65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
LEPIDÓPTEROS (INSECTA: LEPIDOPTERA) COLETADOS COM ATRATIVO LUMINOSO NO PARQUE NACIONAL SERRA SE ITABAIANA, SERGIPE, BRASIL.
Arivania Santos Pereira - Departamento de Ciências Biológicas - UFS
José Oliveira Dantas - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe - IFS
Ana Paula Marques Costa - Departamento de Ciências Biológicas - UFS
INTRODUÇÃO:
Lepidoptera (do Grego, lepis , escama e pteron , asa), inclui as borboletas e mariposas, e é considerada hoje a segunda maior ordem dentre os insetos em número de espécies, perfazendo cerca de 16% de todas as espécies de insetos viventes. Seus representantes são insetos holometábolos com quatro estágios de desenvolvimento distintos: ovo, larva (ou lagarta), pupa (ou crisálida) e adulto. Em sua maioria, lagartas de Lepidoptera são herbívoras, se alimentando de material vegetal (folhas, flores, ramos e frutos). Existem poucos levantamentos de lepidópteros utilizando-se atrativo luminoso, ou qualquer outro tipo de armadilha, para a Região Nordeste. A maioria dos trabalhos publicados sobre esta Ordem, referem-se à lepidopterofauna do Sul e do Sudeste do Brasil. De maneira geral a diversidade biológica, é fundamental para manter a sustentabilidade da vida na Terra. Assim sendo, as coletas entomológicas surgem como um meio de se conhecer e de se preservar os insetos. As armadilhas luminosas foram definidas como dispositivos para atração e captura de insetos. A Mata Atlântica é a segunda floresta mais ameaçada do planeta. Para o Estado de Sergipe, não há estudo dos lepidópteros em remanescentes de Mata Atlântica, o que justifica a realização deste trabalho.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Realizar um levantamento preliminar dos lepidópteros coletados com atrativo luminoso no Parque Nacional Serra de Itabaina, Sergipe, Brasil. Bem como; Analisar a riqueza de mariposas e borboletas coletadas com atrativo luminoso em diferentes períodos da noite – de 18:00 às 21:00h; de 21:00 às 24:00h, de 24:00 às 3:00h e das 3:00 às 6:00h e em épocas secas e chuvosas.
MÉTODOS:
O material analisado foi coletado no Parque Nacional Serra de Itabaiana. O método de coleta foi o uso de atrativo luminoso com duas lâmpadas de luz mista de vapor de mercúrio. Os microlepidópteros foram coletados com o auxílio do aspirador entomológico, colocados em frascos mortíferos e transferidos para mantas entomológicas. As mariposas maiores foram coletadas com auxílio da rede entomológica ou puçá, sacrificadas com um injeção letal de acetato de etila entre o tórax e o abdome, e acondicionadas temporariamente em envelopes entomológicos. Posteriormente todos os espécimes foram transportados para o Laboratório de Entomologia da Universidade Federal de Sergipe, montados, secos em estufa e etiquetados. Os microlepidópteros foram alfinetados através de dupla montagem, utilizando-se triângulos entomológicos, ou colados diretamente nos alfinetes, ambos os métodos utilizando-se cola branca comum, ou ainda com o auxílio de mircoalfinetes. Foram realizadas seis coletas mensais, três na estação chuvosa (Maio, Junho e Julho/2011) e três na estação seca (Outubro, Novembro e Dezembro/2011), onde foi comparada a riqueza e abundância de lepidópteros em diferentes períodos da noite: das 18:00-21:00h, 21:00-24:00h, 24:00-03:00h e das 03:00-06:00h
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foi coletado um total de 1.450 lepidópteros, representando cerca de 49,15% dos insetos coletados na estação chuvosa. Foi identificado um total de 20 famílias de lepidópteros. Destes, alguns foram identificados em nível genérico e/ou específico e acredita-se que dentre o material enviado à especialista para identificação haja uma nova espécie de Lonomia sp. (Saturniidae: Hemileucinae: Hemileucini), Foi analisada também a abundância de lepidópteros adultos coletados em diferentes horários da noite e madrugada. O horário em que houve um maior número de lepidópteros coletados foi o de 18:00 às 21:00h. O maior número de lepidópteros coletados ocorreu no mês de Junho (segunda coleta da estação chuvosa). Os resultados indicam que a Mata Atlântica de Sergipe tenha uma lepidopterofauna distinta e ainda pouco conhecida, especialmente em se tratando das demais famílias de Lepidoptera. As seguintes famílias de Lepidoptera foram coletadas: Nymphalidae, geometridae, cossidae, megalopoygidae, thyrididae, hyblaeidae, sesiidae, lymantriidae, hesperiidae, bombycidae, pyralidae, immidae, erebidae, arctiidae, tortricidae, notodontidae, noctuidae, sphingidae, saturniidae e mimallonidae.
CONCLUSÕES:
A partir dos dados obtidos no presente trabalho, pode-se concluir que o Parque Nacional Serra de Itabaiana, embora seja uma região bastante antropizada, possui cerca de 20 famílias de lepidópteros das 139 famílias conhecidas. As análises estatísticas demonstraram não haver diferença significativa na riqueza e abundância das famílias de lepidópteros coletados nas estações seca e chuvosa.Porém notou-se a ocorrência de duas comunidades distintas, uma no período seco e outra no período chuvoso, mas novos estudos são necessários para confirmar essa hipótese. Os dados obtidos permitem um melhor conhecimento da lepidopterofauna do Parque Nacional Serra de Itabaiana, bem como de alguns aspectos ecológicos do grupo, por tratar-se de uma região na qual inventários de lepidópteros são escassos. Portanto, o levantamento de espécies no Parque poderá resultar na descrição de novo(s) táxon(s) para a ciência, além do material identificado em nível específico servir como referência para estudos futuros com lepidópteros em Sergipe.
Palavras-chave: Atrativo luminoso, Coleta noturna, Diversidade.