65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
INICIAÇÃO Á DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO FÍSICA: VIVÊNCIAS E APRENDIZADOS A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA CULTURAL
Ilka Silva Nonato - Depto. de Educação – UNEB
Glaurea Nádia Borges de Oliveira - Prof.Ms./Orientadora - Depto. de Educação – UNEB
INTRODUÇÃO:
Este trabalho se refere à experiência pedagógica realizada no âmbito do subprojeto “Educação Física Escolar: Construindo Possibilidades Pedagógicas a partir de uma Perspectiva Cultural”, vinculado ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) e desenvolvido pelo curso de Educação Física da Universidade do Estado da Bahia (UNEB)/Campus XII. Ao promover a iniciação à docência, esse subprojeto tem por finalidade a constituição de uma articulação entre a Educação Superior e a Educação Básica, visando inserir o estudante do curso de licenciatura em Educação Física na realidade concreta da prática educativa e da escola pública.
As ações pedagógicas do subprojeto se fundamentam na perspectiva cultural do currículo da Educação Física, proposta por Neira e Nunes (2008, 2009), a partir do campo teórico dos Estudos Culturais e do Multiculturalismo Crítico. Essa perspectiva tem como pressupostos a valorização da diversidade, a legitimação das práticas culturais dos diferentes grupos sociais pela escola e pelo currículo, a investigação dos diversos significados construídos pelas produções culturais ao longo do tempo e o desvelamento das relações de poder inerentes a essas produções.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Relatar e discutir a experiência pedagógica vivenciada nas aulas de Educação Física, com os alunos da EJA, durante o primeiro semestre de realização do subprojeto do PIBID/UNEB/Campus XII.
MÉTODOS:
Trata-se de um relato de experiência pedagógica, vivenciada nas aulas de Educação Física do período noturno de uma escola municipal de Guanambi-Ba, na modalidade de ensino EJA (Educação de Jovens e Adultos), nas 7ª e 8ª séries. O desenvolvimento dessa experiência se deu a partir das seguintes etapas: diagnóstico das representações dos alunos acerca da Educação Física, de modo que os alunos pudessem demonstrar, de forma espontânea e dinâmica, seu entendimento sobre o componente curricular; mapeamento das práticas da cultura corporal presentes na experiência dos alunos, a partir do qual foi selecionado o tema a ser tratado pelo trabalho pedagógico (o funk e o pagode baiano, dois ritmos de dança); planejamento, desenvolvimento e avaliação coletiva da prática educativa. Para o desenvolvimento da proposta, foram utilizados diversos recursos e estratégias, tais como: vídeos, interpretação de letras de músicas, construção de paródias, leitura de textos, produção de cartazes, vivências dos ritmos tematizados, discussões etc. O cotidiano da prática pedagógica foi detalhadamente registrado em uma espécie de “diário de bordo”, a fim de subsidiar as análises e reflexões posteriores.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
No diagnóstico inicial, percebemos que a Educação Física naquele contexto significava “jogar bola”, onde somente os meninos aderiam ao jogo, especificamente o futsal. As meninas ficavam sentadas conversando. A prática pedagógica passou a ser construída, por meio de um processo participativo, a que chamamos de mapeamento – de acordo com os princípios teóricos orientadores do subprojeto –, em que os alunos tiveram voz na seleção do conteúdo a ser estudado, e do propósito de se trabalhar a dança na escola, foram escolhidos os ritmos Funk e Pagode Baiano. Esse processo nos permitiu estabelecer um diálogo com os alunos e conhecer suas vivências com esses ritmos, buscando entender sua realidade sociocultural. Mas, ao vivenciá-las na escola os alunos demonstraram muita resistência. Isso nos provocou alguns questionamentos, quanto á complexa forma que os alunos lidam com as suas próprias experiências culturais e com as representações que constroem sobre elas. Por meio de atividades avaliativas, percebemos avanços quanto à compreensão de algumas questões importantes relacionadas ao tema estudado, mas pudemos observar, o quanto ainda precisa ser feito para que a Educação Física caminhe, na direção de uma prática pedagógica crítica e democrática.
CONCLUSÕES:
O trabalho na escola contribuiu para que os alunos começassem a desconstruir o preconceito e a resistência relacionados a algumas danças, e a enxergá-las a partir de suas experiências culturais, compreendendo-as a partir de seus vínculos com a dimensão social.
A realização do subprojeto na escola, por sua vez, tem sido relevante para a formação dos envolvidos, trazendo consigo momentos enriquecedores de troca de experiências e de construção de conhecimento dentro da equipe, a partir de um contínuo processo de ação-reflexão.
Palavras-chave: Educação Física, Dança, PIBID.