65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 5. Economia Internacional
O NOVO PERFIL DO INVESTIMENTO ESTRANGEIRO DIRETO: ANÁLISE DA SUA INTENSIFICAÇÃO E MUDANÇA NA ECONOMIA BRASILEIRA
Rita de Cássia Vasconcelos Pedrosa - Depto. de Engenharia de Produção, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
Ricardo Schmidt Filho - Prof Dr. /Orientador – Unidade Acadêmica de Economia – UFCG
INTRODUÇÃO:
Nas duas últimas décadas tornaram-se crescentes as discussões sobre os fluxos de investimento direto estrangeiro (IED) na economia brasileira. O IED é um investimento de longo prazo, realizado por empresas multinacionais e transnacionais de capital estrangeiro, na estrutura produtiva do país. Em 2010, o país passou a ser o quinto maior volume de reservas mundiais, fechando o ano com US$ 290,9 bilhões. Entretanto, os aumentos substanciais do IED nos últimos anos não estão se refletindo no desenvolvimento da esfera produtiva brasileira, já que a produção industrial em 2011 cresceu apenas de 0,3%. A partir dos elementos expostos, o propósito do presente trabalho é analisar o novo perfil do IED desagregado pelos setores de atividade econômica e sua intensificação e mudança no Brasil a partir de 1994. Os resultados revelam que o Brasil tem se destacado entre os principais destinos de IED, ficando em 4º lugar no ranking mundial em 2011. Contudo, o IED atualmente não apresenta as mesmas funções das décadas anteriores. Desse modo, os resultados da pesquisa chamam a atenção dos órgãos de fomento, a exemplo do Banco Central, em classificar os capitais ingressos no Brasil, tendo como objetivo, monitorar as aplicações de IED no país.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo da presente pesquisa é mostrar a intensificação do IED no Brasil e o seu novo perfil. Bem como, abordar a importância que o mesmo tem para os setores de atividade econômica e sua concentração a partir de 1994, buscando identificar seus impactos na economia brasileira.
MÉTODOS:
O presente trabalho teve sua origem a partir de discussões no Grupo de Acompanhamento e Análise da Conjuntura Econômica – (GAACE). Para tanto, fez-se uso de uma pesquisa bibliográfica que discute elementos importantes do fez-se uso de uma pesquisa bibliográfica que discute elementos importantes, no que tange à caracterização e comportamento do Investimento Estrangeiro Direto-IED. Além disso, o estudo aborda uma análise descritiva utilizou-se dados secundários disponíveis nos órgãos oficiais do governo, tais como: (BCB- Banco Central do Brasil; IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; IPEA- Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; OCDE- Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) . Destarte, de um modo geral, a pesquisa pode ser caracterizada como qualitativa e quantitativa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A partir das investigações realizadas, constatamos que em 2011 houve uma queda na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), e nesse mesmo período, houve um crescimento na entrada de IED no país. Tendo em vista a FBCF é um indicador importante para medir o quanto às empresas aumentaram de seus bens de capital, ou seja, quantos elas produziram. E sabendo que o IED é um investimento destinado para o setor produtivo, isso implicar dizer, que não que a FBCF não segue no mesmo crescimento dos fluxos de IED (com investimento na área produtiva), uma vez que a produção industrial no Brasil em 2011 cresceu apenas de 0,3%. O que parece é que o IED que o Brasil está recebendo não esta sendo alocado no setor produtivo, gerando assim um descompasso conceitual entre o IED atual e o verificado décadas atrás. Percebe-se ainda que a concentração setorial do IED no Brasil até então destinado para o setor secundário, passa a ser alocado nos setores de serviços a partir da década de 1990, sobretudo após o advento das privatizações. Além disso, o aumento do volume dos fluxos de IED ingressantes na economia brasileira, associado às altas taxas de juros e câmbio flutuante aplicada pelo país poderá causar aumento da vulnerabilidade externa e maior exposição às crises internacionais.
CONCLUSÕES:
O processo de globalização e desregulamentação dos mercados nos anos 1990 transformou o panorama macroeconômico do Brasil ao propiciar aumentos consideráveis da internacionalização de bens e serviços, bem como, a recuperação e crescimento dos fluxos de IED no país. Diferentemente dos investimentos realizados até a década de 1970 que seguia para o setor produtivo do país, o IED a partir de 1994 passou a ser alocado no setor terciário. O Brasil está entre as economias que mais recebem IED, ficando em 2012 na 4ª posição. Entretanto, em 2011, o Brasil apresentou um ínfimo desempenho econômico com seu Produto Interno Bruto (PIB) de 2,7%. De 2000 á 2012, o país teve um PIB de (1,1% e 0,9%), um IED ingressante de (US$ 40,290 b e US$ 101,719 b); respectivamente. Já a FBCF em % do PIB de 2002 á 2012 foi de (16,4 - 20,4). Ao analisarmos os resultados do PIB e da FBCF percebemos que o IED não está tendo as mesmas funções das décadas, ou seja, desenvolver a esfera produtiva do país. O IED nos anos noventa passa a ser um investimento de caráter saneador dos déficits das transações correntes. Desse modo, o presente trabalho chama atenção para os órgãos de fomento brasileiro, para fiscalizar os ingressos de IED, já que ele não é tarifado e está apresentando deformidade conceitual.
Palavras-chave: Investimento Estrangeiro Direto, Mudança, Impactos Econômicos.