65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS AO USO DE ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDES POR CLIENTES DE FARMÁCIAS COMERCIAIS DE SÃO LUÍS-MA
Flávia Helena Cabral Silva - Curso de Enfermagem, Faculdade do Maranhão, São Luís/MA.
Rômulo Cesar Rezzo Pires - Curso de Enfermagem, Faculdade do Maranhão, São Luís/MA.
Eliane dos Santos Costa - Curso de Enfermagem, Faculdade do Maranhão, São Luís/MA.
Henilda Ferro Castro - Faculdade do Maranhão, São Luís/MA.
INTRODUÇÃO:
Os antiinflamatórios não-esteroides (AINE) são um grupo variado de fármacos que têm em comum propriedades analgésicas e antiinflamtórias. No Brasil, estudos específicos sobre a utilização destes fármacos, bem como sobre fatores relacionados a seu uso são raros ou inexistentes, embora o conhecimento destas questões seja imprescindível para o emprego terapêutico adequado desta classe. O consumo de antiinflamatórios no Brasil tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, sendo que só no ano de 2010 foram gastos 1,5 bilhão na compra deste tipo de medicamento. Os motivos que levam os clientes de farmácias a adotarem este comportamento são basicamente dois. O primeiro é a crença de que os antiinflamatórios possuem atividade microbicida e o segundo, mais relacionado a aspectos econômicos, é o fato de que os antibióticos representavam em torno de 20% a 30% do faturamento das farmácias e drogarias e a partir da edição da RDC 44/2010, passaram a ter uma restrição maior para a venda, sendo esta receita coberta pelos antiinflamatórios. O consumo indiscriminado de AINE é um fenômeno preocupante, pois segundo o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, os medicamentos, desde 1999, são as principais causas de intoxicação e óbitos registrados no Brasil, sendo que os AINE estão na composição da maioria das drogas causadoras de intoxicação, tais como os antigripais. Desse modo, o uso indiscriminado de AINE pode configurar um sério problema de saúde pública.
OBJETIVO DO TRABALHO:
estimar a prevalência de consumo de AINE, bem como sua associação com fatores sociodemográficos e estilos de vida, entre clientes de farmácias comerciais de São Luís (MA).
MÉTODOS:
Estudo de corte transversal com 236 indivíduos selecionados de forma sistemática para aquisição de medicamentos que responderam questionário estruturado sobre uso de medicamentos. A coleta de dados aconteceu em todos os turnos e dias da semana. A variável dependente foi o uso de antiinflamatório não-esteróide. Foram considerados usuários os indivíduos que fizeram uso de, no mínimo, um produto contendo um fármaco dessa classe terapêutica, ou de uma associação medicamentosa contendo AINE. Os fármacos paracetamol, dipirona e ácido acetilsalicílico não foram considerados AINE neste estudo. Esta exclusão foi feita uma vez que os dois primeiros ação antiinflamatória baixa e o terceiro foi excluído por que a informação sobre a dosagem não estava disponível. Foram consideradas variáveis independentes dados sociodemográficos e estilos de vida. As prevalências de consumo e de automedicação por AINE foram calculadas por estimação para proporção com intervalo de confiança de 95%. Foram estimados os Odds Ratio (OR) pela regressão logística simples e o teste de hipótese para avaliar a significância de cada variável no modelo foi o teste de razão de verossimilhança com nível de significância de 5%. Todas as análises estatísticas foram realizadas no programa Bioestat 5.0.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A prevalência do uso de AINE foi de 48,31%, sendo que a maior parte dos consumidores neste grupo era do sexo feminino (59,65%), com idade menor ou igual a 30 anos (57,89%), menos de 8 anos de escolaridade (80,70%), renda inferior a 1.240 reais (52,63%), com companheiro (63,16%) e não-brancos (52,63%). Neste estudo, a prevalência do uso de AINE foi elevada, especialmente quando comparada àquela encontrada entre a população de funcionários de uma Universidade no Rio de Janeiro (7%). Em outro estudo de 2005, alguns autores encontraram uma prevalência de 34,1% em pacientes submetidos à endoscopia digestiva. Houve associação significativa entre o uso de AINE e o sexo feminino (OR=1,24), ausência de companheiro (OR=1,15), hábito tabagista (OR=1,47), prática de atividade física (OR=1,25) e presença de morbidade (OR=3,28). A prevalência de automedicação foi 92,11%, sendo que os medicamentos mais utilizados nesta categoria foram Nimesulida e Diclofenaco. A Nimesulida é um fármaco com efeito antiinflamatório, antipirético e analgésico. Um estudo realizado em Portugal mostrou que Nimesulida foi consumida por 90,0% dos usuários de farmácias na cidade do Porto, sendo que a Nimesulida encontra-se entre os fármacos mais usados na Europa.
CONCLUSÕES:
A elevada prevalência do consumo de AINE, bem como sua alta taxa de consumo por automedicação revelaram uma realidade preocupante, uma vez que o uso freqüente desta classe de medicamentos aumenta a exposição da população aos riscos eminentes provenientes do uso irracional/indiscriminado desta classe farmacêutica.
Palavras-chave: Antiinflamatório não-esteróide, Automedicação, Prevalência.