65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 6. Liguística
A RELAÇÃO AFIRMATIVA, INTERROGATIVA E EXCLAMATIVA E PADRÃO FORMÂNTICO: O CASO DA VOGAL /a/ - ESTUDO DE CASO
Polliana Teixeira Alves - Lab. de Pesq. e Estudos em Fonética e Fonologia/Univ. Est. do Sudoeste da Bahia
Alcione de Jesus Santos - Lab. de Pesq. e Estudos em Fonética e Fonologia/Univ. Est. do Sudoeste da Bahia
Tássia Coelho - Lab. de Pesq. e Estudos em Fonética e Fonologia/Univ. Est. do Sudoeste da Bahia
Marian Oliveira - Profa. Dra./Co-orientadora – Lab. de Pesq. e Est. em Fonética e Fonologia/DELL/U
Vera Pacheco - Profa. Dra./Orientadora – Lab. de Pesq. e Est. em Fonética e Fonologia/DELL/UESB
INTRODUÇÃO:
Destaca-se a importância do padrão formântico para a caracterização acústico-articulatória das vogais, uma das principais classes dos sons da fala. Dentre as teorias que se dispõem a descrever esse processo de percepção da qualidade das vogais, através da identificação dos seus valores formânticos, está a teoria Fonte Filtro. Tal teoria confirma, portanto, a ideia de que a percepção da qualidade distinguível das vogais pode ser atribuída, em geral, às suas três primeiras frequências. O primeiro formante, F1, está relacionado com o grau de abertura da boca e os valores de F2 e F3 são afetados pelo local de articulação, ou seja, o formante F2 apresenta estreita relação com a anterioridade e posterioridade, enquanto, que os valores do Formante F3 são obtidos, considerando o tamanho da cavidade anterior ou posterior do trato vocal. Diante disso, podemos afirmar a existência de frequências típicas dos formantes das vogais.
Contudo, considerando que tal padrão pode sofrer alterações que, por sua vez, modificam a qualidade da vogal, apresentamos como aspectos principais da linguagem que provocariam mudanças no padrão formântico das vogais, os elementos prosódicos. Estes, por sua vez, se definem por fazer referência a uma gama variada de parâmetros como altura, intensidade, duração, pausa, velocidade de fala, bem como fenômenos como tom, entoação, acento e ritmo das línguas naturais.
No estudo em questão que tem como interesse realizar uma investigação da qualidade das vogais aberta
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho tem como principal objetivo investigar a relação da qualidade acústica da vogal aberta /a/ com aspectos prosódicos. Partindo da análise dessa vogal de palavras inseridas em sentenças interrogativas exclamativas e afirmativas do Português brasileiro, lançamos como hipótese básica uma possível alteração no padrão formântico dessas vogais, motivada pela manifestação da variação melódica
MÉTODOS:
A metodologia aqui utilizada constituiu-se de gravação de sentenças em três configurações prosódicas, frases com sua entoação exclamativa interrogativa e afirmativa. Um primeiro critério para a criação destas frases foi a escolha de palavras que, além de apresentar uma restrição fonética, sendo constituidas das vogal aberta /a/ estivessem posicionadas no final da frase. Procurou-se, além disso, sempre, que as vogais estivessem acompanhadas de consoantes não vozeadas.
Para o estudo foram analisados enunciados de um informante do sexo feminino de nível superior da cidade de Vitória da Conquista. Dessa forma, pensando no objetivo do trabalho, o que é estudo do padrão formântico dessas vogais, utilizamos o Programa Praat que realiza a segmentação de tais sentenças através de gráficos que nos fornecem os valores das frequências que compõem o padrão formântico das vogais em estudo. Utilizou-se também para a concretização deste trabalho, o Audacity, programa usado para realizarmos a gravação das frases.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A análise da integração dos parâmetros acústicos segmentais e variações melódicas é um tópico pouco explorado na literatura. Os resultados aqui encontrados para a vogal /a/, um estudo de caso, mostram que a configuração formântica de uma vogal pode não apresentar alterações significativas nos três padrões melódicos estudados.
Nossos dados mostram que essa vogal quer realizada sob o efeito melódico de uma afirmativa, interrogativa e exclamativa tende a não apresentar diferença significativa em suas médias. Nós encontramos valor de p maior que 0.05, o que significa que para a vogal em questão não alterado seu grau de abertura quando produzida nos contextos melódicos investigados.
Valores de p maiores que 0.05 foram igualmente encontrados para os contrastes de F2 e F3, o que sinaliza que essa vogal realiza-se com valores dos segundo e terceiro formantes sem diferenças significativas nos três padrões melódicos diferentes.
CONCLUSÕES:
Nossos resultados são fortes evidências de que, diferentemente da hipótese aqui levantada, a vogal /a/ não apresenta, para o sujeito aqui estudado, diferenças significativas em seu padrão formântico decorrente do padrão melódico da oração.
Palavras-chave: Padrão Formântico, Exclamativa, Interrogativa.