65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
A DINÂMICA DAS RELAÇÕES SOCIAIS DO SURDO NO TRABALHO
Roberta da Silva Gueiros - Discente do Curso de Licenciatura em Pedagogia – UFRPE/ UAG
Andrezza Tavares de Souza - Discente do Curso de Licenciatura em Pedagogia – UFRPE/ UAG
Andréia Ferro Marques - Discente do Curso de Licenciatura em Pedagogia – UFRPE/ UAG
Elynn Conceição Custódio Fonsêca - Discente do Curso de Licenciatura em Pedagogia – UFRPE/ UAG
Maria Claudinéia Gomes da Costa - Discente do Curso de Licenciatura em Pedagogia – UFRPE/ UAG
Nerivânia Rodrigues Maciel - Discente do Curso de Licenciatura em Pedagogia – UFRPE/ UAG
INTRODUÇÃO:
Sabemos que a nossa legislação atual, criou incentivos fiscais para que as empresas invistam na empregabilidade de pessoas com algum tipo de necessidade especial. Neste contexto, como tem se estabelecido a relação do surdo e o mercado de trabalho, como se desenvolvem as interações e comunicação no ambiente de trabalho? Hoje, já podemos considerar que faz parte do nosso cotidiano encontrarmos com surdos em mercados, empresas, lojas e outras organizações comerciárias, contudo a Lei que estabelece a obrigatoriedade e norteia as diretrizes para a inserção do surdo é de no mínimo duas décadas atrás. A lei nº 7.070 (1982) -“Dispõe sobre a pensão especial para deficientes físicos que especifica, e dá outras providências”. Conforme o Artigo 36 – dispõem da obrigatoriedade de contratação: Empresas com mais de 100 empregados são obrigadas a preencher cargos com beneficiários da Previdência Social, reabilitados ou, com pessoa portadora de deficiência habilitada, na seguinte proporção: 100 até 200 empregados – 2%, de 201 a 500 - 3%, de 501 a 1000 - 4%, mais de 1000 - 5%. A partir disto, pretende-se analisar como se dá a socialização do surdo em uma empresa da cidade de Garanhuns, quais suas funções e quais os benefícios trazidos pelo surdo na empresa.
OBJETIVO DO TRABALHO:
A pesquisa tem como objetivo principal, analisar como o surdo é inserido no campo de trabalho em empresas de grande porte da cidade de Garanhuns. Como objetivos específicos pretende averiguar qual o papel desenvolvido pelo surdo no campo de trabalho.
MÉTODOS:
O presente trabalho consiste em uma pesquisa para averiguar como tem sido a relação do surdo com o mercado de trabalho. Para efetivarmos nossa pesquisa, procuramos um estabelecimento comercial do município de Garanhuns. Os nossos pesquisados foram um surdo e um ouvinte que trabalhava diretamente com o surdo – planejamos em fazer com o responsável pela supervisão dos surdos na empresa, mas não foi possível, pois o mesmo estava viajando. Sendo assim realizamos com um funcionário. Utilizamos como instrumentos uma entrevista e um questionário. A entrevista foi realizada de forma escrita, uma vez que o trabalhador surdo sabe a língua portuguesa, e em LIBRAS, para momentos que não houvesse compreensão do que foi questionado. O questionário foi realizado com um ouvinte que trabalha no mesmo setor do surdo, para que pudesse haver uma comparação dos dados obtidos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Diante dos dados obtidos vimos que o surdo entrevistado desenvolve a função de auxiliar de caixa e sua comunicação é através de gestos. O pesquisado ouvinte não aponta melhorias ou perdas com a inserção do surdo na empresa. Observamos também que, as áreas de trabalhado destinadas às pessoas surdas dentro das empresas geralmente são áreas que não exigem tanto, como zelador, empacotador ou repositor de mercadorias, serviços gerais. Apesar de todas as leis e programas existentes, a integração entre a cultura ouvinte e surda, entre coordenador e coordenado dentro das empresas, ainda não é bem desenvolvida, não o suficiente para suprir a necessidade de inserção ao mercado de trabalho. Segundo Pimenta (2001) a surdez deve ser reconhecida como apenas mais um aspecto das infinitas possibilidades da diversidade humana, pois ser surdo não é melhor ou pior do que ser ouvinte é apenas diferente. Se considerarmos que surdos não são “ouvintes com defeito”, mas, pessoas diferentes, e estaremos aptos a entender que a diferença física entre pessoas surda e pessoas ouvintes gera uma visão diferente de mundo, um “jeito ouvinte de ser” e um “jeito surdo de ser” que nos permite falar em uma cultura da visão e outra da audição.
CONCLUSÕES:
A partir do que foi analisado, pode-se concluir que a inclusão de surdos no trabalho se dá não somente por conta da lei que garante um percentual de trabalhadores com deficiência nas empresas, mas também porque as empresas recebem um desconto nos impostos pela quantidade de deficientes que estão empregados. Esta intencionalidade da inclusão do surdo no trabalho mostra o descaso da sociedade, uma vez que os surdos ocupam cargos de pouco contato social, os cargos menores das empresas. Outro aspecto a ser levado em consideração é o fato de, a interação do surdo com os trabalhadores ouvintes é que, por não haver iniciativa da empresa em promover uma especialização em LIBRAS, os mesmos não se interessam em aprender, isso faz com que o surdo tenha que se adaptar ao ambiente dos ouvintes, onde a comunicação se dá por bilhetes, leitura labial, e mímica. Assim, um dos principais entraves é a falta de formação de profissionais para que se possa ampliar a inserção da Comunidade Surda no mercado de trabalho. Ainda há muitos desafios a serem enfrentados pelos profissionais da comunidade surda no mercado de trabalho.
Palavras-chave: Libras, Mercado de Trabalho, Trabalhador Surdo.