65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 2. Biologia Geral - 3. Biologia Geral
ESTRUTURA POPULACIONAL DO Chaceon gordonae, INGLE, 1985 (DECAPODA: CRUSTACEA: GERYONIDAE) NO ARQUIPÉLAGO DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO.
Rômulo Costa Pires Ferreira - Depto. de Pesca e Aquicultura - UFRPE
Alessandra Maria Advincula Pires - Depto. de Pesca e Aquicultura – UFRPE
Diogo Martins Nunes - Prof. Msc. /Co-orientador - Depto. de Pesca e Aquicultura – UFRPE/UAST
Fábio Hissa Vieira Hazin - Prof. Dr./ Orientador - Depto. de Pesca e Aquicultura - UFRPE
INTRODUÇÃO:
Com o desenvolvimento de tecnologias para prospecção do mar profundo, pesquisas têm revelado elevados índices de biodiversidade em profundidades superiores a 100 m (Perez, 2009), destacando-se, entre os crustáceos, os caranguejos do gênero Chaceon. No Nordeste do Brasil, a primeira descrição de caranguejos desse gênero foi feita por Sankarankutty et al. (2001), durante o programa REVIZEE (Recursos Vivos da Zona Econômica Exclusiva). Até hoje, porém, muito pouco tem sido estudado acerca dos crustáceos de águas profundas no Atlântico Oeste Equatorial. No intuito de contribuir para a superação dessa lacuna, o presente trabalho pretendeu aportar informações básicas sobre o caranguejo africano, Chaceon gordonae, (Ingle, 1985), cuja ocorrência foi detectada a partir de prospecções em águas profundas realizadas no Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP). Distante cerca de 510 mn (milhas náuticas) da costa brasileira, o ASPSP é formado por 15 pequenas ilhas rochosas que emergem de profundidades de até 4.000 m. (CAMPOS et al., 2005). A expectativa, portanto, é de que o desenvolvimento do presente estudo, focado na ocorrência e biologia do caranguejo africano no ASPSP, possa contribuir para uma melhor compreensão acerca da zoogeografia e história de vida dos caranguejos de profundidade, particularmente em regiões insulares.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo do presente estudo é determinar a estrutura do estoque do caranguejo africano no Arquipélago de São Pedro e São Paulo, analisando a proporção sexual e a distribuição dos dados de comprimento por sexo e faixa de profundidade, a fim de se obter um melhor entendimento acerca da sua ecologia nesse ecossistema insular.
MÉTODOS:
As amostras foram obtidas durante quatro campanhas exploratórias, entre janeiro de 2012 a março de 2013, realizadas por pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco, integrantes do programa ProArquipélago (SECIRM/CNPq). Foram utilizadas armadilhas do tipo covo confeccionadas em três diferentes formatos, uma cônica-redonda (1,00 x 0,60 m) e duas retangulares com diferentes tamanhos, sendo a maior com dimensões de 2,0 x 0,90 x 0,90 m, e a menor com 2,0 x 0,60 x 0,60 m. As armadilhas atuaram em profundidades que variaram entre 200 e 1.000 m. Os espécimes de C. gordonae amostrados foram separados por sexo, realizando-se, em seguida, as medidas de largura da carapaça (LC), que é a distância compreendida entre as pontas do quinto dente anterolateral da carapaça, com o auxílio de um paquímetro. Com base nesses dados, foram construídas a distribuição de frequência de largura da carapaça, com 5 mm de intervalo, calculando-se, também, o tamanho médio e a variância por sexo. A distribuição batimétrica da espécie no ASPSP foi também avaliada com base na frequência de capturas por faixa de profundidade. As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o software R Statistics, versão 2.14.1.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Durante o desenvolvimento desta pesquisa, 320 indivíduos de C. gordonae foram capturados no ASPSP, dos quais 54.7% (175) eram machos e 45.3% (145) eram fêmeas, resultando em uma proporção sexual próxima de 1:1 (1,2:1), resultado que diverge do encontrado por Guerrero & Arana (2009) para Chaceon chilensis capturado no Arquipélago de Juan Fernández, no Chile, onde 97.9% dos indivíduos amostrados eram machos. Carvalho et al., 2009, no entanto, analisando as capturas do Chaceon fenneri na costa norte do Estado do Ceará, encontrou uma proporção sexual equivalente ao encontrado no ASPSP. A distribuição de comprimento para machos tende a ser bimodal, enquanto que para as fêmeas esta estrutura é relativamente uniforme. As fêmeas do C. gordonae apresentaram uma maior amplitude de comprimento (61.5 a 174 mm de largura da carapaça), com média de 128.9 mm, enquanto os machos variaram entre 89.4 ate 173 mm LC, com uma média, porém, maior (142.1 mm). As capturas ocorreram em todos os estratos de profundidade, apresentando, contudo, um aumento a partir dos 500 m, até atingir os maiores valores entre 700 e 800 m, de forma semelhante ao descrito por diversos autores (Pezzuto et al., 2002).
CONCLUSÕES:
O Chaceon gordonae capturado no Arquipélago de São Pedro e São Paulo com o uso de armadilhas do tipo covo apresentaram uma proporção sexual equivalente entre machos e fêmeas, com os machos possuindo um maior comprimento médio, mas uma menor amplitude. As capturas foram mais abundantes em águas profundas (>500m).
Palavras-chave: Arthropoda, Distribuição, Proporção sexual.