65ª Reunião Anual da SBPC

H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 6. Literatura

AMOR ENTRE IGUAIS: RELAÇÕES HOMOAFETIVAS EM OBRAS LITERÁRIAS

Maykel Cardoso Costa - Depto.de Letras - UFG Silvana Augusta Barbosa Carrijo - Profa. Dra./Orientadora - Depto.de Letras – UFG

INTRODUÇÃO:

A produção editorial de livros infantis e juvenis disponível a público atualmente tem crescido de forma bastante significativa. Para atender a todos os tipos de público e interesse, as obras literárias têm abordado temas antes não mencionados ou apenas apresentados de forma tangencial nas histórias. Dentre tais temas, destacam-se os que se relacionam à representação das identidades e relações de gênero (gender) em obras potencialmente voltadas para o público supracitado. A temática do gênero na literatura infantil e juvenil brasileira contemporânea foi escolhida como objeto de estudo também pela existência de poucas pesquisas acadêmicas que contemplem a questão voltada ao público selecionado. Além disso, outro fator instigante que leva ao desenvolvimento do projeto de iniciação à pesquisa científica é o fato de considerarmos tal processo como algo prazeroso. A melhor resposta à pergunta “Por que estudar a literatura infantil?”, e também a juvenil, seria, nos dizeres do ensaísta britânico Peter Hunt (2010, p. 43), “porque é importante e divertido”. Além disso, vale ressaltar a relevância social da temática, uma vez que fomenta o debate sobre formas de combate ao preconceito e à intolerância cultural.

OBJETIVO DO TRABALHO:

Como objetivo principal, investigou-se parte da produção literária infantil e juvenil brasileira contemporânea que contemplem como temática a representação das identidades e relações de gênero, mais especificamente as associadas às relações homoafetivas, considerando a leitura como fonte de conhecimento a respeito das diferenças, prevenindo agressões oriundas da ignorância.

MÉTODOS:

A principal abordagem metodológica para este trabalho foi a pesquisa teórica, baseando-se em aportes teóricos interdisciplinares. Tal mirada interdisciplinar se justifica na medida em que o campo epistemológico da literatura infantil e juvenil, situando-se na área de Letras, avizinha-se de áreas como a Educação, Psicologia, História e Antropologia, entre outras. Para constituir o corpus de análise literária, foi realizado um levantamento bibliográfica do qual selecionamos cinco obras que contemplam como temática as relações homoafetivas. A luz dos aportes teóricos acionados, foram realizadas análises interpretativas de tais obras, visando a discussão do tema proposto e divulgação do mesmo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Primeiramente, um levantamento de obras cujo enfoque condizia com a proposta da pesquisa foi realizado e, a partir deste, foi selecionado o corpus de análise. À medida que este era definido, a leitura das obras que o formavam era feita. Paralelamente ao estudo teórico, foi feita a sistematização dos resultados de tal estudo, da qual originaram comunicações orais em eventos acadêmicos e duas oficinas para divulgação do presente estudo. Tais oficinas se intitularam “Desfazendo nós: gênero e sexualidade na escola por meio da literatura infantil e juvenil” e “Ler, brincar, conhecer: literatura infantil, ludismo e cognição”. Textos com uma temática como a proposta aqui, num primeiro contato, pode causar estranheza ou algum sentimento de aversão devido ao fato de a mesma ser pouco trabalhada/discutida no ambiente escolar. No entanto deve-se acreditar na eficácia da poesia e “vendê-la” como necessidade, já que “ela nos organiza, nos liberta do caos e portanto nos humaniza” (CANDIDO, 2004:186). Para tal, foi feita análise de algumas obras para evidenciar tais aspectos. Para isso, foram tomadas as obras Meus dois pais (CARRASCO, 2010); Olívia tem dois pais (LEITE, 2010); Faca sem ponta, galinha sem pé (ROCHA, 2009); Homem não chora (SOUZA, 1994); e A princesa que escolhia (MACHADO 2006).

CONCLUSÕES:

Como desdobramentos do processo de pesquisa, demais trabalhos estão sendo produzidos para possível publicação em anais e/ou revistas especializadas, aconteceram comunicações orais sobre o mesmo e oficinas foram ministradas, o que é considerado satisfatório diante da incipiência dos estudos realizados nesse campo epistemológico. O estudo literário permite o conhecimento da construção do sujeito, como também facilita o processo de entendimento sobre como o homem podem modificar-se, recriar a consciência sobre si mesmo e sobre o outro. A literatura representa simbólica e esteticamente a questão da identidade e ambas podem ser vistas como uma construção social resultante da relação entre o sujeito e a sociedade. Por meio desse trabalho com obras literárias, surge a possibilidade de uma educação mais igualitária, que respeite a criança e o jovem na construção de sua identidade e que favoreça a constituição de pessoas sem práticas sexistas. Por meio da literatura, é possível fazer um trabalho consciente, tendo como estratégia de socialização a meta do respeito entre gêneros.

Palavras-chave: Literatura infantil e juvenil, Gênero, Homoafetividade.