65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS EM ESTUDANTES DE ENFERMAGEM DE UMA FACULDADE DE SÃO LUÍS, MARANHÃO.
Afonso Rodrigues Junior - Curso de Enfermagem, Faculdade do Maranhão, São Luís/MA.
Alexandra Barros Santos - Curso de Enfermagem, Faculdade do Maranhão, São Luís/MA.
Joseane de Araújo Chaves - Curso de Enfermagem, Faculdade do Maranhão, São Luís/MA.
Taynara Mychely dos Santos Araújo - Curso de Enfermagem, Faculdade do Maranhão, São Luís/MA.
Jefferson Diogo Sanches Dutra - Curso de Enfermagem, Faculdade do Maranhão, São Luís/MA.
Ana Caroline Mendes Ramos - Curso de Enfermagem, Faculdade do Maranhão, São Luís/MA.
INTRODUÇÃO:
Os transtornos mentais são responsáveis por 13% da carga de doenças do mundo, sendo que 90% dos casos diagnosticados são classificados como transtornos mentais comuns (depressivos, de ansiedade e somatização). Estudos epidemiológicos têm revelado que estes transtornos tem maior chance de surgir pela primeira vez no inicio da vida adulta, principalmente no período universitário. Diferentes estudos têm mostrado que a prevalência de transtornos mentais varia de acordo com a área de conhecimento, sendo que, na da área da saúde foram encontradas frequências de 6,7% (Fisioterapia) até 28,2% (Terapia ocupacional). Estudantes de enfermagem têm mostrado prevalências elevadas de sofrimento psíquico, com valores da ordem de 22% a 31,8%. Pelo exposto fica evidenciada a importância da realização de estudos voltados para este grupo de exposição, levando-se em conta a vulnerabilidade experimentada nesta etapa da vida e sua futura inserção no mercado de trabalho.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Estimar a prevalência de transtornos mentais comuns (TMC) em estudantes de enfermagem de uma instituição privada de ensino superior, identificando fatores sociodemográficos associados.
MÉTODOS:
Foi realizado um estudo de corte transversal descritivo com 96 estudantes de ambos os sexos, regularmente matriculados em todos os turnos, selecionados aleatoriamente do curso de enfermagem de uma faculdade privada de São Luís (MA). A coleta de dados ocorreu no primeiro semestre de 2013, após encerramento do prazo para a matrícula acadêmica. Os participantes responderam um questionário sociodemográfico e o instrumento SRQ-20 (Self-Reporting Questionnaire), que mede a frequência de transtorno mental (desfecho). Realizou análise descritiva fatorial dos grupos de sintomas. A associação de variáveis explicativas com o desfecho foi feita pelo teste do qui-quadrado, com nível de significância de 5%. A fórmula de Kuder-Richardson foi empregada para avaliar a consistência interna do instrumento. As análises estatísticas foram realizadas no Programa STATA 10.0.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A prevalência de TMC encontrada neste estudo foi de 33,3%. Este resultado é idêntico a um estudo realizado em 2005 que encontrou um valor de 33,3% entre estudantes de graduação em enfermagem. A prevalência de transtornos mentais varia de 30% a 46% em estudos internacionais e 25% a 34% nos estudos realizados no Brasil. Não houve associação significativa entre a presença de TMC e as variáveis estudadas. Entretanto, o sexo feminino, assim como os alunos trabalhadores, apresentaram maiores escores de TMC. Alguns autores afirmam que as mulheres possuem maior dificuldade de adaptação ao meio acadêmico. A alta demanda psicológica associada ao baixo controle do trabalho, ocorrendo com o exercício simultâneo da vida acadêmica, poderiam constituir fator de risco para a ocorrência de TMC. O instrumento SRQ-20 apresentou desempenho geral satisfatório (alfa=0,76), quando comparado a um estudo de validação do SRQ-20 (alfa=0,80). Os itens do SRQ-20 mais frequentes foram: assustar-se com frequência (52%), sentimento de tristeza (50%) e ideação suicida (44,79%). Estudos recentes têm mostrado prevalência de sintomas depressivos variando entre 21,8% a 26,06%. Além disso, taxas elevadas de pensamento suicida (56%) também têm sido descritas entre estudantes de enfermagem.
CONCLUSÕES:
A prevalência de TMC em estudantes de enfermagem foi elevada, sendo que o instrumento usado para sua aferição apresentou coeficiente de consistência interna satisfatório. Não foi possível estabelecer associações significativas entre as variáveis estudadas e o desfecho, entretanto, a frequência de TMC dobrou no sexo feminino e naqueles que concomitantemente trabalham e estudam. Durante a graduação em enfermagem, o aluno deve aprender a lidar com sentimentos de vulnerabilidade; com a gestão do crescente volume de informações; com o planeamento da carreira profissional; com o stress decorrente de certas características dos estágios práticos (fadiga, pacientes difíceis); com problemas relativos à qualidade do ensino e ao ambiente educacional; com o stress que está vinculado a características individuais e situações pessoais, situações stressantes representadas pela busca de independência e autonomia em relação aos pais, conflitos entre os trabalhos acadêmicos e lazer, conflitos ligados aos relacionamentos afetivos, além do desgaste ligado ao contacto com pessoas doentes e com a morte. A identificação precoce destes sintomas é fundamental, de modo a se oferecer apoio e tratamento adequados e prevenir danos à saúde provocados pelos TMC.
Palavras-chave: Saúde mental, Sofrimento psíquico, Universitários.