65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 3. Enfermagem Médico-Cirúrgica
COMPLICAÇÕES DO BALÃO INTRA-AÓRTICO: ANÁLISE DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM
Isabella Beatriz Barbosa Oliveira - Especialista – Departamento de Enfermagem – UFPE
Milca Valmérica Castro de Oliveira Mesquita - Especialista – Educação Permanente – PROCAPE
Heloisa Helena Ciqueto Peres - Profa. Dra. – Escola de Enfermagem – USP
Claudinalle Farias Queiroz de Souza - Profa. MSc./Orientadora – Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças – UPE
INTRODUÇÃO:
O balão intra-aórtico (BIA) é o dispositivo de suporte hemodinâmico mais comumente utilizado em pacientes cardiopatas com disfunção ventricular esquerda. Apesar dos avanços tecnológicos favorecerem o emprego do BIA com mais segurança, algumas complicações ainda persistem entre os pacientes submetidos a esse procedimento. Dentre estas, destaca-se a isquemia do membro inferior, devido a sua maior incidência, podendo ocorrer também infecção, obstrução vascular, hemorragia, amputação, dentre outras. Os pacientes em uso de BIA necessitam de cuidados de enfermagem intensivos e especializados como todos os pacientes em estado crítico. Além disso, é fundamental que haja um manejo adequado afim de diminuir o risco de complicações e minimizar a morbidade associada à utilização deste dispositivo de assistência circulatória. O reduzido número de pesquisas que abordam os cuidados de enfermagem na prevenção e detecção precoce das complicações associadas ao uso de BIA motivou a realização deste estudo. A inexistência de um protocolo de cuidados na instituição onde as autoras desenvolvem atividades, as impulsionou no sentido de identificar os cuidados de Enfermagem prestados aos pacientes em uso de BIA.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente estudo teve como objetivo analisar os cuidados de Enfermagem na prevenção e detecção precoce de complicações associadas ao uso de BIA.
MÉTODOS:
Tratou-se de um estudo descritivo, transversal, com abordagem quantitativa. A população foi não-probabilística intencional, sendo constituída pelos 34 enfermeiros que atuavam nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) adulto de um hospital referência em cardiologia do norte-nordeste do país localizado na cidade de Recife-PE. A pesquisa teve como critérios de inclusão, ser enfermeiro de UTI adulto e livre concordância em participar do estudo mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os critérios de exclusão foram não se encontrar em atividade no período da pesquisa e recusar-se em participar do estudo. A amostra foi constituída por 29 enfermeiros, pois 1 profissional recusou-se a participar e 4 encontravam-se em licença maternidade ou médica. Os dados foram coletados através da aplicação de um questionário elaborado pelas pesquisadoras, o qual contemplava uma questão objetiva sobre as complicações do BIA e uma subjetiva acerca dos cuidados empregados pelos enfermeiros para prevenção e detecção precoce das mesmas. O instrumento foi validado por 5 enfermeiras, sendo 2 gerentes e 3 assistenciais, dos setores de bloco cirúrgico e hemodinâmica, através da análise do conteúdo e formulação de sugestões.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A baixa média de acertos na identificação das complicações associadas ao uso de BIA demonstra uma deficiência no conhecimento teórico-científico dos enfermeiros. Este saber, por sua vez, é indispensável no sentido de embasar os cuidados de enfermagem a serem empregados. O número de acertos, dentre as 18 complicações verdadeiras e as 8 falsas do questionário, variou de 10 (38,46%) a 20 (76,92%,), sendo a média de acertos igual à 15,62 (60,08%). A isquemia de membro e a infecção foram as complicações mais assinaladas pelos enfermeiros. Considerando que estas estão entre as principais complicações do BIA, tal saber poderia ser oriundo de experiências práticas. Outras complicações, revestidas de elevada gravidade, foram pouco identificadas pelos profissionais. Dentre elas estão a síndrome compartimental, a dissecção aórtica, sangramento sistêmico e paraplegia. A média de complicações associadas com cuidados foi 3,31 (18,39%). Com relação aos cuidados citados pelos enfermeiros, observou-se que estes estão aquém dos padrões ideais. A ausência de padronização da assistência de Enfermagem tornou-se evidente não só através da análise dos tipos cuidados prestados, mas também da falta de regularidade da frequência de aplicação dos mesmos.
CONCLUSÕES:
O estudo evidenciou uma elevada deficiência no conhecimento dos enfermeiros acerca das complicações decorrentes do uso de BIA bem como nos cuidados empregados no sentido de prevení-las e detectá-las precocemente. Demonstrou-se que a assistência de enfermagem ao paciente em uso de BIA requer ampla fundamentação científica, devido ao elevado número de complicações, que muitas vezes são graves, associadas ao emprego deste dispositivo. Neste contexto, é necessário que haja uma melhoria das atividades de atualização e capacitação dos enfermeiros, afim de elevar a qualidade da assistência, ao tornar os cuidados mais associativos e baseados em evidências.
Palavras-chave: Balão Intra-Aórtico, Cuidados de Enfermagem, Terapia Intensiva.