65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 6. Sociologia Urbana
AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE PLANTAS MEDICINAIS POR ALUNOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZONIA, UFRA, BELÉM, PARÁ
Deyvid Novaes Marques - Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA
Eliciany de Nazaré Miranda Sanches - Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA
Cyntia Meireles de Oliveira - Profa.Dra./Orientadora – Instituto Socioambiental e dos Recursos Hídricos – UFRA
INTRODUÇÃO:
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, é fundamental que se realizem investigações experimentais acerca das plantas utilizadas para fins medicinais (Santos, 2004). O consumo de tais plantas tem base na tradição familiar, tornando-se uma prática muito comum na medicina popular. Em comunidades tradicionais, a comunicação oral é o principal meio pelo o qual o conhecimento é transmitido, sendo os membros mais velhos, geralmente, os responsáveis por transmitir essas informações para os membros mais novos. Essa transmissão em sociedades rurais ou indígenas é muito comum, porém, em comunidades urbanas isso não ocorre com tanta frequência (Brasileiro et al., 2008). Percebe-se que, à medida que as gerações evoluem e são substituídas, grande parte dessas informações vai se perdendo, sendo necessário o resgate das tradições e dos conhecimentos (Amarozo,1996).
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o consumo de plantas medicinais por acadêmicos da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), procurando estabelecer uma correlação entre o consumo de plantas medicinais em seu cotidiano, a utilização da fitoterapia e da faixa etária dos consumidores.
MÉTODOS:
Por meio de trabalhos publicados semelhantes ao proposto, foram aplicados questionários estruturados abrindo também espaço para a complementação e obtenção de informações de forma livre, com perguntas as quais abordaram desde o hábito de consumo de plantas medicinais até o conhecimento dos indivíduos entrevistados sobre os benefícios dessas plantas na sua utilização. O local da pesquisa quantitativa realizou-se na Universidade Federal Rural da Amazônia, campus Belém, Pará, onde foram escolhidos aleatoriamente 20 alunos de cinco diferentes cursos da instituição, totalizando 100 entrevistados, com idade entre 18 e 30 anos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os dados coletados permitiram constatar que, 64% dos entrevistados utilizam plantas medicinais contra 36% dos que não consomem, notando-se que a frequência de consumo concentrou-se em raramente, com 51,56%, com o consumo mensal apresentando o menor índice, com 6,25%. Embora todos os acadêmicos afirmem ter consciência sobre as diversas contribuições à saúde provenientes desse grupo de plantas, entre os consumidores e não consumidores, 32,81% e 27,78%, respectivamente, demonstraram obter conhecimentos referentes às plantas medicinais por meio de literaturas ou de profissionais da área. Na grande maioria, os entrevistados consumidores utilizam as ervas na forma de chá. Em relação à forma de consumo, 76,56% afirmaram adquirir os produtos em locais especializados (supermercados e farmácias). Em contrapartida, 23,44% adquirem tais produtos a partir de cultivo em casas ou por meio de feiras. Destaca-se ainda o estímulo familiar que os entrevistados afirmaram ter herdado para o hábito de consumir plantas medicinais, passados de geração após geração, com 89,06%. Resultados semelhantes foram encontrados por Nascimento et al. (2011). As espécies mais citadas pelos entrevistados foram: camomila (Matricaria recutita L.), boldo (Peumus boldus Molina) e hortelã (Mentha piperita L.).
CONCLUSÕES:
A maioria dos jovens estudantes consome produtos de plantas medicinais, o que tem sido amplamente repassado de geração após geração. O cotidiano dos acadêmicos pode ser determinante para aqueles que não consomem ou para aqueles que consomem raramente. A confiabilidade da fonte dos produtos foi um fator bastante levado em consideração pelos consumidores. Também nota-se que uma parcela mínima dos consumidores adquire tais plantas sem estímulo familiar, o que pode ser justificado pelo fluxo de informações sobre o tema no ambiente urbano. Entretanto, embora todos tenham admitido reconhecer a existência dos muitos benefícios provenientes dessas espécies, mais da metade dos que consomem não demonstrou ter conhecimentos específicos sobre o uso de plantas medicinais, assim como grande parte dos que não consomem obtêm tais conhecimentos. Portanto, no ambiente urbano, visando garantir conservação da tradição da utilização de medicamentos fitoterápicos, é necessário que não somente barreiras ao consumo sejam mais analisadas e sanadas, mas também aspectos relacionados à propagação e divulgação de informações relevantes e a nível científico.
Palavras-chave: Fitoterapia, Plantas medicinais, Saberes tradicionais.