65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 4. Produção Animal
MULTIPLICAÇÃO DE ENXAMES DE MELIPONÍNEOS PARA PRODUTIVIDADE DE MEL E MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA DO CABOCLO, EM ÁREA DE VÁRZEA, NO AMAZONAS
Klilton Barbosa da Costa - Prof. Dr./Consultor em Agronomia (PCTIS/UFAM)
Talita de Melo Lira - Doutoranda do PPSCA−Depto. de Serviço Social (UFAM)
Maria do Perpétuo Socorro Rodrigues Chaves - Profa. Dra.−Depto. de Serviço Social (UFAM)
INTRODUÇÃO:
Melipona Illiger, 1806 representa o gênero com maior número de espécies em toda a Região Neotropical, com maior diversidade na Bacia Amazônica (Silveira et al., 2002). O emprego de técnicas para a criação, manutenção e desenvolvimento de animais, representa uma prática inerente à atividade humana, tendo como ponto de partida o conhecimento da biologia, como informação elementar ao uso de mecanismos que venham a contribuir para o manejo adequado às necessidades da criação (Acereto e Freitas, 2005; Bustamante et al., 2008). Picanço-Júnior et al. (2008) com a jandaíra M. seminigra, observou a velocidade de reprodução da espécie, usando volumes diferentes de caixa-padrão, sendo o volume 1 (6,835L=56) e o volume 2 (5,022L=48) totalizando 104 colônias a mais no Meliponário. A comunidade São Francisco, na Costa da Terra Nova, Careiro da Várzea, apresenta uma diversidade de espécies de abelhas sem ferrão, dentre as quais a M. fulva e a M. interrupta, com potencial melífero. Com o intuito de implantar Meliponários para formação de enxames e produtividade de mel foram conduzidas 15 colônias-matrizes de jandaíra M. seminigra Cockerell, 1919, para serem acompanhadas, ao longo de 11 meses, na comunidade São Francisco, AM.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Implantar Meliponários (locais de criação de abelhas indígenas sem ferrão), garantir a formação de novos enxames, a partir da multiplicação induzida das colônias de abelhas recém-implantadas na localidade, mantidos a partir do uso de alimento-estimulante (xarope (800mL:1K) e pólen (20g)) e selecionar enxames para produtividade de mel a ser empregado na alimentação dos ribeirinhos da comunidade.
MÉTODOS:
A Melipona seminigra merrillae Cockerell, 1919 é uma das espécies de abelhas endêmicas na região de Manaus, com larga distribuição em todo o Estado do Amazonas (Aguilera-Peralta, 1999). É muito produtiva em mel e pólen e de fácil adaptação às condições urbanas (Marialva et al., 2007). A caixa-padrão é alçada (10,143L), quadrada, formada por cinco partes: lixeira, ninho, sobreninho, melgueira e tampa. A multiplicação baseia-se no método “Perturbação Mínima” onde ocorre substituição das alças de uma caixa-padrão cheia, no qual ninho e sobreninho estão com as abelhas e uma caixa-padrão vazia (Oliveira e Kerr, 2000). A alimentação fornecida às abelhas foi o xarope enriquecido (água=800mL, açúcar=1K e 20g de pólen da abelha Apis mellifera Linnaeus, 1758) fornecido três vezes por semana aos meliponíneos. Uma colônia-matriz ou uma colônia-filha foi selecionada, em cada propriedade, para colocação da alça da melgueira para armazenamento de mel. Após este procedimento, a cada 15 dias, se realizaram observações do preenchimento da alça, pelos potes de cerúmen, para acondicionamento de mel ou de pólen. A colheita do mel ocorreu a partir da retirada das melgueiras das colmeias, abertura dos potes e sucção por seringa descartável. Em seguida, quantificado e filtrado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Quinze colônias-matrizes de M. seminigra foram distribuídas, por sorteio, aos comunitários. Ao final do experimento, foram obtidas 27 colônias, assim distribuídas/propriedade: 1 (1=3,7%), 2 (1=3,7%), 3 (4=14,8%), 4 (5=18,5%), 5 (7=26%), 6 (4=14,8%), 7, com duas colônias (2=7,4%), 8 (1=3,7%) e 9 (2=7,4%). Em junho, setembro e novembro ocorreram maior número de multiplicações. A alimentação estimulante representou uma alternativa ao desenvolvimento dos enxames, após o processo de multiplicação. Naturalmente, os enxames buscam o alimento, porém, com a disponibilidade de alimento artificial, há uma rápida resposta no crescimento dos ninhos de abelhas. Segregado as colônias de abelhas para produtividade de mel, foi obtido 5L, distribuídos em três colônias. Na Bahia, estima-se a produção de 1,0 a 10,0 litros/caixa/ano (Carvalho et al., 2003) em espécies de Melipona. Segundo a Associação de Criadores de Abelhas do Amazonas (ACAM), a capacidade de armazenamento é de, até, 600 mL de mel/melgueira. Os dados corroboram com o intervalo de produtividade de mel para M. asilvai, embora espécies diferentes e de regiões distintas, tenham desempenhos diferentes, considerando as características de flora para conhecimento da capacidade produtiva dos meliponíneos.
CONCLUSÕES:
É possível a formação e aumento do número de enxames de abelhas sem ferrão empregando modelo de caixa verticalizada, com volume padrão no manejo, o que garante mais agilidade e segurança no processo de difusão da técnica de multiplicação. A resistência de alguns comunitários foi um dos fatores que inviabilizou a possibilidade do aumento do número de enxames nas propriedades, pois desconsideraram o volume das peças da caixa para a criação da M. seminigra, além da falta de marceneiros para construí-las. O alimento artificial é fundamental para a manutenção dos enxames vivos, com uma população constante de abelhas-operárias, durante, principalmente, o período de chuvas, na região da Costa do Pesqueiro, Careiro da Várzea. A segregação de colônias mais produtivas foi um fator favorável à rápida produtividade dos enxames, pois, a partir da seleção de indivíduos com características desejáveis, aumenta-se a possibilidade da manutenção desta expressão no local da criação destas abelhas. A partir do conhecimento da biologia, genética e manejo correto das espécies de abelhas sem ferrão da Amazônia, será possível estabelecer diretrizes que viabilizem a produtividade de mel, contribuindo com propostas de desenvolvimento sustentável e alternativa de renda aos caboclos ribeirinhos.
Palavras-chave: Região Amazônica, Meliponicultura, Ribeirinhos.