65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
A CURIOSIDADE CIENTÍFICA DAS CRIANÇAS DESENVOLVIDA POR MEIO DA TEORIA DA FORMAÇÃO DAS AÇÕES MENTAIS POR ETAPAS DE GALPERIN: A CONSTRUÇÃO DE NOVAS PRÁTICAS DE ENSINO DE CIÊNCIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL.
Andracy Ferreira de Lima - Graduanda em Pedagogia / CE- UFPE
Denize Shirlei da Silva - Graduanda em Pedagogia / CE- UFPE
Fabiane de Lima - Graduanda em Pedagogia / CE- UFPE
Gigriola Karla da Silva - Graduanda em Pedagogia / CE- UFPE
Sérgia Andréa Pereira de Oliveira - Graduanda em Pedagogia / CE- UFPE
Petronildo Bezerra da Silva - Prof. Dr.Orientador – Depto. de Métodos e Técnicas de Ensino / CE – UFPE
INTRODUÇÃO:
Diante dos desafios contemporâneos da educação é importante proporcionar aos estudantes de pedagogia a possibilidades de aprender novas formas de ensinar os conceitos científicos, de modo que as praticas docentes possam ser mais efetivas e teoricamente fundamentadas. Isto constitui um caminho para a superação das visões simplistas e de base empírica sobre a prática docente. Investigou-se na prática docente dos estudantes de pedagogia da UFPE, através do PIBID, a possibilidade de trabalhar a curiosidade científica dos estudantes por meio da Teoria da Formação das Ações Mentais por Etapas de Galperin (GALPERIN, 1989b). Considera-se que a curiosidade cientifica dos estudantes é dotada de um valor epistemológico que traduz a visão de mundo da criança e por essa razão é socialmente construída (FREIRE, 1996). Assim, a curiosidade constitui-se num valor social e dessa forma é importante para a aprendizagem cientifica. Além disso, essa conjugação entre os conteúdos de ensino (curiosidades dos estudantes) e teoria e método de ensino (Teoria de Galperin) se constrói e se efetiva na sala de aula, possibilitando novas reflexões acerca da prática docente.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Desenvolver intervenções pedagógicas na escola para o ensino de conceitos científicos a partir das curiosidades dos alunos tratada por meio da Teoria de Galperin; Avaliar a prática docente desenvolvida; Avaliar a aprendizagem dos estudantes.
MÉTODOS:
Todo o processo de ensino segundo Galperin (1989b) centra-se na ação orientada para as características essenciais do objeto de estudo. Assim, para os conceitos a serem ensinados, conjuga-se dialeticamente uma ação. Esse processo foi desenvolvido nesta investigação através das seguintes etapas: motivação (explicitação das curiosidades cientificas inseridas no contexto de ensino), orientação (fornecer para os alunos todas as informações necessárias para a execução correta da ação), ação material (os conceitos presentes na curiosidade dos alunos são representadas através de objetos reais), ação verbal externa (uso da linguagem cientifica para discutir os conceitos) e ação verbal interna (internalização dos conceitos) e o controle das ações executadas pelos alunos. Foram realizadas 25 intervenções de julho a dezembro de 2012, com uma turma de 5o ano da Escola João XXIII, no Recife. Cada intervenção teve a duração de quatro horas, uma vez por semana, totalizando uma carga horária de 100 horas. Para a elaboração e avaliação das intervenções eram destinadas oito horas semanais. A curiosidade cientifica dos alunos, emergiram das seguintes temáticas: O ciclo da água’, Tratamento da água, Tratamento de esgoto, Doenças de veiculação hídrica e Plantas: estruturas e funções.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As curiosidades dos alunos suscitadas a partir das temáticas propostas neste estudo, em sua grande maioria, tiveram um valor epistemológico significativo, ou seja, não tinha um caráter generalista, versava sobre aspectos específicos e relevantes do conhecimento científico e movia os alunos à execução das ações, o que permitia trabalhá-las conforme as etapas de Galperin. Por outro lado, um aspecto relativo à curiosidade científica não foi evidenciado: a prevalência e manutenção de um estado curioso dos estudantes poderiam ter sido verificadas, caso os estudantes buscassem aprofundar as suas curiosidades. Podemos dizer que as curiosidades nunca desapareceram, mas também não foram aprofundadas pelos estudantes no que diz respeito à sua formulação.
A etapa mais importante do processo de ensino, que é a etapa material, de fato possibilitou aos alunos analisar os conceitos de forma mais próxima à realidade, o que faz superar erros conceituais no que diz respeito à representação do fenômeno em estudo.
Sendo o foco do trabalho pedagógico a construção de ações com os conceitos científicos é possível ainda constatar que dificuldades na linguagem oral ou escrita, verificada em alguns alunos, não se tornou fator impeditivo para a realização correta de algumas das ações relativas aos conceitos trabalhados, o que pode indicar novos caminhos de aprendizagem para alunos ainda não alfabetizados.
CONCLUSÕES:
As novas reflexões a cerca da prática docente realizada na escola João XXIII por meio do PIBID/Pedagogia/UFPE, permite a formação de uma experiência docente sensível à curiosidade dos alunos, ou seja, não ignora a sua existência e nem tão pouco a desenvolve sem um referencial teórico condizente à sua natureza social. Desse modo, a prática desenvolvida revela-se significativa, pois supera práticas simplistas e empíricas, carentes de fundamentação teórica e metodológica, efetivando uma mudança nos processos de ensino e aprendizagem e na formação inicial de professores para o Ensino Básico. Além disso, supera também uma prática engessada na inatividade da rotina de sala de aula e na sua forma de conceber a educação, tendo em vista que é na ação com o objeto de estudo que a formação conceitual se desenvolve. A aprendizagem dos alunos revelou-se mais argumentativa com relação aos conceitos científicos. Entretanto, mesmo considerando as potencialidades e as possibilidades reais de uso desta prática docente, ficou também evidente o desafio de superar práticas educativas enraizadas no cotidiano escolar que obviamente refletiu nos nossos resultados.
Palavras-chave: Ensino de ciências, Prática docente, Aprendizagem conceitual.