65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Arquitetura e Urbanismo - 5. Arquitetura e Urbanismo
ANÁLISE QUANTITATIVA E QUALITATIVA DAS CONDIÇÕES ACÚSTICAS DOS AMBIENTES EXPOSITIVOS E EDUCATIVOS DO PARQUE ZOOBOTÂNICO DO MUSEU GOELDI
Felipe Melo da Costa - Museu Paraense Emílio Goeldi, MPEG – Belém/PA
Antonio Carlos Lobo Soares - Prof. Ms./Orientador - Museu Paraense Emílio Goeldi, MPEG – Belém/PA
Jose Luis Bento Coelho - Prof. Dr/Co-orientador – Universidade Técnica de Lisboa, UTL – Lisboa/PO
INTRODUÇÃO:
O Museu Goeldi é a instituição de pesquisa e o museu mais antigo da Amazônia brasileira. Criado em 1866, teve sua sede transferida para casa de campo do século XIX chamada de Rocinha, entorno da qual foi criado um Parque Zoobotânico – PZB, em 1895.
Este PZB possui uma área verde de 5,4 ha, com plantas tropicais e exemplares da fauna amazônica, além de monumentos em homenagem a personagens da história da ciência na Amazônia. Recebe cerca de duzentos mil visitantes por ano, e é um dos poucos fragmentos de florestas em Belém que conseguiu sobreviver ao acelerado crescimento da urbanização em seu entorno.
O bairro de São Braz, onde o PZB está localizado, vem se verticalizando e atraindo estabelecimentos comerciais e de serviço, aumentando o tráfego rodoviário, e a exposição ao ruído produzido por este. Ruído que invade o interior do PZB, afetando as portarias e os prédios da Rocinha, da Biblioteca, e do Auditório (LOBO SOARES, 2009). Alvos desta pesquisa, estes prédios são sensíveis ao seu uso e apresentam sintomas de que o ruído externo pode contribuir para a perda de sua qualidade acústica.
Ruído compreendido aqui, como um som desagradável, que não traz qualquer informação, mas é capaz de afetar o bem estar físico, psicológico e social das pessoas (SCHOCHAT et al., 1998).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar as condições acústicas dos espaços expositivos, educativos e portaria principal e de serviço do PZB do Museu Goeldi, visando proporcionar melhores condições de conforto ambiental aos funcionários e público visitante destes ambientes.
MÉTODOS:
O trabalho foi realizado por meio de uma abordagem quantitativa e qualitativa no período de agosto de 2012 a fevereiro de 2013, iniciando com pesquisa bibliográfica sobre o tema acústica de edifícios e o levantamento das plantas de arquitetura, histórico e técnicas construtivas dos prédios da Rocinha, do Auditório A. Rodrigues Ferreira, da Biblioteca Clara Galvão e portarias principal e de serviço do PZB.
Em seguida, aplicaram-se questionários aos funcionários, contaram-se os veículos por categoria - leve ou pesado - nas Av. Magalhães Barata, Alcindo Cacela e Tv. Nove de Janeiro e mediram-se os níveis de pressão sonora equivalente Laeq em dB(A), com o sonômetro Nº 3001019, da Bruel & Kjaer, modelo Nº 2270, posicionado a 1,2 m de altura do solo e 2 m de qualquer superfície refletora, obedecendo a NBR 10151.
O cálculo do tempo de reverberação – TR, médio em cada um dos ambientes, foi realizado em pelo menos três posições distintas dos microfones, com uma distancia mínima de 0,17 m da partição e 0,33 m da fonte sonora conforme orienta a ISO 354.
Os dados coletados e apresentados a seguir, são confrontados com as normas e legislações pertinentes sobre o tema e servem à compreensão das condições acústicas de cada um dos prédios investigados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Nas medições e contagem de veículos, a Av. M. Barata revelou-se a mais movimentada e ruidosa, seguido pela Av. A. Cacela e Tv. N. de Janeiro, esta a menos movimentada e ruidosa das vias, em razão da proibição da passagem de veículos pesados.
Os cinco prédios, possuem paredes de 30 cm nas Portarias, e 16m² de área na principal e 14,29 m² na de serviços; entre 40 e 60 cm na Rocinha, e 593 m²; entre 20 a 60 cm no Auditório, e 360 m²; entre 15 a 30 cm na Biblioteca, e 544 m². No resultado dos níveis do Laeq , houve aumento nos fins de semana, nos prédios da Port. Principal e Rocinha, devido ao grande fluxo de pessoas nesses ambientes. O inverso da Port. de Serviço e Biblioteca, que apresentaram redução em seus níveis, por não possuírem expedientes nos fins de semana.
Já no Auditório as medições ocorreram com este vazio e em uso, na plateia houve a maior diferença entre os níveis sonoros, aumentando em 37,7 dB(A), quando este estava em uso.
O TR foi de 0,63 s, na Port. Principal; 0,91 s, na Port. de Serviço; 0,70 s, na área da plateia do Auditório e 1,56 s, na Biblioteca.
O isolamento sonoro das paredes dos prédios poderia ser melhor se as frestas nas esquadrias fossem eliminadas, daria ganhos de até 13 dB em relação às portas, e de 20 a 40 dB nas janelas (SOUSA, 2009-2010).
CONCLUSÕES:
As principais causas do elevado ruído dentro dos prédios foram: as esquadrias de portas e janelas precárias; o baixo isolamento acústico entre telhado e forro na maioria dos prédios; e a descontinuidade do muro que circunda o PZB, nos trechos das Av. M. Barata e A. Cacela, o qual poderia servir de barreira acústica, conforme NBR14313.
As medições sonoras ficaram acima do tolerado pela NBR10152, de 45 a 55 dB(A) para ambientes como as portarias, e de 35 a 45 dB(A), para ambientes como Auditórios e Bibliotecas.
A intolerância a estes decibéis elevados ficou evidente nas entrevistas aos funcionários, os quais alegaram incômodo causado pelo ruído do tráfego de veículos nas vias de entorno do PZB, que os obriga a elevar o tom de voz no ambiente de trabalho.
Os tempos de reverberação dos ambientes estão de acordo com a NBR12179 nas portarias e Rocinha, acima desta no prédio da biblioteca e abaixo no Auditório, para a finalidade de uso destes ambientes.
Recomenda-se: melhorar o isolamento acústico de forro e piso; eliminar frestas, incluir material resiliente e aumentar a espessura de vidros em esquadrias de portas e janelas; aprofundar a análise dos materiais de revestimento interno do auditório e da biblioteca.
Palavras-chave: Parque Público Urbano, Ruído Urbano, Acústica de Edifícios.