas pela diferença associada à pessoa com deficiência, a convivência se torna menos conflituosa (MAZZONI, 2003). As relações interpessoais foram classificadas, na sua maioria como boa, outros classificaram como excelente e ótima. As pessoas com deficiência precisam de oportunidades para desenvolver as suas competências interativas, comunicativas e sociais. Quando estas competências são bem desenvolvidas e a sua utilização é sistemática as relações de amizade que forem sendo construídas contribuirão, por certo, para a inclusão de alunos, seja na escola, seja em outros ambientes (LIRA, 2005). E a partir da forma como cada ser humano estabelece essas interações com as pessoas em seu entorno, ele vai construindo o mundo a sua maneira.
CONCLUSÕES:
Ao finalizarmos esta pesquisa, podemos concluir que todos os estudantes participantes concordam, reconhecem e ressaltam a importância e o avanço da inclusão de alunos com deficiência nas instituições de ensino superior. As relações interpessoais estabelecidas entre a aluna com deficiência e seus colegas, que também foi o cerne deste estudo, foram consideradas imprescindíveis para o processo de escolarização da aluna com deficiência, no entanto, percebemos a falta de informações acerca desse processo e o despreparo da educação para atender a todo aluno independente do tipo de deficiência que apresentem. Desse modo foi possível reconhecer e faz-se necessário alertar para o fato de que essa inclusão vem se efetivando a partir de ações isoladas de algumas pessoas e, principalmente, da pessoa com deficiência, fato que precisa ser repensado por todos que fazem parte da comunidade acadêmica. Destarte, a inclusão neste nível de ensino não tem volta, é fato concreto e uma prova disso está no número de pesquisas que vem sendo produzidas atualmente. Devemos então, continuar estudando e pesquisando para encontrarmos estratégias que facilitem cada vez mais a inclusão, no sentido de garantir não só o acesso desses alunos na educação superior, mas também sua permanência e formação com sucesso.
Palavras-chave: Colegas de sala, Interação, Relações interpessoais.