65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social
ESTUDO SOBRE MOBILIDADE GEOGRÁFICA E FORMAÇÃO DE UNIDADES POPULACIONAIS DURANTE A CONQUISTA DA AMÉRICA PORTUGUESA, RIO NEGRO, 1700-1808
Luiza Hooper Moretti - Universidade de Brasília - UnB
INTRODUÇÃO:
A partir de algumas pesquisas no âmbito do Projeto Atlas Digital da América Lusa, surgiu uma inquietação sobre vilas que desapareceram no período abordado (1500-1808), na Amazônia Colonial portuguesa. As dúvidas giravam em torno, principalmente, de como se deu o processo, ou os processos, de abandono de certas localidades. Quais razões foram determinantes para que essas povoações não prosperassem? Quais aspectos influenciaram a formação de tais vilas e depois a migração de sua população? Há aspectos predominantes: economia, espaço físico/natural, administração, forma de urbanização? O Projeto Resgate, um conjunto de documentos oficiais da época colonial, é fundamental para o entendimento de como funcionava a ocupação, administração e consolidação do território português. A partir das informações desta documentação principal e de outras que surgiram com as pesquisas, pretendemos encontrar núcleos populacionais que nos ajudem a entender como se deram a sua formação e, assim, a dinâmica social e de movimentação populacional da região abordada.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objectivo desse trabalho é entender o processo de abandono e despovoamento de vilas criadas na Região Amazônica portuguesa, especificamente a Capitania do Rio Negro, no século XVIII. Buscamos razões determinantes para o não-desenvolvimento de tais localidades e quais aspectos que influenciaram na ida dos moradores para tais locais, e a sua saída.
MÉTODOS:
A metodologia utilizada envolve diversas etapas, nos marcos do Projeto “Atlas Digital da América Lusa”. O caminho percorrido seguiu o que já vinha sendo feito desde o ano anterior, que era: 1. Montar um banco de dados seguindo o mesmo estilo do Atlas, porém com localidades existentes na Região Amazônica, com base no Projecto Resgate e uma lista de 1833 encontrada em um artigo do Poder Judiciário do Amazonas. 2. Levantamento das localidades encontradas/mencionadas e uma pesquisa para montar um breve histórico sobre elas. Após isso, escolhemos e focamos em algumas vilas: Vila Vistosa da Madre de Deus, Vila Nova de Mazagão, Anibá e São José do Javari. Partimos para uma busca e leitura bibliográfica que nos possibilitasse fundamentar ideias e argumentos sobre o tema abordado e os aspectos envolvidos, devido à dificuldade de se encontrar estudos e bibliografia sobre a região e temática específicos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A escolha regional, temporal e de contexto foi satisfatória por apresentar casos de desaparecimento total e arruinamento de vilas. As primeiras vilas que trabalhamos foram Vila Vistosa e Mazagão, e depois de certo tempo pesquisando em fontes e contribuindo cpara o crescimento do Atlas Digital, encontramos Anibá e São José do Javari. As vilas de Mazagão e Vila Vistosa eram muito próximas, servindo de auxílio uma para a outra e para Macapá, porém foram formadas e sobreviveram sob condições muito diferentes; Vila Vistosa tinha construções precárias e era de difícil acesso, Mazagão fora uma cidade-fortaleza portuguesa no Marrocos, que fora transferida para a região, tentando-se manter sua população e vivência. Sobre Anibá e São José do Javari ainda não temos um histórico complexo, porém sabemos que ficavam bem distantes uma da outra e também de Mazagão e Vila Vistosa. São José do Javari localizava-se próximo à fronteira com o Peru, sendo ponto limite da ocupação Portuguesa no Solimões; Anibá estava localizada próximo a actual cidade de Silves. Cada uma dessas vilas (sua construção e/ou abandono) fazia parte de políticas administrativas específicas, que seguiam ordens e modelos colocados pela Coroa, e foram construídas de formas diferentes e com finalidades diferentes.
CONCLUSÕES:
Concluímos que, apesar de políticas mais fechadas e específicas para a ocupação territorial e manutenção de poder pela Coroa Portuguesa na Capitania do Rio Negro, e no Norte como um todo, não há uma estratégia regulada para a formação de núcleos urbanos nem sua manutenção. Há grandes dificuldades naturais, de comunicação, de abastecimentos e também há diferentes necessidades consoantes a população que seria abrigada e o objectivo da ocupação de um ponto ou outro.
Palavras-chave: Formação de cidades, Amazônia Colonial, Movimentação populacional.