65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal
CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA DA LÂMINA FOLIAR DE Merostachys sp. (POACEAE: BAMBUSOIDEAE)
Dalva Graciano-Ribeiro - Profa. Dra./Orientadora – Depto. de Botânica - Instituto de Ciências Biológicas-
Ana Fabrícia Alves de Miranda - Graduanda de Ciências Biológicas - UnB
INTRODUÇÃO:
A família Poaceae é uma das maiores família de angiosperma é subdividida em nove subfamílias, entre elas a Bambusoideae que representa os bambus e compreende cerca de 90 gêneros. Esta se diferencia anatomicamente dos seus parentes próximos, as gramíneas, pela presença de células invaginantes e assimétricas, células fusóides e células buliformes no mesofilo. Ela engloba três tribos Olyreae (Bambus herbáceos), Bambuseae (Bambus lignificados) e Arundinareae (bambus lignificados de Clima temperado). A tribo bambuseae abrange 10 subtribos, entre estas a Arthrostylidiineae que tem como sinapomorfias anatômicas a presença de fibras intercostais, papilas refrativas na epiderme e nervura central reduzida. Esta subtribo abriga dois gêneros o Aulonemia e Merostachys. O gênero Merostachys ocorre nas Américas do Sul e Central, sendo o Brasil seu centro de diversidade. Este gênero ainda é pouco conhecido, apresenta muitas espécies endêmicas e estima-se que muitas ainda não foram descritas pela ciência, além disso, há muitas espécies com descrições incompletas. O seu clico floral acontece entre os 25 a 35 anos, o que dificulta a utilização dos ramos férteis para fins taxonômicos. Descrições das estruturas foliar podem ser viáveis para solucionar tal problema.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este estudo tem como objetivo a descrição anatômica da lâmina foliar de Merostachys sp. com o intuito de colaborar com um melhor entendimento dos aspectos estruturais anatômicos deste gênero.
MÉTODOS:
Este trabalho foi realizado com material coletado na fazenda Capim Jasmim que está localizada no km 21 da BR 251, São Sebastião, DF e conservado em álcool 70%. Para a caracterização anatômica foram analisadas secções paradérmicas, obtidas a partir da imersão do material em solução de Franklin e permanência em estufa a 60° C, até o fim do processo, e secções transversais realizadas com a utilização do micrótomo de mesa (R. Jungar Hidelberg 2686) e coradas com azul de alcian e safranina, 4:1. Para as secções paradérmicas foi utilizado o corante azul de alcian com bórax 1%, a montagem das lâminas foi feita em resina sintética e foram observadas em microscópio óptico (Olympus BX-40) para análise descritiva de ambos os casos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Em vista frontal a epiderme exibe zonas costal e intercostal, bem definidas. Na intercostal da face adaxial foram observadas células buliformes, microtricomas bicelulares com células distais cordiforme, numerosos espinhos e ganchos, facilmente encontrados junto às células buliformes. Há células silicificadas altas, estreitas e crenadas na zona costal. Os estômatos estão arranjados entre células longas com paredes sinuosas nas regiões intercostais de ambas as faces. Estão recobertos por 4 papilas simples na face adaxial, onde são mais esparsos, e na abaxial essas papilas são bifurcadas e há 2 tricomas paralelos ao poro estomático. As papilas ocorrem nas células longas e buliformes. Em secção transversal a lâmina adota um formato plano, com ondulações e macrotricomas na epiderme de ambas as faces, nervura principal evidente e células buliformes em formato de leque, mesofilo homogêneo constituído de células invaginantes dispostas em 5 camadas, células fusóides e parênquima incolor, apenas na região da nervura principal, que é do tipo complexa. Sistema vascular composto por feixes de 1a e 3a ordem em formato circular, bainha parenquimática e esclerenquimática, extensão em cordão na face adaxial e na abaxial em calota. Os bordos são distintos, um pontiagudo e outro acuminado.
CONCLUSÕES:
As estruturas visualizadas nesse trabalho estão de acordo com o encontrado na literatura como características distintivas desse grupo, como é o caso da presença de papilas citada como sinapomorfia para a subtribo Arthrostylidiineae que abriga o gênero Merostachys. A caracterização das estruturas supracitadas favorece o estabelecimento de correlações entre espécies, através da presença ou não desses elementos na composição anatômica e, principalmente, a partir da análise do formato apresentado por eles. Ao longo da história dos trabalhos anatômicos descritivos estruturas como os tricomas e papilas se mostraram bem variáveis de espécie para espécie, exibindo assim seu alto potencial taxonômico.
Palavras-chave: anatomia foliar, Merostachys, Bambusoideae.