65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
Análise textural do paleocanal do Rio Jaguaribe-ce
Antonio Rodrigues Ximenes Neto - Dpto. de ciências e tecnologias-UECE
Luciano Filho de Sousa Paula - Programa de pós-graduação em geografia-UECE
Jáder Onofre de Moraes - Prof. Dr/orientador-Depto. de ciências e tecnologias-UECE
INTRODUÇÃO:
Os paleocanais são importantes estruturas geomorfológicas que permitem o entendimento dos sistemas de drenagens pretéritos. A análise de seus depósitos fornece subsídios para estudos da paleogeografia. Já a análise textural (classificação de FOLK (1954) e classificação pela média.) é um indicativo da proveniência dos sedimentos desse ambiente, lembrando que esses locais foram aterrados com o tempo, e nos últimos milhares de anos esse paleocanal sofreu com o avanço e o recuo do mar.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O trabalho teve por objetivo analisar as características texturais dos sedimentos de fundo do paleocanal do rio Jaguaribe, a partir das coletas no referido canal a aproximadamente quarenta quilômetros da desembocadura atual do rio, com o emprego de técnicas geofísicas (sub-botton, side scan sonar, rov).
MÉTODOS:
Essa pesquisa foi dividida em duas etapas. Na primeira, realizada em campo, foram aplicadas as técnicas geofísicas citadas, juntamente com a coleta de nove pontos amostrais, enquanto que na segunda etapa houve a análise em laboratório, através do tratamento granulométrico das amostras, a confecção de mapas temáticos de localização, de classificação e tabelas. Foram empregadas duas classificações para a análise textural dos sedimentos: Classificação textural de Folk (1954) e classificação pela média, completando a primeira classificação utilizou-se de três parâmetros: curtose, assimetria e seleção. Além da análise de teor de carbonato e matéria orgânica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A partir das análises laboratoriais, pode-se verificar as características de textura das nove amostras coletadas do paleocanal do rio Jaguaribe. O sedimento predominante nessa feição geomorfológica tanto na classificação de FOLK (1954) como pela média, foi de natureza grosseira. Já em relação aos parâmetros (curtose, assimetria e seleção) observou-se que na curtose houve o predomínio de partículas com um bom grau de arredondamento (platicúrticas),mostrando que a angularidade vai refletir a distância e o rigor de transporte, as partículas maiores são mais arredondadas que os grãos menores. Na assimetria houve o predomínio de amostras com assimetria muito positiva, esse parâmetro é utilizado na identificação de ambientes em que predomina a remoção seletiva (assimetria negativa) e deposição (assimetria positiva), a partir disso chega à conclusão que esse ambiente tem predomínio de áreas de deposição. Já em relação à seleção as amostras que prevalecem são pobremente selecionadas, ou seja,sedimentos grosseiros, relacionados a um menor transporte. A análise do carbonato de cálcio mostrou que as partículas desse ambiente eram de maioria carbonáticas (68%) em média. Já em relação à matéria orgânica, verificou-se um teor muito baixo, com a média de um pouco mais de dois por cento.
CONCLUSÕES:
Esse ambiente que sofreu grandes mudanças durante o Pleistoceno, como movimentos eustáticos, mostrou, a partir das amostras coletadas, que os detritos dessa área eram de origem grosseira, particularmente carbonáticos com predomínio de regiões deposicionais e pobre em matéria orgânica. A utilização das práticas geofísicas foi essencial para a realização desse estudo, o que mostra a importância desse mecanismo na identificação de paleoambientes.
Palavras-chave: Paleocanal, geofísica, Rio Jaguaribe.