65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
ADOLESCER A ENFERMAGEM EDUCANDO E PROMOVENDO SAÚDE: POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO DIANTE DA VULNERABILIDADE ÀS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
Iêda Maria Ávila Vargas Dias - Professora Drª. / Colaboradora - Em exercício provisório na UFAM
Zuleyce Maria Lessa Pacheco - Profª. Drª./Orientadora - Depto de Enf. Materno Infantil e Saúde Pública da UFJF
Marli Salvador - Profª. Mestre/Colab. - Depto de Enf. Materno Infantil e Saúde Pública da UFJF
Quenfins Almeida Vieira Bisaggio - Enfermeira da Empresa Help. Pesquisadora colaboradora do Projeto ADOLESCER
Bárbara Vargas de Oliveira - Enfermeira. Resid. Enf. Onc. do INCA. Pesquisador colaborador do Proj. ADOLESCER
Patrícia Rejane de Oliveira Ferreira - Acadêmica de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da UFJF. Relatora do Projeto
INTRODUÇÃO:
A adolescência como uma etapa da vida compreendida entre a infância e a fase adulta, caracterizada por um complexo e amplo processo de crescimento e desenvolvimento. Trata-se de uma fase de vulnerabilidade, de intensas transformações, conflitos e desafios, por isso os comportamentos de risco são freqüentemente encontrados neste grupo. Este projeto teve início a partir do desenvolvimento de uma atividade prática de educação em saúde para adolescentes implementada pela Disciplina de Enfermagem em Saúde da Criança e do Adolescente, tendo como campo uma escola municipal do município de Juiz de Fora. Muitas vezes a adolescência aparece dentro do princípio desenvolvimentista, sendo colocada como uma fase estigmatizada que é rotulada por uma série de atributos psicologizantes e mesmo biologizantes (COIMBRA, 2005) o que impede ainda mais o verdadeiro entendimento dessa fase da vida e nos limita quanto aos trabalhos e atividades a serem desenvolvidas com este público. As pesquisas sobre a iniciação sexual na adolescência são grande foco de interesse dos pesquisadores e gestores de políticas públicas, este fato está relacionado à associação clara existente entre o comportamento na primeira relação sexual e o estabelecimento de padrões comportamentais que podem permanecer por toda vida.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Identificar os saberes dos adolescentes, matriculados em uma escola pública da periferia da cidade de Juiz de Fora, a cerca das Infecções Sexualmente Transmissíveis. Compreender a vulnerabilidade dos adolescentes frente às Infecções Sexualmente Transmissíveis.
MÉTODOS:
É um estudo descritivo de natureza qualitativa. Foram escolhidas as três turmas de 9º ano da escola, com faixa etária compreendida entre 13 e 16 anos. Os grupos contavam com material colorido, cuja finalidade era a de estimular a participação dos jovens, usou-se palavras-estímulo abordando à temática e escolhida aleatoriamente. Contamos com um grupo de dez palavras-estímulo: camisinha, prevenir, ficar, casal, infecção, amor, namoro, transmite, sexo e Doenças Sexualmente Transmissíveis. Os alunos foram instruídos e orientados quanto à dinâmica do método de coleta de dados, bem como a expor a primeira coisa que lhes vinha à cabeça ao ler a palavra-estímulo, feito assim, cada aluno por vez sorteou uma palavra que induziu o seu grupo a associar idéias em uma folha branca, durante toda a atividade os adolescentes escreviam suas observações e eram incitados pelo moderador a falar sobre o que haviam escrito. Logo após os jovens responderam um questionário de cinco perguntas abertas e diretas, que tinha como finalidade compactar as informações colhidas e oportunizar mais um momento onde o jovem podia fazer suas colocações sem ser exposto, além disso, um questionário direto é um instrumento padronizado, tanto no texto das questões como na sua ordem.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Através da leitura minuciosa de todos os materiais produzidos e da escuta das gravações, foi possível identificar a abrangência do conhecimento dos adolescentes sobre as Infecções Sexualmente Transmissíveis e compreender sua visão sobre o tema dentro do contexto de vida deste público, detectando ações que os colocam vulneráveis. A seguir apresentam-se as categorias de análise que surgiram a partir de mergulhos sucessivos nas falas dos adolescentes e que proporcionaram a compreensão do estado de vulnerabilidade em que se encontram. Percebe-se a grande dificuldade com a qual os pais, professores e sociedade lidam com o tema sexualidade na adolescência, o que faz com que os adolescentes tenham dificuldade em encontrar uma fonte segura para esclarecer suas dúvidas. Teoricamente pertencentes à mesma classe social, escola e região da cidade, chamaram-nos atenção a diferença de maturidade entre adolescentes da mesma idade. A maioria dos adolescentes definiu o novo tipo relacionamento fazendo alusão a palavra ”beijar”, porém confessaram que por vezes a relação chega a uma intimidade maior, até mesmo ao sexo. Observamos claramente como as situações vividas no círculo familiar se refletem no comportamento do adolescente na escola, com os amigos, em sociedade e na vida amorosa.
CONCLUSÕES:
A criação de espaços de discussão e compreensão sobre saúde sexual e reprodutiva, auto cuidado e conhecimento do próprio corpo marca a vivência do adolescente escolar, e constitui ação facilitadora das ações de promoção da saúde dos adolescentes. O ideal seria uma parceria entre a escola e a atenção primária que oportunizasse a promoção de espaços abertos nos quais os adolescentes possam expressar-se livremente, participando ativamente do seu processo de amadurecimento, assim como foi de certa forma possível nas atividades do projeto ADOLESCER. Ao abordar os adolescentes buscando uma relação dialógica e próxima do seu linguajar, sem inserir julgamentos ou inferências, mostrando interesse por tudo aquilo que faz parte do seu cotidiano, foi possível identificar que embora tímidos no começo, eles conseguiram expor suas individualidades e falar sobre as mudanças advindas da puberdade. Neste sentido, destaca-se a grande valia das intervenções lúdicas desenvolvidas que facilitaram significativamente a comunicação. Por fim, pode-se aludir que o desenvolvimento da pesquisa trouxe boas contribuições para os adolescentes escolares, pela oportunidade de discutirem assuntos de seu interesse.
Palavras-chave: Adolescência, Desenvolvimento, Sexualidade.