65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia
QUANTIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE FUNGOS EM MIRANTÃ
Márcia Batista - Acadêmica – Lic. em Ciências Biológicas/ IFAM
Paulicéa Alves - Acadêmica – Lic. em Ciências Biológicas/ IFAM
Lucilene da Silva Paes - Dra/ Orientadora – Lic. em Ciências Biológicas/ IFAM
Juliana Mesquita Vidal Marínez de Lucena - Dra/ Orientadora – Lic. em Ciências Biológicas/ IFAM
INTRODUÇÃO:
A espécie Ptychopetalum olacoides Bentham é conhecida pelos índios como mirantã; é vendida nos mercados e feiras como afrodisíaco, mas também sua casca e raiz são usadas para o tratamento de impotência, distúrbios neuromusculares, reumatismo, resfriado e astenias cardíaca e gastrintestinal. Também são relatadas outras indicações de uso para o tratamento de nevralgias, paralisias parciais, dispepsias, esgotamento, depressão nervosa e como imunoestimulante (Siqueira et al., 1998; Silva et al., 2002). Existem muitas plantas medicinais comercializadas em feiras livres. Entretanto, não há um controle sobre a origem desse material vegetal, nem sobre a qualidade e a segurança para consumo de que não estejam contaminadas por diversos tipos de micro-organismos. Especialmente quando comercializados em forma de pós e farinhas, nada se pode afirmar sobre a procedência e a qualidade do que se está consumindo.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho buscou verificar o grau de contaminação por fungos em uma amostra comercializada sob o nome de Mirantã.
MÉTODOS:
Utilizou-se uma amostra de Mirantã (Ptychopetalum olacoides Bentham) em pó, obtida em uma feira localizada na cidade de Manaus. Foram utilizados 100g da amostra de Mirantã e esta homogeneizada em 500 ml de água destilada estéril. Após a homogeneização realizou-se a diluição seriada até 10-5, posteriormente a amostra já diluída foi inoculada em placas com Ágar Sabouraud-Cloranfenicol, para contagem de bolores totais. As colônias foram isoladas e do microcultivo em ágar Batata-Dextrose para a confecção de lâminas e identificação dos fungos ao nível de gênero por microscopia ótica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A contagem de bolores totais resultou em 7,5 x 105 UFC/ml. Foram observadas colônias de dois tipos, que após o isolamento, microcultivo e análise microscópica resultaram na identificação dos gêneros de fungos filamentosos: Aspergillus sp e Trichoderma sp. A Resolução ANVISA RDC No. 12 de 02 de janeiro de 2001 não estabelece os níveis máximos aceitáveis de contaminação por fungos para alimentos de origem vegetal desidratados, como é o caso do material aqui analisado. Entretanto, a contaminação pelos gêneros encontrados indica a possibilidade da presença de micotoxinas na farinha de Mirantã. O uso da farinha na forma de infusões ou chás não garante a destruição total de esporos nem a inativação das micotoxinas presentes, pelo simples uso de água fervente, constituindo-se em risco à saúde da população. Observa-se com frequência a comercialização de diversas ervas medicinais sem nenhum certificado que garanta sua procedência, a qualidade do processo de obtenção das farinhas, cascas e/ou folhas secas, nem o correto armazenamento e acondicionamento para o consumo humano. A Farmacopéia Brasileira indica a forma correta de obtenção, processamento e controle de qualidade das amostras de plantas medicinais para garantir um risco mínimo à população.
CONCLUSÕES:
Foi detectada a presença de fungos dos gêneros Aspergillus e Trichoderma (105 UFC/ml) em amostras moídas de Mirantã comercializadas na cidade de Manaus. Embora não haja regulamentação que indique a quantidade tolerável de fungos filamentosos presentes neste tipo de produto, indica-se os níveis preocupantes de fungos produtores de micotoxinas em ervas medicinais, cuja finalidade seria seu uso para o tratamento de doenças.
Palavras-chave: Mirantã