65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
UM ESTUDO ETNOGRÁFICO SOBRE A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO ALUNO NO CONTEXTO ESCOLAR.
Sarah Thalita Guimarães Costa - Pedagogia - Universidade Estadual da Paraiba
Camila Matos Viana - Pedagogia - Universidade Estadual da Paraiba
Paula Almeida de Castro - Centro de Educação – Universidade Estadual da Paraíba – Profa. Dra./Orientadora
INTRODUÇÃO:
Esse estudo buscou compreender os aspectos individuais dos processos de tornar-se aluno tomando como elementos epistemológicos marcas que caracterizam as singularidades culturais dos sujeitos. Não obstante, em lugar de identidade foi utilizado o termo identidades, cujo significado pretende lançar mão dos espaços e tempos com que esses sujeitos interagem. Pode-se afirmar que os aspectos da identidade que balizam a noção de pertencimento implicam mais do que a identificação do sujeito com o seu lugar de nascimento. Implicam também em complexas tessituras das quais emerge o sujeito escolar contemporâneo. As diversas formas de construção de identidades pelo aluno no contexto escolar sugerem que este recria para si, em diferentes momentos, o papel de aluno. Ele tenta se adaptar a uma nova condição identitária interposta em diferentes momentos de sua vida escolar. O sujeito flexibiliza suas ações, atitudes e valores de modo a tornar-se aluno para si e para os outros que permeiam o espaço da escola e da sala de aula. Esta flexibilização pode ocorrer, utiliza-se algumas das fases de transição na vida escolar de um aluno. É por estas experiências que o aluno cria estratégias de aprendizagem pela vivência em comunidades de pertencimento atendendo as demandas indicadas pela escola.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O trabalho tem como objetivo geral identificar os processos educacionais vivenciados pelos alunos para a delimitação de estratégias de aprendizagem. Destaca-se como objetivo específico a proposta de identificar e descrever as características das diferentes etapas do processo de escolarização a partir da vivência e interação de sala de aula entre o professor e o aluno.
MÉTODOS:
A abordagem etnográfica de pesquisa foi utilizada por permitir o acesso mais próximo possível às subjetividades dos sujeitos participantes, professora e alunos, através de narrativas sobre si mesmos e, ainda, permitindo ao pesquisador explorar, de forma significativa, o objeto de estudo. Acredita-se que que a etnografia da escola permite ao pesquisador desenvolver um olhar mais sensível para as questões que constituem o chão da escola. Uma das possibilidades de que se destaca, nesse contexto, é a pesquisa etnográfica crítica de sala de aula (MATTOS, 1992; DELAMONT, 1987). O estudo desenvolvido em uma escola pública estadual, localizada em Campina Grande, Paraíba, acompanhou a rotina de uma sala de aula – sexto ano da Educação básica. Utilizou-se como instrumentos a observação participante, fotografias, entrevistas etnográficas, documentos produzidos pelos participantes (cartas, desenhos e redações) e anotações de caderno de campo. O processo indutivo de análise possibilitou compreender as interações rotineiras de sala de aula através das falas dos participantes, eventos e registros fotográficos coletados durante a pesquisa de campo. A categorização dos dados foi realizada pela leitura do material pela equipe de pesquisa e resultados da análise através do software Atlas.ti.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Neste sentido, os processos identitários do aluno são, muitas vezes, pautados na identificação de “tendo que aprender como as professoras são para levar do jeito delas”, cumprir as regras escolares idiossincraticamente, ou seja, buscando conhecer qual é aquela que está valendo para o momento. Realiza a tarefa lançando mão das estratégias que vai desenvolvendo ao longo dos anos de escolarização. Estar matriculado em uma instituição educacional para alguns alunos implica em expectativas, interações que vão desde a vontade de conhecer o mundo pela leitura e escrita até a formação para o exercício profissional. De acordo com Meirieu (2005) para aprender o aluno “submete-se a regras arbitrárias, entra em um sistema – um tipo de jogo promovido pela escola – que tem como meta o reconhecimento e a promoção daqueles que melhor se adaptam às regras da instituição” (p. 80). O movimento da passagem do aluno da condição de não-saber para a de saber perpassa a busca de um equilíbrio entre o conhecimento que ele tem sobre o seu mundo exterior, a sua vivência interior e subjetiva sobre este mundo associada ao modo como ele aprende através desse entendimento, que, de um modo geral, é extraído do contexto institucional e da sala de aula (CHARLOT, 2001, 2005).
CONCLUSÕES:
Conclui-se indicando para o entendimento sobre as formas pelas quais o processo de construção de identidades do aluno se dá através da construção de seus modos de identificação originários de experiências adquiridas ao longo de sua trajetória escolar. Este processo envolve um movimento dialético entre flexibilidade, interação, pertencimento aos espaços escolares. As estratégias de pertencimento servem como cenário para a compreensão sobre os processos identitários dos alunos frente à demanda por escolarização na sociedade atual. Entende-se que é através do pertencimento que os alunos podem legitimar suas identidades em seus diferentes contextos de convivência, sobretudo na escola. Pertencer significa partilhar características, vivências e experiências com outros membros das comunidades de pertencimento, desenvolvendo sentimento de pertença. Os resultados desse trabalho apontam para a relevância do entendimento sobre a identidade do aluno para compreender o sujeito contemporâneo pela flexibilidade de suas ações buscando dar conta de melhor adaptar-se às múltiplas situações, adversas ou não, que se apresentam no seu dia a dia, acadêmico e profissional.
Palavras-chave: Etnografia, Pertencimento, Ensino e aprendizagem.